terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O Plebiscito Constitucional de 1933

“Embora o povo não esteja, na sua grande maioria, apto para votar em perfeita consciência o texto completo da Constituição, o seu voto tem um significado político que não é lícito desprezar: é um voto de confiança nos dirigentes.”
Afirmava o Ministro das Finanças, Oliveira Salazar, na Sessão de 5 de Maio de 1932 do Conselho Político Nacional, sobre a decisão de submeter a plebiscito a Constituição de 1933
O Decreto n.º 22 229 de 21 de Fevereiro de 1933, torna obrigatória a participação dos eleitores chefes de família inscritos no recenseamento político de 1932, tendo como consequência que, sendo o sufrágio obrigatório, as abstenções contavam como votos a favor. Embora se suspeite de fraude e coacção generalizada, foram contabilizados 719 364 votos a favor, 5 995 contra e 487 364 abstenções (veja-se sobre a matéria, Jorge Miranda, Manual de Direito Constitucional, volume I. Coimbra : Coimbra Editora, 1981.
Ao propor que a Constituição fosse plebiscitada Salazar reconhecia a necessidade de dar ao mundo a noção, mesmo que aparente, de que o Estado Novo tinha a legitimidade indispensável.
O artifício legal de tornar o voto obrigatório e considerar-se através dele a abstenção como uma atitude de aprovação, passaria despercebido aos olhos dos analistas da época e também do povo português.
Pode assim dizer-se que o voto obrigatório foi o principal instrumento teórico, pensado por Salazar como forma de garantir a consolidação do seu regime, o Estado Novo.
Os resultados, talvez até o tenham surpreendido, dado que a abstenção, mesmo que somada aos votos contra, não suscitariam a questão da ilegitimidade, uma vez que não ultrapassaram os 50%. A confirmação foi assim total e o próprio artifício político do voto obrigatório tinha sido dispensado, perante o resultado alcançado.
Salazar confirmava-se assim, como o líder incontestado da nova Republica.
A questão da legitimidade do regime só se veio de novo a colocar, como grande preocupação de Salazar, com as eleições presidenciais de 1958.
Agora a abstenção, não poderia ser favorável à luz de nenhum critério, a nenhum dos candidatos.
Humberto Delgado, ao assumir-se como candidato credível de oposição, colocava este grande problema de novo a Salazar. Haveria que gerir com muita minúcia a dupla questão…
- A eleição em si, em que Américo Tomaz teria de ser eleito, mesmo à custa dos votos de quem não tinha ido votar.
- A adulteração eleitoral, teria de obedecer a um critério que levasse a uma vitória inquestionável do candidato do regime, mas que simultaneamente eliminasse o perigo da abstenção ultrapassar os 50%.
Os resultados eleitorais demonstram o elevado profissionalismo, como foi cumprida a exigência de Salazar.
758.998 votos em Américo Tomaz; 232.528 votos em Humberto Delgado, foi o registo oficial dessas eleições. Não foi nunca publicado o registo das abstenções, que atingiram os 48,8%.
A vitória do candidato oficial com cerca de 75% dos votos, tinha sido esmagadora…mas o número de votos de abstencionistas que lhe foram adicionados não escondia, que se tal não tivesse sido feito, a abstenção teria ultrapassado os 50% e Salazar teria de enfrentar interna e sobretudo externamente, a questão da ilegitimação dessa eleição.
Por este risco, não quis nunca mais Salazar passar.
A 29de Agosto de 1959 e por decreto, era alterado o regime de eleição do Presidente da Republica…passaria a ser eleito por um Colégio Eleitoral restrito de 602 membros.
Salazar não mais voltaria a temer a Abstenção…essa terrível arma de expressão politica das democracias respeitadoras da liberdade individual…porque pura e simplesmente deixou de haver sufrágio universal, que apesar de muito restrito e selectivo, mesmo com um controlo quase total sobre a propaganda, lhe tinha provocado um enorme susto.
José J. Lima Monteiro Andrade

sábado, 18 de dezembro de 2010

Um debate deprimente… Cavaco Silva – Fernando Nobre

Esforçam-se os candidatos para tentar mobilizar os portugueses para umas eleições presidenciais, num momento de exponencial descontentamento e descrédito pela política.
Nenhuma dos candidatos tem a convicção ou o perfil mobilizador.
O debate de ontem foi deprimente.
Falaram os candidatos apenas da governação e de uma forma lamentável.
Ficamos esclarecidos que pelo menos estes dois candidatos, não têm como prioridade nenhuma estratégia de afirmação de futuro para Portugal e apenas estão fixos nas questões que o imediatismo governamental, lhes sugerem.
Triste amostra da mediocridade política, que nos oferecem como escolha.
Cavaco justifica-se do ataque de Nobre… eu confesso que muito me empenhei para a aprovação do Orçamento de Estado…que não conheço, que nunca disse que aprovava, mas que vou estudar… mas seria o descalabro se não tivéssemos um Orçamento…uma vez que só poderíamos ter novo Governo daqui a seis meses (por motivos Constitucionais decorrentes das Eleições presidenciais)… não poderíamos ter um simples Governo de gestão durante tanto tempo e numa situação critica.
Nobre, o tal que se afirma exterior ao sistema, é incapaz de perceber o argumento que Cavaco lhe oferece e prefere a afirmação de crítica ao Orçamento.
Nobre, não foi capaz de se afirmar politicamente, ou não teve convicção ou coragem suficiente, refugiou-se na crítica fácil ao Governo e ao seu instrumento, o Orçamento.
O argumento de Cavaco representa duas questões essenciais…uma que é uma questão de Estado ou de limitação Constitucional (não poder haver eleições) e outra que é uma interpretação incorrecta das funções do Presidente da Republica (deu posse e sustentou um Governo minoritário)… Nobre, fugiu a qualquer delas.
Inépcia ou disfarce?
Mas o mais estranho é que Nobre foi incapaz de colocar a questão, que para todos nós é uma evidência… acredita o sr. Presidente que as medidas avulsas que nos têm sido trazidas de Bruxelas, pelos sucessivos PECs, através deste Governo que suporta, que não é mais do que um governo de gestão.
Se sim, ficaríamos esclarecidos, sobre toda dependência de Cavaco Silva…se não, o que pretende fazer o futuro Presidente da Republica?
Nenhum dos candidatos se quis comprometer…lamentável, deprimente.
Nenhum será nunca líder, muito menos, a liderança que carecemos.
José J. Lima Monteiro Andrade,

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Retratos de Portugal (5): Guilhermina uma mulher portuguesa.

Guilhermina, vive na mesma casa térrea para onde foi no dia em que se casou. Na sua Aldeia natal, em Portugal. Tem hoje setenta e oito anos, teve um filho e uma filha, que lhe deram três netos. Recebeu agora a notícia, que está para nascer o seu quarto bisneto.
Vive sozinha, na sua pequena casa, pois seus familiares próximos, estão todos lá para a capital. Já muito raramente os vê, já muito raras são as notícias que deles tem… passaram três anos desde a última visita de sua filha. Foi quando conheceu o seu bisneto mais velho, pois aos outros, mais novos, nunca teve a oportunidade de lhes poder dar um beijo. De seu filho, mata as enormes saudades, beijando todos os dias, antes de deitar e ao levantar, uma fotografia tirada no dia do seu casamento, colocada perto de uma jarra de flores, que matem sempre viçosas.
Guilhermina, vive de uma pequena reforma, pois trabalhou durante largos anos, como empregada doméstica de uma família de proprietários agricultores, lá da sua terra. Também tem um complemento de subsídio de viuvez, desde a morte do seu Manuel, já lá vão dez anos.
Manuel e Guilhermina, trabalharam arduamente toda a vida, para dar um futuro melhor a seus dois filhos. Fizeram-no com muitos sacrifícios, mas com muito gosto e orgulho. As suas poupanças, foram sempre empregues na educação, no apoio e ajuda a seus filhos, que nunca regatearam, sem que nunca a nenhuma dos dois ficasse qualquer sensação ou sentimento, que não fosse o do prazer de melhorar as condições de vida daqueles, que tanto amavam.
Com a morte de Manuel, fizeram-se as partilhas de alguns bens. Para Guilhermina ficou apenas a casa e algum dinheiro da poupança. Para os dois filhos, duas fazendas, que logo venderam. Joaquim, o filho mais velho de Guilhermina, é contabilista de profissão e foi por essa altura que pela última vez visitou a sua aldeia e sua mãe. Tem uma vida aparentemente confortável, pois vive em casa própria, tem um automóvel alemão da marca BMW e seus filhos estudaram em colégios particulares. Mas agora, que já tem a sua vida, os seus problemas próprios e a sua própria família, não sente grande motivação para vir à sua aldeia e faz-lhe impressão ver as condições de precariedade de vida, em que sua mãe vive. Prefere o convívio com a família de sua mulher, lisboetas da classe média, que o receberam sempre com simpatia. Maria Guilhermina, a filha mais nova era mais chegada à mãe. Porém, também agora tem a sua vida, lá por Lisboa e progressivamente também deixou de visitar a aldeia.
Guilhermina, não se sente abandonada, nunca quis ser um fardo para seus filhos, sente gosto em saber que estão bem. Tem o conforto da vizinhança, pois na aldeia ainda há esse sentido de solidariedade e quando há um ano teve de ser hospitalizada em Santarém, fez questão de pedir para avisarem os filhos de que não valia a pena virem vê-la, porque estava bem acompanhada e a sua doença não era muito grave. Guilhermina teve na altura uma pneumonia e passou três semanas nesse hospital. Voltou para casa fraca, mas decidida a encarar a sua sina, com a maior das vontades.
Sentada em frente da sua lareira, que acende diariamente no Inverno, com lenha que vai juntar e transportar a pé, oferecida por um descendente dos seus antigos patrões, ela pensa em seus filhos e netos.
Não tem televisão e a sua vista também já não lhe permitia o uso de tal privilégio.
Recorda os momentos bons com eles passados, recorda os tempos em que sentia os seus cuidados e as suas atenções. Recorda que a levavam a passear e ao seu Manel, à praia da Nazaré, a Fátima e por duas vezes a Lisboa. Ela não se sente só, porque tem bem vivas as suas recordações, apenas longe e angustiada por não saber aproveitar os tempos. Os sentimentos perturbam-na, porque os sente com intensidade, porque sente a falta da companhia de o Manuel e o conforto de poder ver e tocar em seus filhos. Ela até se sente uma privilegiada, uma mulher cheia de sorte, como afirma com frequência, porque pode continuar a viver na sua casinha.
Hoje uma vizinha disse-lhe que o pão vai aumentar, ontem na farmácia disseram-lhe que alguns dos remédios que precisa, já não são comparticipados e terá de os pagar. Teve de escolher de entre os que estão na receita do seu medico de família, aqueles para os quais lhe restava dinheiro e terá de optar por comer um pouco menos de pão. Como não houve as notícias, nem lê o jornal, não se revolta, quando se denunciam os ordenados escandalosos dos gestores públicos, nem a exorbitância do montante da nossa divida externa, nem com os casos do Freeport, com a suspeita de corrupção do 1º Ministro, nem com os favores oferecidos à Mota Engil. Tudo isso lhe passa ao lado, ela apenas quer continuar a viver na sua casinha da aldeia e gostaria de voltar a ver seus netos e conhecer seus netos. É uma mulher interessada, pois pergunta sempre por tudo e mais alguma coisa, a quem encontra no mercado semanal da sua terra. Quando lhe perguntam em quem vota, ela afirma decididamente e com o coração nas mãos…no mesmo que o meu Joaquim…ponho cuidadosamente a cruzinha á frente daquele que tem uma “mãozinha” no desenho do voto. Ela ouviu uma vez essa declaração de voto de seu filho e nunca mais hesitou, nunca mais deixou de seguir aquela indicação tão objectiva do seu filho do coração.
Guilhermina é uma mulher portuguesa, sem consolo e sem ambições, habituada à pobreza, á poupança e ao sacrifício, sente apenas falta do carinho, porque é velha e está sozinha.
José J. Lima Monteiro Andrade

sábado, 11 de dezembro de 2010

A História repete-se, porque os povos preservam a sua diferenciação e identidade.

A União Europeia exigiu o maior sufoco fiscal de que há memória aos portugueses…apenas o início de um processo que no curto prazo sofrerá mais agravamentos e muito mais sacrifícios.
Tudo se baseia numa premissa, que o debate entre Colbert e Mazarino, no tempo de Luis XIV, tão bem anuncia:
“Colbert: Para encontrar dinheiro, há um momento em que enganar [o contribuinte] já não é possível.Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é que é possível continuar a gastar quando já se está endividado até ao pescoço...
Mazarino: Se se é um simples mortal, claro está, quando se está coberto de dívidas, vai-se parar à prisão. Mas o Estado... o Estado, esse, é diferente!!!
Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se... Todos os Estados o fazem!
Colbert: Ah sim? O Senhor acha isso mesmo ? Contudo, precisamos de dinheiro. E como é que havemos de o obter se já criámos todos os impostos imagináveis?
Mazarino: Criam-se outros.
Colbert: Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.
Mazarino: Sim, é impossível.
Colbert: E então os ricos?
Mazarino: Os ricos também não. Eles não gastariam mais. Um rico que gasta faz viver centenas de pobres.
Colbert: Então como havemos de fazer?
Mazarino: Colbert! Tu pensas como um queijo, como um penico de um doente! Há uma quantidade enorme de gente entre os ricos e os pobres: os que trabalham sonhando em vir a enriquecer e temendo ficarem pobres.
É a esses que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais!
Esses, quanto mais lhes tirarmos mais eles trabalharão para compensarem o que lhes tirámos. É um reservatório inesgotável.”
Portugal tem um período histórico de sessenta anos, em que a ilusão de pertencer a um Império Europeu, retirou aos portugueses a soberania fiscal. Foi a 3ª Dinastia, em que verdade seja dita, nunca chegaram os Filipes a eliminar a nossa moeda nacional.
O povo português reagiu então, porque os impostos o empobreciam e não reconheciam que a sua aplicação fosse do interesse nacional.
A revolta das Maçarocas do Porto, as Alterações de Évora, alastradas a tumultos em todas as cidades, levaram ao ambiente que culminou com a acção dos Conjurados e a Restauração concretizada no 1º de Dezembro de 1640 e ainda hoje comemorada com um feriado nacional.
A mensagem do povo, assinada simbolicamente, por Manuelinho é elucidativa e motivou a revolta e a revolução.
“Senhor, vosso Portugal
de vossos pais estimado,
hoje, em miséria fatal,
está pobre e lastimoso;
e o governo rigoroso,
que tanto o tem perseguido,
lhe nega, sendo ofendido,
o alívio de ser queixoso.
Manuelinho”
Portugal, voltou então a ser um Reino independente e soberano. Logo nos apercebemos que tínhamos potencialidades que estavam esquecidas e nunca tinham sido aproveitadas.
Ontem, como hoje, vivemos um período de ilusão, que nos conduziu ao empobrecimento e ao sacrifício….mas reagimos e vencemos.
Para sustentar a guerra da Restauração que durou quase três décadas, o novo Rei lançou um novo Imposto…a Dízima, 10 % dos rendimentos de todos os portugueses.
Na História das Nações do Mundo, este imposto tem uma particularidade e uma diferenciação.
É entre todos o único, em que não há qualquer documento histórico, qualquer notícia, de contestação.
A História repete-se…a ilusão de 1580, a que muitos membros da Corte aderiram e propagandearam, levou ao esquecimento de valores, de sentimentos dos portugueses e à sua servidão e empobrecimento. A ilusão de 1985, conduziu-nos a uma situação idêntica.
Esquecemos o que somos e esquecemos as nossas potencialidades.
A União Europeia está num dilema, que é para nós um problema de transcendente importância e gravidade. O sistema da moeda única só sobrevirá com a uniformização fiscal ou tributária, ou seja a total eliminação da nossa soberania e independência.
Em 1985, foi a adesão à Comunidade Económica Europeia que contribuiu para a consolidação da democracia portuguesa…em 2011, a Moeda única e a precipitação do Federalismo Europeu irá matar por completo a democracia portuguesa.
É hora, de voltarmos a meditar profundamente na mensagem de Manuelinho.

José J. Lima Monteiro Andrade

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Taberna Lusitana (1)

A Taberna Lusitana é um lugar de encontro e cavaqueira do Povo português. Aqui, as conversas são sentidas e não há “papas na língua”, pois quem lá vai é gente simples, com uma raiz profunda na terra onde nasceu e sentimentos fortes que nenhuma mensagem estrangeirada ainda conseguiu abalar.
Naquele dia entrou um senhor respeitável, bem vestido, de fato cinzento escuro e com um avental.
Logo todo o povo que enchia a Taberna, reparou nele, pois não era cliente habitual.
O sr. do Avental, dirigiu-se ao balcão e perguntou decididamente ao dono da Taberna, o Zé da Tasca…dizem-me que andam para aí, nesta Taberna umas ideias a pairar no ar, de que o Povo, tem intenção de Não Votar, nas próximas eleições presidenciais.
Zé da Tasca: Já para aí ouvi umas conversas dessas, sim senhor. Mas desculpe-me lá a interrogação…o que é que o sr. tem a ver com isso? São conversas do Povo e o Povo também tem direito a pensar.
Sr. do Avental: Sem dúvida que sim. Tem todo o direito de pensar e de agir, mas deve estar bem informado.
Taberneiro: Há então o senhor vem cá para nos informar !!! Seja bem-vindo, porque aqui a malta gosta muito de estar bem informada. Sabe a gente vê muita televisão e até lê jornais e cada vez está mais confusa com tudo isto.
Sr. do Avental: Ora é isso mesmo, se estão confusos, eu estou aqui para ajudar…e nunca se esqueçam que o voto é a arma do povo.
Lá de uma mesa do fundo, ouviu-se a voz do Zé Indignado…
A gente tem ido sempre nessa lenga lenga, mas somos sempre enganados. Agora vai haver eleições para Presidente da República…a gente sabe que o Homem na manda nada…porque raio havemos de votar…são todos a mesma coisa…na nos conhecem, na querem saber da gente p’ra nada, quem manda são os partidos e esses só olham p’ro seu umbigo.
Sr. do Avental: Bom, vamos por partes, a ver se nos entendemos. Agora estamos a falar de eleições presidenciais e não de partidos. O que temos de escolher é um Presidente da República, que está acima dos partidos e tem de ser independente e autónomo dos partidos.
O Zé Politizado: Devia, mas nunca é, nem sequer pode ser. São os partidos que o propõem, são os partidos que o dominam. Veja lá o que se passa agora…o Presidente quer ser eleito, precisa dos votos do partido de Governo e só por isso o mantém…quem se lixa?
Sr. do Avental: Mas ninguém diz que é este Presidente que vai ser eleito…é por isso que o Voto é importante, têm muito por onde escolher, vários candidatos, a democracia é isto, a liberdade de escolher.
O Zé Patriota: Não me diga que está a propor q’a gente vote no Poeta? Olhe que eu estive na guerra colonial e sei bem o que ouvi desse senhor quando era locutor da rádio Argel. Sinto vergonha de ter no meu país um candidato desse calibre.
Sr. do Avental: Não, não estou a propor o voto em ninguém em particular, apenas a tentar explicar que o importante é o cumprimento do dever de votar.
O Zé Real: Para mim Não Votar, também é um dever, ou vocemecê não me dá esse direito.
Sr. do Avental: Sim votar é um dever de cidadão, participar na escolha do nosso Chefe de Estado.
O Zé Real: Olhe lá ó sr. da cidade, cá nós na somos cidadãos, somos desta aldeia e o senhor é que veio lá da cidade, até cá falar ca gente. Essa coisa de ser cidadão, tem muito que se lhe diga…aqui é melhor na falar disso. Cá eu penso assim…vivemos num país sem Rei nem Roque…o que precisamos é dum Rei que nos una e nos motive, já que nesta Republica nem o Presidente manda e só obedece, mais vale dizer Não e Não Votar em nenhum.
Sr. do Avental: Dever de cidadania é uma expressão, que quer dizer que cada um de nós tem o dever e o direito de escolher os nossos representantes. O que ganha você em não votar?
O Zé da Mercearia: Cá eu votei e fui votando e nunca escolhi. Muito menos a invasão chinesa e dos supermercados, que me levou à falência.
O Zé dos Anzois: E eu também, para me retirarem o peixe e entregarem aos espanhóis.
O Zé Fazendeiro: Pois e a mim impuseram-me cotas de produção e pagam para não produzir…para venderem cá, o que os outros produzem.
O Zé Viajante: Mas temos excelentes auto-estradas, um pouco caras é verdade, cada vez menos utilizadas é verdade, mas onde alguns podem circular com o ultimo modelo topo de gama alemão, pagando a gasolina muito cara mas muito boa e imposto de circulação que a maioria não pode utilizar.
O Zé Politizado: Não Votar é um direito, igual ao de Votar. Democracia é o respeito das minorias pela vontade da maioria…se uma maioria Não votar, é porque Não quer isto e é isto é que é democracia.
Sr. do Avental: Mas não é isso que está na Lei e na Constituição. Será sempre eleito aquele que nas eleições presidenciais, obtiver a maioria dos votos válidos.
O Zé Indignado: Pois é, isso só prova que a Lei d’agora na respeita a democracia…Leis há muitas e podem ser mudadas, mas todas têm de ser legítimas e se a maioria do povo não as quiser elas na são legítimas.
Sr. do Avental: Então o sr, está a dizer que a actual Constituição não é legítima, quando foi votada pela esmagadora maioria dos representantes do povo português?
O Zé Indignado: Estou sim senhor, nem a Constituição, nem a Adesão à Europa, nem o Euro, nem este ultimo tratado de Lisboa, que quer roubar o direito do povo mandar no seu próprio país. Tiveram sempre medo do povo e nunca o deixaram dizer o que pensa. Pensam que somos uma carneirada, que p’ra qui anda. Mas estão bem enganados…porque a gente aqui nesta Taberna, conversa e pensa.
Sr. do Avental: Mais uma vez temos de ir por partes. Primeiro, vivemos numa Republica e temos de escolher o seu Presidente, é um facto.
O Zé Revoltado: Não na vivemos em Republica nenhuma…vivemos numa ditadura de partidos…só dois partidos é que têm o poder de escolher…a nós, só é dado o direito de validar essas escolhas. A Republica, que o senhor bem-falante nos fala, não existe…quem escolhe é quem tem o domínio total…imprensa, dinheiro, influencia, poder…somos todos uns “mandaretes“ nas mãos do compadrio, de políticos corruptos, empresários e banqueiros oportunistas, que nos domina. É nisto que o sr. quer que vamos votar? Votar em quem nos iludiu e condenou?
Sr. do Avental: Então teremos de Votar na Mudança das coisas e com isso lutar pela democracia.
Zé Sabedoria: Ora aí está. Defendamos então como deve ser a democracia. O que temos para nos servirem à mesa, são os restos do banquete de uma elite miserável e desrespeitadora de um nobre povo. Votar em quem nos quer impor uma solução desta natureza, é apenas e somente mater a distribuição das mordomias e a condenação à pobreza. Não Votar é pelo menos uma atitude consistente do povo dizer Basta, queremos e exigimos a Mudança. É tanto assim que o ilustre senhor do Avental, finalmente ao ouvir esta mensagem se dignou em visitar-nos…para nos informar. Há 35 anos também tivemos a visita de uns senhores da tropa, cabeludos e mal fardados, que nos quiseram fazer uma Campanha de Informação, a que chamaram de Dinamização Cultural… ouvimos com atenção e tiramos de imediato a nossa conclusão, e…mandamo-los embora.
Depois desta intervenção, o sr. do Avental desculpou-se com afazeres urgentes e despediu-se de todos, saindo da Taberna. Pelo caminho até ao Mercedes, onde o aguardava o Motorista bem fardado, foi meditando…este povo ainda está muito atrasado, temos de incentivar uma campanha pois a que temos feito tem sido manifestamente insuficiente.
Na Taberna o Zé da Tasca disse em voz alta…Não bebeu e Não Pagou.
Em uníssono os outros…que volte sempre, pois o Povo precisa de Informação e Viva o Vinho Carrascão.
…a alegria e descontracção voltou à Taberna Lusitana.

José J. Lima Monteiro Andrade

domingo, 5 de dezembro de 2010

O sentido Pátrio dos portugueses e dos outros povos da Europa.

A Negação dos povos ao Federalismo Europeu.

Muitos portugueses, particularmente Ribatejanos e Alentejanos, sempre mantiveram o hábito de visitar a cidade espanhola de Badajoz e aí, fazerem compras no dia 1º de Dezembro, ou ir às Corridas de Toiros, no S. João. A burocracia da passagem na fronteira do Caia, era uma interessante manifestação do espírito nacional de cumplicidade e também sempre um ponto de encontro de marcantes amizades.
Em 1975, muitos portugueses refugiaram em Badajoz. Fugiram a perseguições e a tentativas de esbulho, que aqueles tempos revolucionários proporcionaram.
É curioso, que dessa grande comunidade de portugueses que aí se refugiou, apenas uma ínfima parte, que se podem contar pelos dedos, em terras de Espanha se veio a estabelecer. A grande maioria voltou a Portugal e alguns de Badajoz passaram ao Brasil, onde temporariamente se estabeleceram.
Em 1986, foram abertas as fronteiras entre Portugal e Espanha, após a entrada conjunta como países membros da Comunidade Económica Europeia. Esta medida foi saudada com alegria, quer do lado português, como do lado espanhol. As vantagens eram óbvias e intensificou-se ainda mais todas as ligações entre as populações dos dois povos vizinhos.
O desenvolvimento económico e social do país vizinho foi incomparavelmente superior ao português, nesse período que decorreu após a adesão à CEE. A diferença era cada vez mais notória e acentuou-se com a adesão ao sistema da moeda única dos dois países. O euro trouxe a Portugal uma enorme inflação, não contabilizada nas estatísticas oficiais, mas acentuando claramente a diferença de poder de compra dos portugueses e espanhóis.
Toda esta dinâmica adicionada à mensagem politica de que a União Europeia era uma irreversibilidade unificadora das Nações Europeias, deveria ter estimulado uma dinâmica de transferência de portugueses no sentido da sua fixação habitacional nas vizinhas terras espanholas, numa natural opção por uma vida melhor e de maiores oportunidades.
Porém surpreendentemente, nada disso aconteceu.
Os portugueses, mesmo mais sacrificados no que respeita ao seu rendimento médio e à carga fiscal que lhes era imposta e uma inferior prestação nos serviços públicos e sociais que lhes eram oferecidos, continuaram a viver em Elvas e os movimentos de emigração não aconteceram. Este fenómeno de relacionamento entre os habitantes de Elvas e Badajoz, é idêntico em toda a raia fronteiriça nacional.
Pelo contrário os espanhóis aproveitaram para comprar património em Portugal, empresas e propriedades rústicas, mas mantendo as suas vivencias, habitações e sedes empresariais em Espanha.
A fuga de sedes de empresas portuguesas para o país vizinho, passou também a ser uma opção de progressiva oportunidade de muitos empresários portugueses, por razões de natureza fiscal.
Apesar das opções de natureza empresarial, a verdade que importa realçar é que ambos os povos, mantiveram a sua opção de distinção e diferenciação.
O fenómeno é similar em toda a actual União Europeia, talvez com uma única excepção da Bélgica, por isso é considerada como um “não país” e por essa circunstância, foi aí sediado o Directório político e funcional da União.
Este fenómeno natural das populações dos diversos povos europeus, representa a força das raízes que os ligam, por hábitos e costumes, por consideração pelo seu passado e por sentimentos fortes de unidades nacionais, que tem sido desprezado pelas práticas políticas dos políticos europeus e nacionais.
Ser apátrida, foi uma mensagem política, disfarçada através da inundação da propaganda de conveniências de natureza material e social.
Essa permanente e persistente persuasão doutrinária da Comissão Europeia e dos Partidos políticos dominantes nos respectivos países, tem na reacção natural dos povos uma resposta inequívoca que teimam em não querer entender.
Os povos da União rejeitam por atitude, a tentativa da implantação do Federalismo Europeu.
O Tratado de Lisboa, como forma de impor este caminho do Federalismo à revelia da vontade natural dos povos, representa a violação da sua vontade expressa e por essa razão, se impôs sem consulta popular.
Venceu esta batalha, a ditadura da Comissão dos Funcionários Europeus, mas nunca vencerá a doutrina do Federalismo, pois é totalmente contrária à vontade natural dos povos.
A actual crise de Euro, é apenas e simplesmente uma consequência, desta total ausência de sintonia pela vontade das populações das diversas Nações.
A salvação da União Europeia, passa pela sua afirmação de reconhecimento das Nações que a constituem e nunca pela sua dissolução.
Porém a Comissão Europeia não desiste deste caminho Federalista, mesmo contra a expressiva atitude dos povos das Nações. Para salvar os seus erros, torna-se indispensável salvar o seu principal instrumento, o Euro.
A salvação do Euro, passa pela eliminação da soberania fiscal das Nações que a ele aderiram.
A soberania fiscal é a último sentido de soberania, que resta a Portugal e a todos os países que aderiram à moeda única. A soberania fiscal é também a última das reservas de democracia, que têm os povos das diversas Nações.
O próximo Orçamento Geral do Estado (2011), será previamente apreciado em Bruxelas… uma inadmissível interferência, que nos aponta claramente, o fim da nossa já fraca soberania e também da nossa já tão debilitada democracia.
Os poderes da Assembleia da Republica, são assim totalmente adulterados… a capacidade de decisão, é reduzida a simples ratificação.
Esta é a verdadeira questão nacional.
A Portugal está a ser negada a sua condição de Nação livre e independente.
Aos portugueses está a ser retirada o seu direito de governarem e decidirem sobre o seu presente e futuro.
Esta não é a vontade nacional e esta é uma condição inaceitável para os portugueses.
Iremos continuar a eleger, como Presidente da Republica, quem silencia por aceitação, esta decisiva questão?
Iremos aceitar que esta decisiva questão, seja escondida do debate e da afirmação dos políticos?
Aos portugueses compete entender o logro. Que alguns, através de ilusões e de disfarces, o tentam sujeitar.
Compreender a tempo, enquanto ainda têm instrumentos de afirmação democrática, pois no futuro, muito provavelmente deixarão de os ter.
Pela abstenção nas próximas eleições presidenciais.
José J. Lima Monteiro Andrade

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Os mecanismos da dominância partidária e do controle do actual regime.

A aproximação de qualquer acto eleitoral, trás a lume uma ansiedade de novas propostas políticas, candidaturas, que se tentam exprimir como novas propostas e logo são inviabilizadas pela incapacidade de fazerem uma campanha eleitoral em igualdade de condições com as forças partidárias instaladas e dominantes.
Esta é uma gravíssima limitação do actual regime, que leva a que com mais rigor a tenhamos de classificar como uma Oligarquia de partidos dominantes.
Curioso é o facto de estas candidaturas, que se tentam afirmar, não denunciem os mecanismos de controle, numa atitude de resignação incompreensível.
Esses mecanismos não estão sequer na Constituição da Republica, mas apenas em duas Leis…a Lei da Subvenção Pública das Candidaturas e a Lei Eleitoral.
Estas leis, representam a forma como os partidos com representação parlamentar, conseguiram bloquear o regime democrático e asfixia-lo de tal forma, que o transformaram numa Oligarquia em que só esses partidos têm o privilégio da representatividade dos portugueses.
Uma limitação anti-democrática, travestida de democracia.
A pior das mentiras, é a mentira disfarçada de aparência de verdade.
Enumeremos então os bloqueios:
- A subvenção dos partidos políticos proporcionalmente aos votos obtidos.
- A subvenção dos candidatos presidenciais, proporcionalmente à percentagem de votos obtidos.
- A disciplina partidária como regra admitida, na Assembleia da República.
- As candidaturas por círculos eleitorais e método de Hondt, com limitações intransponíveis a candidaturas não partidárias e individuais. Onde os deputados são desresponsabilizados pela sua dependência partidária e pela exclusiva responsabilidade para com o eleitores pela protecção da “capa partidária”, que os protege e esconde.
- A proibição de partidos regionais.
Como se pode verificar, não foi necessário, alterações constitucionais, nem grandes esforços de natureza política, para se chegar a uma lamentável neutralização do sentido democrático do regime. Apenas foi encontrado um divisor comum de interesses de todas as forças políticas com representação parlamentar e uma maioria dos dois partidos dominantes da área da governação.
Tudo simples e muito objectivo, feito nas costas do povo, que tarda a entender como foi enganado e sujeito a esta incrível limitação de expressão de vontade.
A promiscuidade entre os órgãos de comunicação social e o poder político, completa o actual quadro de controle.
O debate sobre esta questão da democraticidade do regime, está fora do considerado politicamente correcto… o poder instalado não admite distúrbios, nem ameaças aos seus pilares de sustentação.
Este debate está assim amordaçado…porventura será esta a razão pela qual os candidatos previamente derrotados, não levantam a questão.
Eles são também resignados.~

José J. Lima Monteiro Andrade

domingo, 28 de novembro de 2010

A crise da zona euro e a resignação portuguesa.

Quem sabe em Portugal, quem é Herman van Rompuy?
Quantos portugueses o conhecem?
No entanto, ele é o Presidente da União Europeia…não foi eleito, foi escolhido.
No entanto, Portugal está dependente politicamente da União Europeia, é membro e subscreveu o Tratado de Lisboa.
Herman van Rompuy, é também o Presidente dos Portugueses, hierarquicamente acima do Chefe de Estado de Portugal.
Escandaloso não é? Mas é a realidade.
O Presidente da União disse:
“Estamos confrontados com a crise da nossa sobrevivência…a zona Euro e toda a União, não sobreviverão se continuarem os actuais problemas orçamentais de alguns países”
Foi então, que o Governo português se apressou a comportar-se como “bom aluno”…vieram os PECs e o Orçamento.
Mas o Presidente prossegue o discurso:
“ …temos de trabalhar todos em conjunto para permitir que a Zona Euro sobreviva…porque se a Zona Euro não sobreviver, a União também não sobreviverá.”
Mas não explica duas coisas.
Porque razão já existia União ( ou CEE) antes do Euro e porque razão o Euro se transformou em decisivo problema para a sobrevivência da União?
Ou seja, se a União se formou e consolidou sem o Euro, sem moeda única, porque que é que entrou em tão dramática crise de sobrevivência, com a adopção da moeda única?
A razão é simples e não tem nada da complexidade, com que é apresentada através dos mercados financeiros…é uma questão eminente e exclusivamente política.
A União colocou o “carro à frente dos bois”. Avançou para uma moeda única, para pressionar através dos complexos mecanismos financeiros, a estratégia de adopção do Federalismo Europeu.
Hoje já se sabe a verdade. Uma moeda única, com a manutenção do direito democrático das Nações de terem total autonomia de gestão da coisa pública e sem a transferência da soberania fiscal, não funciona.
A União está paralisada, porque os povos das Nações, que a constituem, não lhe deram legitimidade para prosseguir no caminho desejado pela Comissão, ou pela Ditadura dos Funcionários.
A questão colocada pelo Presidente da União Europeia, pode e deve ser colocada de outra maneira…é o Euro que está a por em causa a União Europeia. É a atitude anti-democratica da Comissão Europeia, de pressão sobre os Estados soberanos, que está a colocar em causa a sobrevivência da União.
O problema é delicado para o senhor Van Rompuy e para o senhor Durão Barroso…têm de salvar o Euro, para salvar a sua pele, a pele dos seus servidores e a estratégia da progressiva consolidação da Federação Europeia, feita á revelia da vontade expressa dos povos das Nações.
A salvação do Euro, dependerá da solidariedade financeira das Nações ricas da Europa e da submissão das Nações pobres e periféricas.
A Alemanha nacionalista, tem a palavra. O povo alemão só será solidário se aproveitar e se dominar.
Saída derrotada da última grande guerra e passados sessenta anos a Alemanha nacionalista, volta a ter condições de impor a sua vontade. O Euro, foi o seu instrumento precioso de dominação.
A Alemanha só aceitará salvar o Euro, impondo fortes condições de dominação aos países periféricos. Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha e Itália, terão de aceitar as imposições alemãs, o seu rigor e as suas políticas, para continuarem a usufruir, na sua ilusão.
A questão política, é assim bem mais grave. A palavra é dos povos europeus periféricos.
Aceitarem serem simples protectorados, ou prepararem uma resposta conjunta, ou individual, para este seu problema de sobrevivência enquanto Nações.
Em Portugal as actuais forças políticas do regime, apenas pensam e reagem na perspectiva da continuidade na Zona Euro e na resignação face à sua perda de soberania.
A questão é gravíssima, pois essas forças políticas do actual regime, evitam a consciencialização do povo português, para este caminho de insolvência nacional.
Felizmente que Van Rumpuy e Durão Barroso, são lideres fracos, sem consistência e audiência.
Felizmente que Sócrates é um incapaz, felizmente que Cavaco é uma simples aparência.
Porque foram eles que sem o querer, que puseram em causa a ilusão.
Ilusão com que os portugueses viveram nos últimos 20 anos, promovida e propagandeada pelo regime, que agora não sabe como a pagar.
Nossos filhos e netos, vão sofrer a maior das condenações…uma ou mais gerações que está condenada a viver pior do que a anterior…resta-lhes sair e procurar uma vida melhor.
A nós, que entendemos a condenação, resta-nos varrer e responsabilizar todos os que condenaram nossos descendentes. Ao manter uma atitude de resignação, de tolerância ou de aceitação…seremos acusados por eles e com toda a razão, de termos sido uma geração de egoístas e de castrados.
José J. Lima Monteiro Andrade

sábado, 27 de novembro de 2010

O dilema português … ir ao fundo com os actuais protagonistas da política ou a ruptura salvadora.

A aprovação do Orçamento não virá corrigir nada, pois só por si não dará confiança aos nossos credores.
Essa confiança depende exclusivamente da execução orçamental, ou seja da capacidade de um Governo corrigir de forma sustentável a diminuição da deficit, com a simultânea revitalização do desenvolvimento económico e por conseguinte na demonstração inequívoca que teremos condições para suportar os juros e pagar a dívida soberana.
A primeira duvida que os credores põem, é sobre o actual Governo. Um Governo minoritário com provas dadas de despesismo e com um projecto de desenvolvimento económico ultrapassado, porque baseado na construção civil de projectos públicos, ou seja em bens não transaccionáveis.
Impossível nestas circunstâncias políticas dar confiança aos nossos credores actuais ou futuros.
Temos um Presidente da Republica, professor de economia, portanto perfeitamente consciente desta situação bloqueadora.
Então e como candidato a novo mandato, porque razão continua a suportar este Governo e a não explicitar, como seria a sua obrigação, qual a solução politica que preconiza, para resolver este impasse que nos afunda?
O senhor Presidente aconselha a moderação nas palavras e no debate político, porque não sabe o que dizer.
Não sabe, não quer ou não pode.
Não creio que não saiba, não creio que não possa, apenas está dominado pelas circunstâncias eleitorais da sua conveniência, uma vez que precisa dos votos do partido do Governo. Votos que não irão para o seu adversário directo, por reconhecimento pela seu suporte e simpatia.
O senhor Presidente da Republica é assim o principal protagonista, do impasse político que nos penaliza a todos e que com elevada probabilidade nos está a conduzir, para uma solução de radicalismo político por inevitabilidade.
A União Europeia impedirá uma situação radical de natureza política e por conseguinte apoiará sempre um pequeno país como Portugal em serias dificuldades.
Ilusão, ainda mais grave, do que todas as ilusões que nos conduziram a esta situação dramática.
A União é um conjunto de Estados soberanos e os seus povos nunca legitimaram uma Federação Europeia, capaz de integrar mecanismos de uniformização das políticas financeiras, em que a harmonia fiscal, é um dos pilares. Perder a soberania fiscal, é impensável para a generalidade dos países da União.
O que acontecerá, neste caminho é a nossa total dependência política perante as dominâncias políticas da União.
Ou seja, perderemos a nossa soberania, mas os outros membros da União, preservarão a sua.
As soluções nacionais, não podem continuar neste caminho da ilusão permanente.
Porém existe um bloqueio político do regime actual, que é impeditivo do extermínio da ilusão.
Bastará analisar as propostas dos diversos partidos com representação parlamentar actual, para logo verificarmos a impossibilidade de mudança.
A ideologia defensora de um Estado, motor da economia e dominante em toda a sociedade, é maioritária…este é o verdadeiro drama.
É largamente maioritária, seja por ideologia, seja por interesse partidário de estar na esfera do poder, para poder regalar as suas militâncias.
O regime, asfixiou-se nesta condição de ser totalmente refém, das militâncias partidárias e da distribuição escandalosa dos recursos públicos, nesse desiderato.
Uma autêntica fobia fiscal, preencheu a mente da classe política, que já não tem vergonha de destruir o Estado Social, para preservar privilégios de usufruto, de influência e dominação.
Há muito que ultrapassamos o limite razoável, que impede a motivação individual e empresarial para a produção e para a produtividade.
O empobrecimento de uma larga faixa da população portuguesa é já um drama visível e lamentável, o desemprego oficial atingiu parâmetros alarmantes, o desemprego sustentado artificialmente pelo Estado e Autarquias, não tem condições de sustentabilidade, a diferenciação salarial na Administração Publica e Intervenções Estatais é escandalosa.
O principal responsável, clama ao silêncio nacional e caminha gloriosamente, para a sua reeleição.
Presta assim o seu enorme serviço à continuidade de toda esta insustentável situação.
Aos portugueses resta …ou a resignação votando nas eleições presidenciais e dando a sua validação ao regime que os empobrece … ou a única atitude que lhes resta…Não votar nas eleições presidenciais, dizendo inequivocamente “Basta”…vocês não merecem a nossa confiança e nós não merecemos ter um regime que nos condena a nós, aos nossos filhos e netos.
A abstenção maioritária nas próximas eleições presidenciais, só poderá ter este significado político. A partir de então, que volte o sentido da exigência como uma premissa essencial de qualquer democracia.
José J. Lima Monteiro Andrade

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Resolver a crise financeira, sem resolver a crise política….Impossível.

Perante uma situação de pré-falência, a Irlanda assumiu o pedido de ajuda financeira à União Europeia e ao FMI.
O primeiro-ministro irlandês garantiu que pedirá a sua demissão e a convocação de eleições legislativas após as negociações e a aprovação de um Orçamento para 2011.
Esta postura parece lógica. O povo irlandês irá votar, consciente das dificuldades que terá de encarar, mas escolherá quem deve gerir a coisa pública, num comprometimento nacional de encarar o drama e de defender os interesses colectivos. A Irlanda ganhará assim a confiança internacional, pois foi a escolha popular, que deu o aval ao Governo, que garantirá em nome do povo, a atitude correcta em sua defesa.
Tão diferente é a atitude portuguesa.
O Presidente da Republica assegura e preserva um Governo minoritário, cujo programa eleitoral esqueceu e rasgou. Um Governo incapaz,, que promove a desconfiança internacional, penalizando por esse facto, toda a classe média portuguesa e agravando a situação financeira.
O Presidente da Republica, não ignora este facto e sabe bem que a situação política é insustentável e penalizadora de Portugal.
Mas ele precisa dos votos para ser eleito, nas eleições presidenciais de 23 de Janeiro. Precisa dos votos do Partido do Governo, por isso o preserva e dos votos do PSD, por isso o manipula.
O Presidente da Republica coloca a sua eleição acima, do que sabe bem, ser o interesse nacional. Adia uma solução inevitável, mas nem coragem tem, de anunciar a sua decisão como protagonista futuro.
O que o Prof. Cavaco Silva está a fazer, como candidato com maior probabilidade de eleição, é pura e simplesmente passar um atestado de mediocridade ao povo português, sonegando-lhe a realidade, não informando sobre a atitude que tomará no futuro.
Não será possível, muito menos desejável, manter um governo minoritário como gestor da actual crise financeira e manter toda a reserva de credibilidade, nos credores de Portugal.
A escalada de aumento dos juros sobre os créditos nacionais não diminuirá e seremos empurrados para soluções de socorro, bem mais penalizadoras do que as negociadas previamente.
Os políticos irlandeses são sérios e respeitadores dos eleitores, os políticos portugueses não sabem o que isso é.
A democracia funciona e resolverá na Irlanda, em Portugal este simulacro de democracia, não só não funciona, como condena e bloqueia qualquer solução.
Os outros candidatos presidenciais, são meros adereços, desta Oligarquia dominada por dois partidos políticos.
Alegre, uma insignificância política, porta-voz da mensagem que mais contribuiu para a dramática situação de dependência a que chegamos. Lopes, a personagem característica da postura autónoma, do defunto PCP. Nobre, a tentativa monárquico-maçónica, de evitar uma postura de oposição ao regime republicano, canalizando votos, de descontentes ingénuos e monárquicos resignados ou dependentes do regime.
Cavaco será eleito, sem ter necessidade de ser frontal e sincero. Ele cumprirá a indispensável postura de neutralidade entre os dois partidos dominantes, pois assim alcançará a sua fácil vitória.
Os dois partidos dominantes e também o CDS, que espera vir a obter umas migalhas no futuro, garantirão a sua eleição, porque os seus militantes e amigos, sabem que com essa estratégia se manterão na esfera dos privilégios e serão convidados para a distribuição das mordomias.
Não vão ser necessárias eleições,, eles saberão entender-se.
A democracia é uma fachada e o povo é submisso.
A questão grave é que se entenderão para governar, para gerir o dia a dia, mas nunca para mudar.
A mudança ficará adiada…o Estado continuará tentacular, absorvente e despesista…a dissolução de Portugal prosseguirá, não através de qualquer doutrina política, protagonizada por Manuel Alegre ou Fernando Nobre, mas sim pela dependência dos partidos desta maioria da governação, ao sabor das dinâmicas externas.
A Portugal será retirada a sua essência…a possibilidade de ter um projecto autónomo e independente e de se afirmar no Mundo, através das suas enormes potencialidades e recursos, com um projecto nacional.
Serve à medida a “panaceia” maçónica de que somos um pobre e pequeno país.
As eleições presidenciais são uma oportunidade dos portugueses se afirmarem…responsabilizados ficam todos, os que continuarem a votar como um dever, que não seja, de confiante e convicta afirmação.
A abstenção em Portugal, passou também a ser uma originalidade…de alheamento e desinteresse, passou a assumir o sentido patriótico e um dever de consciência, para muitos portugueses.
A única opção possível e correcta de dizer…Basta, impõe-se a Mudança.

José J. Lima Monteiro Andrade

domingo, 21 de novembro de 2010

Uma conversa interessante, num país sem rumo.

Relato-vos uma conversa que mantive com um casal de sexagenários, donos de um pequeno e simples café de uma aldeia do interior de Portugal.
Entrei naquele humilde espaço para beber um café. Ia de viagem, mas não com pressa. Não estava ninguém naquele pequeno café de Pavia….Atendeu-me uma simpática senhora com uma aparência muito humilde e um sotaque muito típico. Perguntei quanto custava a bebida e respondeu-me com um estampado sorriso…são apenas 45 cêntimos.
Comentei de imediato, a raridade de um tal preço pedido por um café. Foi nesse momento que surgiu por detrás do balcão, vindo de uma porta interior, um senhor que logo se antecipou e disse…pois é uma raridade este preço, mas olhe que mesmo aqui na terra já paga a 65 cêntimos e em Mora há lugares onde tem de pagar 95.
Uma diferença para o dobro por um café? No interior de Portugal !!!
E aqui na nossa casa, ainda oferecemos um café com “cheirinho”. Temos de fazer pela vida, pois não está fácil, nem para nós, nem para ninguém, avançou a senhora.
Pois isto está a ficar complicado, retorqui, colocando o dinheiro trocado em cima do balcão.
Muito difícil, voltou o dono do café…para nós, ainda vá que não vá, mas para a rapaziada nova, está a tornar-se impossível. Olhe, nós fomos construindo a nossa casinha, ao longo dos anos com as poupanças e muito trabalho. Agora temos a nossa comodidade e ainda este pequeno negócio, que dá para ir vivendo com muita dificuldade…mas os meus filhos estão desgraçados. Compraram tudo a credito…carro, casa, electrodomésticos, eu sei lá…agora é que é o delas para pagar. Durante muito tempo ainda os consegui ir ajudando, até vendi uma pequena fazenda que tinha herdado de meu pai, mas agora já não consigo e eles…tenho três filhos cada vez são mais escravos dos bancos que lhes emprestaram o dinheiro.
Há que mudar um pouco de vida, acrescentei…procurar poupar mais e consumir um pouco menos.
Logo me replicou o dono do café. Ainda acreditam, que tudo isto é uma fase passageira, resultado da crise, como dizem, não têm a nossa experiencia, viveram sempre na facilidade e confiantes de que tudo se resolverá a seu contento. Não querem fazer sacrifícios, não estão habituados a isso, vivem para gastar todo o dinheiro que têm e que não têm. O meu filho mais novo, acaba este ano o curso de engenheiro electrotécnico, já afirmou que vai para fora, talvez esse, que sempre foi bom aluno seja o único que esteja certo. Nós cá nos vamos aguentando, porque a nossa vida foi sempre de trabalho e sacrifício, mas eles, coitados…
Não se calou e disse-me…olhe, tive cinco irmãos e três irmãs…todos nos criamos, todos temos um ofício, um negócio e casa própria. Meu pai era um pequeno agricultor, que de semana trabalhava à tarefa para outros proprietários. Criou-nos com gosto e fez muitos sacrifícios para nos criar, minha mãe uma moira de trabalho e energia. Quantas vezes pergunto a meus filhos, vossos avós criaram oito filhos, quem hoje em dia tem condições e coragem para tal?
Quantos dos meus clientes envelhecidos e reformados, que aqui se sentam a conversar, bebendo o seu “cheirinho no café”, apenas um, depois da sua parca ceia, porque não dá para mais, estão a viver abandonados pelos filhos que criaram? Não falam com rancor deles, mas sim com a tristeza, de um amor desprezado.
Saí daquele pequeno café angustiado.
Da minha cabeça não saia a noticia que lera logo de manhã, que se referia ao aumento do número de casos de abandonos de doentes nos hospitais, pelas suas famílias.
Nossos filhos abandonam seus filhos nos “jardins de infância”, e esses filhos, irão abandona-los num lar…que país? Que sociedade estamos a criar?
A sabedoria está isolada da sociedade e a juventude não tem a possibilidade de a conhecer e aproveitar.
Dependentes, estamos a consolidar uma sociedade de dependentes, sem capacidade de pensar, de contrapor, de exigir.
Não era assim quando era novo, agradeço a meus avós e a meus pais, os testemunhos que me passaram. Fui um privilegiado.
Também no preço do café, que se praticava, que me permitia estar sentado a conversar com amigos, sempre que queria e em qualquer lugar deste país.
José J. Lima Monteiro Andrade.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Pela nossa Liberdade, esta é a nossa oportunidade.

A adulteração dos valores e princípios naturais são a verdadeira fonte das dependências.
Os sistemas democráticos actuais, caminham inexoravelmente para o retrocesso dos tempos históricos da servidão e escravatura.
Porque não respeitam o ser humano como essência de toda a decisão política, porque seguem o caminho da ditadura do relativismo.
O respeito pela liberdade de cada indivíduo e o respeito pelo equilíbrio que a nossa liberdade não pode afectar a do próximo, é a única linha de equilíbrio possível para a realização do ser humano em sociedade.
Quando e sempre, que se estabelece uma linha de conduta política ou de regras de governação, que afecta este equilíbrio, estaremos a permitir a subjugação, a dependência e a escancarar a porta da prepotência.
Em Portugal não existe nenhuma força política, nenhum partido que defenda e lute por esta evidente verdade.
A defesa da liberdade foi completamente adulterada.
Prevaleceram e dominam, as doutrinas que defendem a subjugação do Homem Livre ao interesse colectivo.
O que é o interesse colectivo?
Defendo eu, que é a expressão colectiva da liberdade de pensamento de cada um, pelo respeito integral pela liberdade de todos os outros, que comigo partilham uma afinidade de raízes e sentimentos, ou seja a afinidade patriótica.
Defendem os dominadores actuais da sociedade portuguesa, que o interesse colectivo é a expressão do voto nas urnas…que democracia é a liberdade.
Falácia total, que nos domina e nos encaminha para a escravatura.
Colocam o voto, como um dogma, antes do conceito primário da liberdade individual…a mentira travestida de verdade…a mais perigosa das mentiras.
Como se não houvessem regras que impedem a livre escolha…como se não houvesse a manipulação permanente da opinião…como se todas as correntes de opinião tivessem as mesmas condições de igualdade de acesso às eleições e aos meios de divulgação…como se não houvessem regras impeditivas de expressão e de candidatura…como se não houvesse favorecimentos financeiros e de toda a natureza para os partidos e as ideias dominantes…como se não estivéssemos todos limitados e dependentes.
No tempo da escravatura, um senhor teve a ideia de dar a liberdade de escolher o Capataz, pelo voto, a seus escravos…o Capataz foi eleito pela livre escolha dos escravos…mas o Capataz eleito, obteve de imediato, promessas de vantagens e o seu regime ainda foi mais severo para com todos os outros.
Assim se consolidou o regime da escravatura.
A questão nunca pode ser a da liberdade de votar, mas sim a do que é o sentido de liberdade individual de cada um.
Uma votação, uma democracia, tanto pode ser um instrumento essencial de reforço da motivação colectiva e do respeito pela nossa condição de humanos, como um instrumento muito útil e cada vez mais moderno para o caminho da escravatura.
O regime português, a 3ª Republica, fechou-se numa Oligarquia partidária, dominada pelas ideias perigosas do Socialismo democrático, que defendem a subjugação da liberdade individual ao aparente interesse colectivo (ditado por eles próprios e pelos seus instrumentos de manipulação) e impedem por inúmeros meios que criaram e que transformaram em Leis, que a sociedade livre possa ter outras opções e surjam novas propostas e novos projectos colectivos.
Impedem-nos de votar no que queremos, de acordo como que pensamos…apenas nos deixam optar pelo mal menor…queixam-se entretanto que já não há a expressão da vontade colectiva…como poderá haver?
Este regime viola a nossa consciência…retira-nos a consciência colectiva como povo…adultera a democracia.
Os escravos que foram enganados pela introdução do voto na escolha do capataz…só vieram a alcançar a sua condição humana e a sua liberdade através da revolta e da demonstração colectiva da sua razão.
Hoje em Portugal, só alcançaremos de novo a liberdade…se não pactuarmos com este regime e com isso demonstrarmos a nossa razão.
O voto nas eleições presidenciais tem o significado próprio de avalisar o regime pela escolha do seu Presidente.
Está na hora de nos revoltarmos e de assumir a nossa revolta…não pactuando, nem avalisando as próximas eleições presidenciais…Não Votando.
Dessa atitude dependerá a nossa liberdade futura.
Muitas panaceias irão ser lançadas para evitar esta atitude, que se for maioritária destruirá os alicerces frágeis e fictícios deste regime… a Abstenção é a única arma política que nos resta para voltarmos a aspirar pela Liberdade e pela condição de pertencermos a um povo soberano, independente e orgulhoso.
José J. Lima Monteiro Andrade

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

DEBILITADOS como estamos, nunca nos salvaremos.

Portugal está muito debilitado…sobretudo em pensamento.
Não temos tempo para pensar, não paramos para pensar…repetimos e estamos sujeitos.
Não conversamos uns com os outros…contamos histórias e assumimos como nossos, pensamentos de terceiros.
Defendemos ideias de terceiros…importadas, porque apenas queremos protagonismo.
Vaidosos da nossa própria debilidade.
Vulneráveis porque não ouvimos, perdemos o hábito de escutar e entender.
Os velhos são passado, são caretas…não absorvemos a sabedoria.
Somos facilmente manipulados… permanentemente.
Já não há ideologias do passado, tão pouco ideias novas.
Lemos e não entendemos…repetimos à letra o conhecimento.
Não interpretamos, não questionamos.
Ouvimos e repetimos.
Será assim? Será só assim?
Não, lá longe, no interior, há uma reserva de pensamento.
São os citadinos que perderam o tempo e o hábito de pensar.
Os cidadãos… a maioria.
Lá longe, mesmo dentro da cidade, mas longe porque isolados.
Há uma reserva de pensamento.
Iletrados, incultos, mas seres pensantes, que cultivam as relações e a conversa.
Rurais ou rústicos, como lhes queiram chamar, mas com valores enraizados …nas conversas, nas atitudes.
Uma minoria que se auto-preserva pelo sentimento…a paixão pela sua raiz, pela sua terra.
Alimentam-se da sua afinidade minoritária…são solidários e generosos.
Acreditam na sua terra, têm orgulho na sua origem e no seu passado.
Conhecem a sua História e honram-na.
São o exemplo que carecemos…preferem a conversa à televisão.
São críticos quanto aos costumes importados e confiantes em si próprios.
Olhemos para o exemplo e cuidemos de ouvir esta nossa reserva.
Disso dependerá a nossa salvação…a sabedoria está tão próxima de nós.
Porque teimamos em a rejeitar
Sejamos humildes, pois o nosso conhecimento pode ser apenas ignorância.
Aproveitemos o conhecimento enriquecido pela nossa reserva de sabedoria.
Talvez assim, possamos salvar Portugal.
José J. Lima Monteiro Andrade

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Ou se respeitam os princípios e o povo ou será o fim do regime.

Uma democracia que aceite a legitimação de uma eleição por sufrágio universal e directo, em que a afluência às urnas (votos expressos) seja menor que 50% do eleitorado, como é a eleição presidencial, está a aceitar que qualquer ditadura é legítima.
A legitimidade democrática não é flexível…a sua regra é simples e muito objectiva… uma eleição só terá legitimidade, se for uma expressa e inequívoca expressão da vontade da maioria.
Numa democracia, a Lei terá de ter sempre a sustentação da legitimidade democrática. Nunca, em qualquer circunstância, se justificará que uma Lei adultere este princípio essencial.
A nossa actual legislação eleitoral, não assenta neste princípio essencial de uma democracia, pois permite a ratificação de um acto eleitoral em que a afluência às urnas seja inferior à maioria do eleitorado português.
Um deficit democrático, grave e muito perigoso.
Sendo esta circunstância particularmente visível na eleição do Chefe de Estado, poderemos afirmar que é esta Republica e a Constituição da Republica Portuguesa, que está enferma de um deficit democrático inaceitável e perigoso.
Perigoso porque representa uma inaceitável permissividade a toda e qualquer ditadura.
A regra da sujeição à vontade da maioria, não pode nunca ser violada. Violá-la em 0,1% é o mesmo que violá-la em 40%.
Já foi violada no actual quadro constitucional e nas eleições presidenciais de 2001. Jorge Sampaio foi eleito com apenas 49,7% dos votos expressos do eleitorado português.
A partir desse momento o actual regime deixou de ser uma democracia…ficou ferido o princípio essencial e identificador da legitimidade democrática.
Todas as suas decisões e todas as Leis que promulgou, estão assim feridas de legitimidade e o regime afundou-se irremediavelmente.
A degradação da credibilidade do regime é evidente numa análise da afluência às urnas do eleitorado português desde os tempos de entusiasmo democrático de Abril de 74, até aos dias de hoje.
Essa credibilidade é a base essencial de sustentação da legitimidade de qualquer regime.
Os portugueses podem não ser cultos, mas têm bom senso, intuição e sabedoria e não poderão nunca ser menosprezados, muito menos desrespeitados.
A situação que aconteceu em nas eleições presidenciais de 2001, tem toda uma elevada probabilidade de voltar a acontecer nas próximas eleições presidenciais do início de 2011.
É provável a candidatura de Cavaco Silva, mas com uma afluência às urnas inferior a 50% e por conseguinte ferido de toda a legitimidade para tomar posse como Presidente da Republica.
Ao acontecer de novo esta situação, os portugueses não poderão voltar a ser ignorados perante a expressão do seu desencanto face ao regime.
A sua abstenção nas próximas eleições presidenciais, não pode voltar a ser “rotulada” pelos agentes e servidores dos interesses instalados, como de irresponsável, pois a sua atitude é o sinal inequívoco do seu desprezo por um regime, uma resposta ao desprezo que o regime tem pela sua vontade e pelo sentido da sua sabedoria.
Ao voltar a aceitar-se uma eleição não sufragada pela maioria dos portugueses, então sim, entraremos num processo de ruptura total pelos valores e princípios, que abrirá a porta a uma nova ditadura.
Mas que nunca venham responsabilizar o povo por essa situação.
Os historiadores desta triste época da nossa Pátria, apontarão o erro como cíclico…tal como na 1ª Republica se desprezaram os princípios, também agora se insiste no mesmo erro.
Abdicar do princípio da legitimidade democrática, é abrir hoje a porta escancarada a uma ditadura.
Irei abster-me nas eleições presidenciais de Janeiro de 2011, apelarei a todos os portugueses para que o façam, pois esta denúncia do regime, é essencial para promover a sua mudança ou o seu descalabro final.

José J. Lima Monteiro Andrade

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O erro de Cavaco Silva é o suporte do drama nacional.

O senhor Presidente da República cometeu o grave erro, de não saber interpretar o resultado das últimas eleições legislativas.
Os portugueses falaram claramente. Não deram a maioria a nenhum partido e por conseguinte a única interpretação possível desta vontade, seria o encontro de um Governo de coligação.
O Presidente sabia bem, pois é um especialista com informação privilegiada, que a situação financeira e crítica do país era muito grave e incompatível com a governação sem uma consistência de apoio maioritário.
Escolheu o caminho fácil, não tentou sequer essa perspectiva. Não cumpriu a sua obrigação de saber interpretar o bom senso nacional e pressionar os políticos e os partidos a um entendimento indispensável.
A incompetência e inconsciência do actual Governo, levaram a uma situação insustentável.
Descontrolo das contas públicas, continuidade de um despesismo que assume carácter criminoso e o recurso sistemático ao endividamento externo em condições de uma inaceitável debilidade.
Dar posse a este Governo minoritário e sem qualquer tentativa de procura de consenso partidário, sempre com a desculpabilização constitucional (incorrecta e falsa), foi um acto de irresponsabilidade, de falta de perfil de liderança, de ausência de sentido de Estado e co-responsabilização perante o descalabro governativo.
Também um atitude promotora do desprestigio do regime politico…para que serve um Presidente?
Hoje em campanha eleitoral, pergunta …”se não fosse a minha magistratura de influência o que seria de Portugal?”.
Incrível postura denunciadora de toda a sua fraqueza.
Também da sua principal característica …a falsidade…tão bem evidenciada na sua atitude recente durante a visita do Papa e na sequente postura politica.
A legitimidade presidencial é superior á legitimidade governamental e esse é o sentido da actual Republica, que tem um Presidente, que também não a entende.
Perante as exigências externas e dos nossos credores surge este Orçamento (uma pesada factura) que surpreende todos os portugueses e os obriga a pagar com enormes sacrifícios todo este desvario e irresponsabilidade política.
Faz o senhor Presidente então uma campanha tardia para o consenso partidário à volta da pesada Factura…a primeira de muitas outras que já estão emitidas e que são sonegadas do conhecimento público.
Faz esse apelo de consenso á volta do Governo minoritário que nomeou, contra a inequívoca vontade dos portugueses.
Surgem os falsos discursos do interesse nacional como forma de pressão para que a oposição apoie o pagamento desta primeira factura… dizem, que os mercados (credores) precisam do sinal de confiança.
Novo logro que é lançado.
A confiança dos mercados não dependerá da palavra de quem já deu provas de não cumprir, não dependerá da aprovação ou viabilização de um Orçamento, mas sim da sua execução, que depende exclusivamente do Governo e que não se pode exigir á oposição qualquer compromisso para o seu cumprimento.
A confiança depende do rigor da gestão da coisa pública e do apoio maioritário da população.
Insiste-se no erro e no desprezo pelo bom senso dos portugueses.
Surgem agora as mensagens perigosas.
O discurso do 1º Ministro e do Presidente da Republica são discursos muito perigosos.
“Unamo-nos num sacrifício colectivo, que é o interesse nacional.”
Assim se estabelece o clima de que só o apoio a este governo representa o interesse nacional e que, a oposição não pode exercer o seu direito e tem de assumir o compromisso com o qual não concorda, nem pode concordar…pois o compromisso é falso e não representa a vontade dos portugueses.
O regime afasta-se assim, ainda mais, do seu sentido democrático e apresenta-se aos portugueses como incapaz de enfrentar com dignidade o drama que foi criado.
O principal responsável pelo regime, pelo actual bloqueio e pela enorme despesa nacional que tudo isto representa é Cavaco Silva e esta responsabilização terá de lhe ser imputada.
As eleições presidenciais são assim a grande oportunidade de Portugal encontrar um rumo.
Não creio que haja qualquer candidato com perfil suficiente para liderar uma sociedade desorientada e sacrificada, capaz de personalizar as mudanças, que não podem ser mais adiadas.
Terão de ser os portugueses a fazer essa exigência de mudança.
Dizendo claramente isso mesmo…no actual regime não há possibilidade de mudança, nem de rumo, nem de projecto nacional.
Não o suporto mais com o meu voto…retiro-lhe a legitimidade.

José J. Lima Monteiro Andrade

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Da agonia à esperança.

Iremos para o fundo, numa terrível agonia colectiva.
Iremos ao fundo, se não encontrarmos a Referência que nos una.
Iremos ao fundo, se a Referência usar como arma, o silêncio.
Iremos ao fundo, se as nossas raízes fraquejarem.
Iremos ao fundo, se cedermos na condição humana.
Se olharmos apenas para nós próprios…
Para a satisfação imediata das ansiedades, que nos induzem.
Iremos ao fundo colectivamente, porque somos individualistas.
Porque somos oportunistas e desprezamos o passado e o reconhecimento…
Desprezamos a memória e a sabedoria…os sinais evidentes de desesperança.
Iremos ao fundo, pela indiferença à dor e à pobreza.
Iremos ao fundo porque não unimos a resignação, à revolta.
Porque não assumimos a herança, porque somos complexados.
Iremos ao fundo, porque acreditamos na mentira e desprezamos a realidade.
Porque temos medo da verdade e porque não amamos.
Porque abdicamos dos sentimentos, para satisfazer a vivencia dos momentos.
Porque somos egoístas e não amamos nossos filhos, como nossos pais nos amaram.
Porque já não nos interessa o amanhã, apenas o presente.
Iremos ao fundo porque desprezamos os valores da esperança…
A qualidade e o mérito…a honestidade, a sinceridade e a solidariedade.
Iremos ao fundo, porque não nos reconhecemos numa identidade.
Iremos ao fundo porque apagamos a memória colectiva…
Voltar a sentir essa identidade unificadora é a única salvação.
Amar essa identidade e ter orgulho nela …
Transmitir aos filhos os sentimentos.
Recuperar o sentido do esforço necessário, para tudo na vida…
Ter coragem e formar corajosos …
Com coragem de lutar pelos sentimentos e pelas raízes.
Lutar pela nossa Liberdade perdida…pois já ninguém sabe o que é a Liberdade.
Ser Livre é assumir em todos os nossos actos a plenitude de todo o nosso pensamento.
Ser livre em português, é sentir o prazer e o orgulho, de o continuar a ser.
Iremos ao fundo, porque perdemos o sentido de Portugal.
Que se apague o silêncio da Herança e se restitua a esperança ao povo português.

José J. Lima Monteiro Andrade

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A inaceitável presunção do Senhor Presidente

Ontem o Senhor Doutor Professor Aníbal Cavaco Silva anunciou num discurso patético a sua candidatura a um segundo mandato a Presidente da Republica.
A sua presunção de que somos todos, uma cambada de parvos e ignorantes, é inconcebível.
Lá do alto do seu pedestal o homem que por ter algum conhecimento especializado, não entende que há a sabedoria de todo um povo, que ele desconhece ou despreza, porque nunca teve a formação indispensável para o exercício do cargo de Chefe de Estado.
Passados cinco anos da sua eleição está Portugal numa situação crítica de insustentabilidade e os portugueses sujeitos a um gravíssimo retrocesso do seu nível de vida e dos seus direitos cívicos e sociais.
Questionou, numa tentativa de desculpabilização perante a sua total ausência de sentido de Estado….
”Como estaríamos se não fosse a MINHA acção de influência de magistratura feita de forma discreta mas muito positiva?”
A política só pode ter como parâmetro de análise os resultados objectivos dos seus agentes e interpretes… esse resultado está à vista de todos.
Mas respondamos remetendo duas perguntas ao senhor Presidente …
“ Como estaríamos se o Sr. Presidente tivesse feito a análise correcta das ultimas eleições legislativas e não tivesse dado posse a um Governo minoritário, de incompetentes e corruptos e tivesse exercido os seus poderes para uma negociação que promovesse um governo maioritário?”
“ Como estaríamos se em lugar de tentar manter esse Governo (a tal solidariedade institucional), tivesse de acordo com os seus poderes constitucionais exigido o rigor da verdade governativa, como condição para a não dissolução da Assembleia da Republica?”.
A responsabilidade primeira desta situação que o próprio Presidente classifica como dramática é dele próprio…a não ser assim para que serve um Presidente da Republica?
É esta última questão que encerra o verdadeiro drama político nacional.
É a esta questão que os portugueses terão de responder.
Das duas uma ou continuamos bloqueados através do pensamento incorrecto de que o nosso mal são estes protagonistas medíocres, ou pelo contrario assumimos a lucidez de finalmente perceber que a mediocridade de todos estes senhores é uma consequência deste regime de dominância partidária.
O que está em causa não é o senhor Aníbal Cavaco Silva, nem os seus temores, ou a sua mentalidade, ou a sua incapacidade de sorrir, ou a sua falsidade, o que está em causa é o regime politico que de forma muito progressiva se bloqueou numa oligarquia de partidos políticos totalmente dominados pela Comissão Europeia.
O que está em causa é a nossa soberania e a própria democracia, ou seja a capacidade do povo português decidir por si próprio.

José J. Lima Monteiro Andrade

terça-feira, 26 de outubro de 2010

O conluio Governo e Gestores, no sacrifício do povo de Portugal

A Refer, empresa pública altamente deficitária, toma a decisão de fazer um concurso para abastecimento da energia eléctrica das vias férreas. O resultado desse concurso é anunciado como uma vitória da gestão rigorosa que finalmente chegou. A EDP é preterida pela Iberdrola (empresa espanhola) e anuncia-se uma poupança de mais de mil milhões de euros.
A preferência pelos produtos nacionais, é um desígnio para o povo, mas dispensável para as empresas do Estado.
Ganha com esta decisão a Refer e também o Estado, pois assim terá a expectativa de não ter de entregar as verbas colossais resultantes do deficit crónico da empresa pública.
O Governo vê-se então na necessidade de compensar a EDP, por esta perda de receitas.
Nada que o aumento da tarifa das facturas da EDP, não possa colmatar. Autoriza-se esse aumento de mais de 3,5% e que inclui uma taxa para a RTP.
Ganha a EDP, assim compensada e até com mais-valia relativamente à perda do fornecimento de energia às linhas férreas, ganha a RTP que vê reforçadas as suas receitas e ganha o Estado porque vê diminuídas as verbas a fornecer à RTP.
Ganham os Gestores que já pagos com ordenados milionários e escandalosos, assim vêem a comunicação social tecer-lhes rasgados elogios, justificação indispensável para a manutenção do seu estatuto de privilégio.
Ganha o Estado porque alivia a despesa com a RTP.
Mas a questão é simples …. Quem está a pagar todo este disfarce?
A Comunicação Social aparece assim (na generalidade), como a grande responsável pela mentira que sacrifica o povo português e acentua a adulteração do sentido da governação que cada vez menos é um serviço para o bem-estar do povo e cada vez mais um serviço para o seu sacrifício e para o seu empobrecimento.
A mensagem é diabólica.
Os responsáveis são todos os portugueses porque vivem acima das suas possibilidades… contenham-se na vossa ânsia consumista, poupem, empobreçam, vivam miseravelmente, peçam caridade, vasculhem nos caixotes do lixo, emigrem … porque temos de manter os privilégios dos que estão ao vosso serviço.
O exemplo que apresentamos é apenas uma pequena parcela de toda esta mentira que nos destrói…ela reflecte uma situação concreta da promiscuidade das decisões entre o Governo e as Empresas públicas, mas o mais grave ainda está por ser denunciado… a promiscuidade com a banca e as empresas privadas.
A forma como foram negociados os contratos de garantia das chamadas parcerias público privadas são desastrosos para o povo português e um escândalo que se tenta esconder, que originará encargos insuportáveis para o Estado e novas exigências a este povo já exausto financeiramente.
A estas denúncias coloca de imediato a Comunicação Social situacionista, um chavão …. “populismo”.
Pois então, Viva o Populismo e que surjam os Populistas…pois só através da denuncia de toda a mentira, poderão ser criadas condições para o renascimento do culto colectivo da Verdade.

José J. Lima Monteiro Andrade

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Artigo (de se lhe tirar o chapéu) de jornal russo sobre Portugal

Source: Pravda.ru

Foram tomadas medidas draconianas esta semana em Portugal, pelo Governo liberal de José Sócrates. Mais um caso de um outro governo de centro-direita pedindo ao povo Português a fazer sacrifícios, um apelo repetido vezes sem fim a esta nação trabalhadora, sofredora, historicamente deslizando cada vez mais no atoleiro da miséria.
E não é por eles serem portugueses. Vá o leitor ao Luxemburgo, que lidera todos os indicadores socioeconómicos, e vai descobrir que doze por cento da população é portuguesa, oriunda de um povo que construiu um império que se estendia por quatro continentes e que controlava o litoral desde Ceuta, na costa atlântica, tornando a costa africana até ao Cabo da Boa Esperança, a costa oriental da África, no Oceano Índico, o Mar Arábico, o Golfo da Pérsia, a costa ocidental da Índia e Sri Lanka. E foi o primeiro povo europeu a chegar ao Japão....e à Austrália.
Esta semana, o Primeiro Ministro José Sócrates lançou uma nova onda dos seus pacotes de austeridade, corte de salários e aumento do IVA, mais medidas cosméticas tomadas num clima de política de laboratório por académicos arrogantes e altivos desprovidos de qualquer contacto com o mundo real, um esteio na classe política elitista Português no Partido Social Democrata (PSD) e Partido Socialista (PS), gangorras de má gestão política que têm assolado o país desde anos 80.
O objectivo? Para reduzir o défice. Porquê?
Porque a União Europeia assim o diz. Mas é só a UE?
Não, não é. O maravilhoso sistema em que a União Europeia se deixou sugar, é aquele em que as agências de Ratings, Fitch, Moody's e Standard and Poor's, baseadas nos Estados Unidos da América (onde havia de ser?) virtual e fisicamente, controlam as políticas fiscais, económicas e sociais dos Estados-Membros da União Europeia através da atribuição das notações de crédito.
Com amigos como estes organismos e ainda Bruxelas, quem precisa de inimigos?
Sejamos honestos. A União Europeia é o resultado de um pacto forjado por uma França tremente e apavorada com a Alemanha depois das suas tropas invadiram o seu território três vezes em setenta anos, tomando Paris com facilidade, não só uma vez mas duas vezes, e por uma astuta Alemanha ansiosa para se reinventar após os anos de pesadelo de Hitler. A França tem a agricultura, a Alemanha ficou com os mercados para a sua indústria.
E Portugal? Olhem para as marcas de automóveis novos conduzidos pelos motoristas particulares para transportar exércitos de "assessores" (estes parecem ser imunes a cortes de gastos) e adivinhem de que país eles vêm? Não, eles não são Peugeot e Citroen ou Renault. Eles são os Mercedes e BMWs. Topo-de-gama, é claro.
Os sucessivos governos formados pelos dois principais partidos, PSD (Partido Social Democrata da direita) e PS (Socialista, do centro), têm sistematicamente jogado os interesses de Portugal e dos portugueses pelo esgoto abaixo, destruindo a sua agricultura (agricultores portugueses são pagos para não produzir!!) e a sua indústria (desapareceu!!) e sua pesca (arrastões espanhóis em águas lusas!!), a troco de quê?
O quê é que as contra-partidas renderam, a não ser a aniquilação total de qualquer possibilidade de criar emprego e riqueza numa base sustentável?
Aníbal Cavaco Silva, agora Presidente, mas primeiro-ministro durante uma década, entre 1985 e 1995, anos em que despejaram biliões de euros através das suas mãos a partir dos fundos estruturais e do desenvolvimento da UE, é um excelente exemplo de um dos melhores políticos de Portugal. Eleito fundamentalmente porque é considerado "sério" e "honesto" (em terra de cegos, quem vê é rei), como se isso fosse um motivo para eleger um líder (que só em Portugal, é!!) e como se a maioria dos restantes políticos (PSD/PS) fossem um bando de sanguessugas e parasitas inúteis (que são), ele é o pai do défice público em Portugal e o campeão de gastos públicos.
A sua "política de betão" foi bem idealizada mas, como sempre, mal planeada, o resultado de uma inapta, descoordenada e, às vezes inexistente no modelo governativo do departamento do Ordenamento do Território, vergado, como habitualmente, a interesses investidos que sugam o país e seu povo.
Uma grande parte dos fundos da UE foram canalizadas para a construção de pontes e auto-estradas para abrir o país a Lisboa, facilitando o transporte interno e fomentando a construção de parques industriais nas cidades do interior para atrair a grande parte da população que assentava no litoral.
O resultado concreto, foi que as pessoas agora tinham os meios para fugirem do interior e chegar ao litoral ainda mais rápido. Os parques industriais nunca ficaram repletos e as indústrias que foram criadas, em muitos casos já fecharam.
Uma grande percentagem do dinheiro dos contribuintes da UE vaporizou-se em empresas e esquemas fantasmas. Foram comprados Ferraris. Foram encomendados Lamborghini, Maserati. Foram organizadas caçadas de javalí em Espanha. Foram remodeladas casas particulares. O Governo e Aníbal Silva ficaram a observar, no seu primeiro mandato, enquanto o dinheiro foi desperdiçado. No seu segundo mandato, Aníbal Silva ficou a observar os membros do seu governo a perderem o controle e a participarem.
Então, ele tentou desesperadamente distanciar-se do seu próprio partido político.
E ele é um dos melhores?
Depois de Aníbal Silva veio o bem-intencionado e humanista, António Guterres (PS), um excelente Alto Comissário para os Refugiados e um candidato perfeito para Secretário-Geral da ONU, mas um buraco negro em termos de (má) gestão financeira. Ele foi seguido pelo excelente diplomata, mas abominável primeiro-ministro José Barroso (PSD) (agora Presidente da Comissão da EU, "Eu vou ser primeiro-ministro, só que não sei quando") que criou mais problemas com o seu discurso do que com os que resolveu, passou a batata quente para Pedro Lopes (PSD), que não tinha qualquer hipótese ou capacidade para governar e não viu a armadilha. Resultando em dois mandatos de José Sócrates, um ex-Ministro do Ambiente competente, que até formou um bom governo de maioria e tentou corajosamente corrigir erros anteriores. Mas foi rapidamente asfixiado pelos interesses instalados.
Agora, as medidas de austeridade apresentadas por este primeiro-ministro, são o resultado da sua própria inépcia para enfrentar esses interesses, no período que antecedeu a última crise mundial do capitalismo (aquela em que os líderes financeiros do mundo foram buscar três triliões de dólares (???) de um dia para o outro para salvar uma mão cheia de banqueiros irresponsáveis, enquanto nada foi produzido para pagar pensões dignas, programas de saúde ou projetos de educação).
E, assim como seus antecessores, José Sócrates, agora com minoria, demonstra falta de inteligência emocional, permitindo que os seus ministros pratiquem e implementem políticas de laboratório, que obviamente serão contra-producentes.
O Pravda.Ru entrevistou 100 funcionários, cujos salários vão ser reduzidos. Aqui estão os resultados:
Eles vão cortar o meu salário em 5%, por isso vou trabalhar menos (94%).
Eles vão cortar o meu salário em 5%, por isso vou fazer o meu melhor para me aposentar cedo, mudar de emprego ou abandonar o país (5%).
Concordo com o sacrifício (1%)
Um por cento! Quanto ao aumento dos impostos, a reação imediata será que a economia encolhe ainda mais enquanto as pessoas começam a fazer reduções simbólicas, que multiplicado pela população de Portugal, 10 milhões, afetará a criação de postos de trabalho, implicando a obrigatoriedade do Estado a intervir e evidentemente enviará a economia para uma segunda (e no caso de Portugal, contínua) recessão.
Não é preciso ser cientista de física quântica para perceber isso. O idiota e avançado mental que sonhou com esses esquemas, tem os resultados num pedaço de papel, onde eles vão ficar!!
É verdade, as medidas são um sinal claro para as agências de rating, que o Governo de Portugal está disposto a tomar medidas fortes, mas à custa, como sempre, do povo português.
Quanto ao futuro, as pesquisas de opinião providenciam uma previsão de um retorno do Governo de Portugal ao PSD, enquanto os partidos de esquerda (Bloco de Esquerda e Partido Comunista Português) não conseguem convencer o eleitorado com as suas ideias e propostas.
Só em Portugal, a classe elitista dos políticos PSD/PS seria capaz de punir o povo por se atrever a ser independente. Essa classe, enviou os interesses de Portugal para o ralo, pediu sacrifícios ao longo de décadas, não produziu nada e continuou a massacrar o povo com mais castigos.
Esses traidores estão a levar cada vez mais portugueses a questionarem se não deveriam ter sido assimilados há séculos pela Espanha.
Que convidativo, o ditado português "Quem não está bem, que se mude". Certo, bem longe de Portugal, como todos os que podem estão a fazer. Bons estudantes a jorrarem pelas fronteiras fora. Que comentário lamentável para um país maravilhoso, um povo fantástico e uma classe política abominável.

Timothy Bancroft-Hinchey
Pravda.Ru

terça-feira, 19 de outubro de 2010

A Lucidez numa análise sobre a realidade do momento político.

De Rui Ramos partilho toda esta sua análise do actual momento político que se traduz por um dramatismo inaceitável e incompreensível, no que diz respeito ao Orçamento Geral do Estado.

«Ao ver tantos antigos e prospectivos líderes do PSD em fila para ir convencer Passos Coelho a deixar Sócrates no poder, lembrei-me do mais dramático discurso que um presidente da república fez até hoje em Portugal. Foi a 30 de Setembro de 1974. Spínola veio à televisão revelar que estava iminente a bancarrota, o caos e uma ditadura comunista. E quando toda a gente esperava que o general anunciasse a exoneração do governo, o estado de sítio ou coisa assim, eis que ele participa ... a sua própria demissão. A elite suplente do PSD está na mesma. Brada que este governo não é de confiança, que perdeu o controle da despesa e que vai, com impostos, afogar a economia. Mas em vez de concluir que é urgente arranjar outro governo, que diminua o peso do Estado e crie um ambiente favorável ao investimento, ao trabalho e à poupança, ei-la a proclamar que o melhor é o PSD submeter-se - pela terceira vez num ano - à vontade de Sócrates, viabilizando, sem refilar, o orçamento nos termos do governo. Há razões para a viabilização? Há. A eleição presidencial, que impede uma transição rápida, é a melhor. Mas evitar a bancarrota? Essa já foi a história do PEC de Maio, com a bênção de Bruxelas - e eis onde chegámos. Há ainda quem preferisse aguardar por melhor ocasião para apear Sócrates. Mas quando é que, nos próximos anos, estará o país numa situação em que não seja uma “irresponsabilidade” derrubar o governo? Examinemos, porém, a perspectiva da bancarrota. Dizem-nos que significa descrédito, empobrecimento e governação estrangeira. E como estamos nós? Só o BCE nos empresta dinheiro, divergimos da Europa, e os PECs chegam de Bruxelas. Não haja ilusões: nenhuma simples exibição de “bom senso”, sem mais, fará os “mercados” esquecer que o Estado e o modo de vida em Portugal não condizem com a economia e a demografia. Essa é a questão. Para os mercados, já falimos. Só a alavancagem do país pelo BCE nos tem poupado à realidade. Mas Bruxelas exige agora, como contrapartida, um consenso orçamental. O governo, sempre hábil, viu logo a oportunidade de transformar o que deveria ter sido o seu próprio óbito, num meio de desacreditar a liderança do PSD, forçando-a a aceitar, sem discussão, a agressão fiscal de que discorda e que prometera rejeitar. É isso que está em causa. Vai Bruxelas - e, devido à alienação dos mercados, é de Bruxelas que devemos falar - punir o país se o PSD resistir? A oligarquia do regime, num curioso intervalo da habitual descontracção nacional, resolveu assumir que sim. A tensão deixou o PS e o PSD nervosos com os respectivos líderes. Não haver orçamento tem custos, mas haver, como simples imposição do governo, também. Para começar, o custo do saque fiscal que vai, mais uma vez, compensar a incapacidade governamental de conter as despesas. Depois, o custo político. Porque caso o PSD deixe passar a proposta nos termos que o governo exige (repito: nos termos que o governo exige), dificilmente voltará a ser, sob esta ou qualquer outra direcção, uma alternativa credível - sobretudo se ficar a impressão de que o drama desta semana foi afinal uma comédia. O regime arrisca-se, para segurar as mesadas do BCE, a perder a capacidade de gerar alternância. Acreditem: essas coisas também se pagam.»

Rui Ramos

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A Ditadura das Finanças entra em Portugal pela mão do Partido Socialista

Esta semana é anunciada por alguns articulistas na Comunicação Social a transformação do sistema político nacional numa ditadura de características modernas.
Portugal é mais um país sujeito à ditadura das Finanças.
Um anúncio totalmente realista.
Há três meses o nosso incrível Primeiro-Ministro, apresentava Portugal como o campeão da recuperação da crise entre os países da União, hoje a crise é a justificação para o mais violento ataque ao rendimento das famílias portuguesas.
Sócrates mudou? Não, Sócrates foi obrigado a mudar.
Assim o recomenda e pressionou a Comissão Europeia e assim o exigiu a Chanceler Alemã.
Esta ditadura das Finanças é assim uma imposição externa … o antigo Reino de Portugal, está transformado num simples protectorado Alemão.
Mas o mais grave é que com isso será obrigado ao rigor e à disciplina alemã, o que convenhamos nunca se adaptará muito à identidade do povo português.
A exigência de rigor e disciplina é agora e por enquanto, apenas nas Contas Públicas.
Impõem-nos hoje um Orçamento que não só penaliza fortemente todas as famílias portuguesas, como obriga ao virar da agulha em 180 graus da atitude política do Primeiro- Ministro e origina uma onda de pressão de situacionistas sobre do líder da oposição, que naturalmente acabará por ceder.
Que importa as promessas de Sócrates de que não aumentaria os impostos e muitas outras, que importa a palavra de Passos Coelho num compromisso publico de que não viabilizaria o aumento da carga fiscal? Nada absolutamente nada, porque quem manda em Portugal, não são os portugueses.
Os Partidos dominantes estão sujeitos totalmente à vontade externa, também o Presidente da República, incapaz de se assumir nas suas responsabilidades, abdicando dos seus poderes constitucionais, deixando o país ser governado do exterior e pelos seus agentes nacionais, que lamentavelmente são os partidos dominantes de um sistema que se afunda assim numa Ditadura das Finanças sob a batuta dos Comissários de Bruxelas.
A adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia teve um argumento de peso que a União Europeia apagou. A defesa dum regime republicano e democrático parlamentar.
Se este dramático Orçamento para 2011, resulta de uma pressão Alemã e da Comissão Europeia, o próximo Orçamento já será previamente aprovado pela União e muito provavelmente seremos obrigados ao abdicar da nossa soberania Fiscal.
O que restará então de soberania nacional?
Esta ditadura das Finanças foi o resultado de uma louca caminhada de exageros que nos conduziu a um endividamento externo, público e privado insustentável.
Agora as medidas são apenas para por na ordem as Contas Públicas e já vamos sofrer muito.
Depois virão as medidas de contenção da dívida, porque será impossível dar garantias aos mercados e também à Alemanha apenas por esta via.
Iremos sofrer muito mais.
Todos somos já fantoches….o regime é uma fantochada.
Um Presidente da Republica que nada pode ou quer fazer.
Deputados que o único poder que têm, é o de sancionar as políticas que nos são impostas.
Partidos políticos submissos e que demonstram a todo o povo português que não têm condições de assumir na atitude as suas próprias decisões, nem as soluções que propõem.
Uma ditadura das Finanças, que conseguiu impor-se mantendo na aparência todas as estruturas das democracias.
Uma nova originalidade portuguesa que resulta da indiferença dos portugueses para com a política, associada a um nível cultural dramaticamente fraco, a uma total ausência de consciência cívica e sentido de exigência colectivo, que permitiu a progressiva adulteração e subversão dos conceitos, dos valores e dos direitos.
Neste período de 36 anos, passamos do sonho mobilizador e duma participação empenhada e activa, ao total alheamento colectivo.
Passamos do sonho, ao início dum enorme e prolongado pesadelo.
A doutrinação socialista dominante deste período, veio a originar o primeiro lugar no ranking das desigualdades sociais, de direitos e liberdades individuais entre os países da União.
Veio a originar esta ditadura, que nos é apresentada através da mentira de uma crise que os outros já ultrapassaram, mas que justifica toda a irresponsabilidade e os gravíssimos comportamentos éticos de muitos aproveitadores de políticas desastrosas.
A ditadura entra pela mão do Partido Socialista e pela eventual condescendência do Partido Social Democrata.
Não será temporária como nos querem fazer crer, através da repetição de que é a crise mundial que a justifica…a verdadeira justificação é a incompetência governativa, a ausência de patriotismo, o sentido de serviço numa subserviência aos interesses particulares e estrangeiros.
Obrigam-se a sacrifícios todo um povo em nome da fuga à responsabilização política e da continuação da oferta de privilégios imorais.
Mas preserva-se toda a politica anterior … o endividamento continuará a crescer, até nos retirarem de vez o cartão de crédito, o consumo interno baixará e também as exportações…é o caminho do empobrecimento e da miséria que não preocupa minimamente os nossos mandantes internos e externos.
Esta ditadura é bem mais desumana que as anteriores … não tem rosto e apenas critérios de obediência financeira onde não têm lugar sentimentos.
Como seria ainda tempo, se os portugueses tivessem a lucidez de entenderem este facto.
Seria também muito útil que Passos Coelho tivesse perfil de líder e o PSD fizesse uma opção por Portugal.
Não creio que vá ser assim e por consequência não vejo como através do actual sistema político poderemos lutar contra esta ditadura das finanças que toma a partir da aprovação do próximo Orçamento totalmente conta do nosso destino.

José J. Lima Monteiro Andrade

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A crise temida é o resultado da suspensão da democracia, que a República nos impõe.

A crise financeira internacional tem sido o argumento falacioso com que o Primeiro-Ministro tenta justificar a sua incompetência e a sua irresponsabilidade.
Evitar uma crise política é o argumento com que o Presidente da República tenta desesperadamente salvar a pele e branquear a sua incapacidade política.
A democracia está suspensa, pois não pode haver eleições antes de Maio. Daí o argumento de Cavaco Silva.
A República através da sua Constituição criou estes momentos de suspensão do exercício da democracia, impedindo as eleições em períodos pré eleitorais para a Presidência da República.
A crise portuguesa que é genuinamente nacional, veio agora demonstrar esta incongruência do regime republicano.
Não pode haver crise porque a democracia está suspensa. Os partidos terão de ser responsáveis e aceitar (mesmo discordando frontalmente das soluções) o entendimento forçado.
O Presidente da Republica que á um ano deu posse a um Governo minoritário e assim avalisou uma solução de governação manifestamente incipiente para a grave situação que o mais alto magistrado já conhecia, vem agora através da insistência discursiva fazer apelos ao consenso nacional e há responsabilidade de todos os partidos.
Uma desastrosa demonstração pública da contradição do Presidente da Republica entre a atitude e o discurso.
A impunidade face à responsabilidade política fica assim totalmente protegida, pelo menos por mais algum tempo….o importante é salvar este regime e todos os agentes se unirão nesse objectivo.
Todos os partidos deste regime oligárquico, todos os privilegiados que partilham as benesses e mordomias de políticas injustas, sob a capa discursiva de ideologias do passado e sonhos irrealistas, se unem para tentar mobilizar os portugueses a entrar num buraco negro que eles próprios criaram.
Todos os portugueses estão assim a ser empurrados para um buraco negro, que em sucção em espiral, vai apagar o sonho da liberdade e muitos dos direitos adquiridos.
Os que tentam hoje em desespero salvar este regime obsoleto que claramente falhou no seu objectivo essencial…levar os portugueses a terem níveis de vida e vivência semelhantes aos dos outros países europeus… pretendem apenas salvar-se e não serem responsabilizados.
Portugal não tem a tradição de revoluções populares, a ultima e excepção, foi já quase há dois séculos a que chamaram de Maria da Fonte. Portugal tem a tradição de revoluções não anunciadas ou previsíveis, que acontecem em consequência do apodrecimento dos regimes vigentes.
Critica-se o estádio de indiferença do povo …pois foi sempre essa generalizada indiferença que sustentou as revoluções.
Tudo sempre acontece pela arrogância elites políticas, incapazes de compreenderem a sabedoria popular e este simples facto histórico…Portugal é uma Nação antiga onde estão enraizados valores e identidades, que a Republica nunca quis aceitar, sequer compreender.
José J. Lima Monteiro Andrade

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Comemoração do centenário. De que se orgulham os republicanos?

Uma comemoração pública só tem sentido, quando enaltece um acto ou uma época, que orgulha e honra uma população.
Olhando para o acto da Revolução de 1910 e para os cem anos da República, pergunto…de que se honram e orgulham os republicanos?
A génese da República foi o Regicídio, o assassínio frio e ignóbil, do Rei D. Carlos I e de seu filho primogénito o Príncipe herdeiro D. Luís Filipe.
A prática do assassínio político que permitiu a sua instituição, consolidou-se como uma prática republicana, que esteve sempre presente quando foi necessário eliminar os políticos mais carismáticos e populares, ou seja, aqueles que poderiam originar verdadeiras mudanças.
Sidónio Pais foi a primeira vítima. O seu assassinato marca definitivamente a 1ª República e condiciona radicalmente a sua evolução.
A 2ª República, repete a prática com o assassinato de Umberto Delgado.
A 3ª República mantém a prática com Camarate e a morte de Sá Carneiro, que a propaganda republicana, rapidamente quis fazer acreditar que se tratou de um acidente.
As datas das mortes destes líderes populares, destes agentes da mudança ansiada, não irão ser recordadas durante as comemorações do centenário, porque não são dignificantes para o regime, apesar de representarem uma prática de actuação que foi uma constante e de serem momentos determinantes da história dos últimos cem anos.
Mas que outros factos se passaram, que possam honrar e estimular o orgulho dos portugueses?
Não será certamente, o abate em Praça Pública dos opositores ao regime durante a 1ª Republica, nem a sua instabilidade política, que originou a miséria da população.
Tão pouco a nossa participação na 1ª Guerra Mundial, em que os soldados portugueses foram carne para canhão ou sujeitos a tarefas, que os outros aliados não queriam executar.
Também não deve ser das prisões do Tarrafal, de Peniche ou de Caxias, onde a 2ª República encerrava os mais destemidos opositores.
Talvez seja da neutralidade que nos livrou de participar na 2ª Guerra Mundial, mas que teve consequências dramáticas no nosso isolamento económico e originou toda uma enorme onda de emigração.
Mas não creio, que seja pela inglória Guerra Colonial, pela entrega das Províncias, pela destruição do Império.
Não é certamente motivo de orgulho para qualquer português a “descolonização exemplar”, que levou ao abandono de muitas centenas de milhares de portugueses e do seu património, que originou guerras civis em Angola, Moçambique, Guiné e Timor.
Tentará a propaganda republicana encontrar nos últimos anos uma razão que orgulhe os portugueses.
As comemorações do centenário da República só têm como finalidade serem uma tentativa desesperada de salvação da agonia que sofre a 3ª República.
O sonho de liberdade e de democracia que o 25 de Abril transmitiu aos portugueses, está hoje desfeito por uma Oligarquia partidária, que se apoderou do regime e que o bloqueou ao ponto de mais de 70% do eleitorado português, já não se rever neste regime.
A corrupção e a suspeição a todos os níveis da sociedade portuguesa, desde a política ao desporto, são um sinal inequívoco desta agonia.
O Estado democrático de direito, não passa de uma mentira da propaganda, porque a Justiça não funciona, porque há privilégios dos políticos perante a Lei, porque o Estado persegue as empresas e os cidadãos numa ânsia de receita pública e não paga as suas dívidas como pessoa de bem.
Um regime que obriga, que pressiona, que exige, de todos nós, mas que é incapaz de dar resposta adequada, às mais elementares necessidades como a saúde e a educação.
Este Estado Republicano que assume o privilégio de todos termos para com ele uma obrigação permanente, que se arroga em substituto da função educadora das famílias, mas que não respeita, nem acarinha os portugueses nos momentos de crise, acentuando a sua frieza de atitudes e a mentira, na sua tentativa de auto justificação formal.
As comemorações do centenário da República não poderão ser nada que possa enaltecer ou fomentar o nosso orgulho como portugueses, simplesmente actos formais.
O orgulho é essencial para a preservação e progresso de qualquer Nação, a República não tem, nem motivos nem capacidade, para estimular os portugueses.
A própria personalidade do actual Chefe de Estado, é representativa da agonia da republicana. Sem cultura e carisma suficiente para o cargo, ele nem sequer sabe sorrir … um tecnocrata que considera todos os portugueses como um número, que integra uma complicada equação Keyneziana, que na sua presunção só ele sabe resolver.
Só com um novo e forte estímulo, será possível fazer ressuscitar o orgulho português.
Os últimos cem anos da nossa história, não nos transmitem essa motivação.
Só outra herança, que pode dar esse contributo decisivo, é relembrar e assumir, que somos os herdeiros, do mais heróico e glorioso Reino da História Mundial.

José J. Lima Monteiro Andrade