quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A luz ao fundo do túnel

E de repente ficamos a saber que temos a maior reserva de ferro da Europa, que há interessados credíveis em a explorar, que isso implica obras na modernização do transporte ferroviário abandonado, que os portos de Leixões e Aveiro terão de ter obras de reformulação.
Surge o ouro no Alentejo, o gás natural no Algarve, o petróleo em Peniche, que sabemos agora, não teve apetência empresarial de exploração por duvidosas questões ambientais, levantadas por grupos de pressão favorecidos na sua capacidade de intervenção pela comunicação social.
Ficou claro também, que de repente que a União Europeia aceita a alteração do TGV, para uma via rápida de mista (mercadorias e passageiros) o que transforma o porto de Sines como a principal porta europeia para entrada e escoamento comercial, depois da próxima abertura do canal do Panamá…ficamos a saber também que afinal o porto de Algeciras estava já ligado à Europa através da via ferroviária com bitola europeia e assim percebemos melhor a razão do acordo Ibérico feito pelo governo de Sócrates e as vantagens económicas evidentes que adviriam para Espanha.
Tomamos também agora consciência pública que 1/3 do território nacional está em desertificação acelerada, através do alerta divulgado pelo Observatório Espacial Europeu…se bem que tal facto não tenha tido impacto na nossa comunicação social, porquanto levantaria problemas graves de consciência a políticos no activo. em particular ao senhor Presidente da Republica, responsável primeiro pelo estado lamentável de abandono da nossa actividade agrícola.
O sector primário… minas, energia, agricultura e pescas, é finalmente avaliado ainda apenas por alguns portugueses, como essência para o nosso arranque no caminho do desenvolvimento económico e da eliminação da dependência externa, que nos causou todo este empobrecimento brusco e violento.
A luz ao fundo do túnel é assim este pensamento estratégico, que a crise fez ressurgir.
O erro é hoje evidente…Portugal mesmo integrando uma União Europeia fulgurante no seu desenvolvimento, não poderia subsistir como Nação, preterindo o seu sector produtivo à visão de país eminente prestador de serviços.
A luz ao fundo do túnel é esta visão, triste é certo, de ouvir os “carrascos” da nossa produção agrícola e industrial, a falarem hoje na necessidade de consumir produtos nacionais.
Ainda haverá um largo caminho a percorrer para que esta pequena luz, ilumine os espíritos de políticos, sindicalistas e dirigentes patronais, que teimam a esquecer o pensamento económico estratégico, pois persistem em se manter bloqueados na exclusiva premissa do aumento da produtividade empresarial.
Os interesses particulares e de grupos corporativos, dominam ainda a mentalidade geral da economia portuguesa…os ganhos de produtividade estão bloqueados pela mentalidade sindical dominante, pela burocracia estatal, pelo enquadramento jurídico e pela ineficácia judicial. Muito tempo haveria que esperar pelas reformas essenciais que alterassem este enquadramento…mas o pensamento dominante persiste em acreditar que esta é a principal premissa do desenvolvimento.
Essa, e a injecção de dinheiro na economia…dinheiro emprestado e não criado.
É aqui, que está a verdadeira luz ao fundo do túnel…eliminar a nossa dinâmica de endividamento externo…pagar as nossas dívidas com dinheiro criado através da exploração dos nossos recursos naturais…sector primário.
Teremos ainda capacidade humana disponível para os sacrifícios inerentes à actividade mineira, à agricultura e às pescas?
Esta dúvida coloca-se no meu espírito, mas tenho esperança que o sofrimento que hoje muitos já sentem também irá ocasionar uma outra mudança na mentalidade dos portugueses…não é possível continuar a beneficiar dos direitos, sem deveres e esforço.
O Ministro da economia anunciou como provável o maior investimento de sempre realizado em Portugal através da cedência de exploração das minas de Moncorvo…há muitos outros projectos e finalmente Portugal começa a entender as suas próprias potencialidades.
O porto de Sines tem mais condições que o porto de Algeciras…o “papalvo” já fugiu para Paris.
A esperança de voltarmos a ter esperança, veio associada a esta crise e a mudança que ela determinará na nossa mentalidade será a condição determinante para que a nossa saudade do passado histórico se atenue, perante a luz que se alguns já visionam ao fundo do túnel.
José J. Lima Monteiro Andrade

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O despudor de alguns eminentes ex-políticos

Questionados sobre a sua opinião face ao eventual corte do seu subsídio vitalício, alguns políticos tiveram o despudor de responder de uma forma despudorada.
Uma confirmação pública do seu carácter e da sua irresponsabilidade cívica.
Ângelo Correia afirma que estão em causa quebra de direitos adquiridos… ignorando o direito do subsídio de Natal e de Férias de todos os funcionários públicos.
Dias Loureiro afirma que o seu contributo na luta contra a crise é a sua contribuição na criação de emprego…certamente em Cabo Verde onde se encontra refugiado por ser arguido no processo BPN.
Jorge Coelho, afirma que entrega o seu subsídio vitalício a instituições de caridade, sem as referir…e sem esclarecer porque não faz caridade com o chorudo ordenado que ganha na Mota Engil e não com o dinheiro dos contribuintes.
Muitos outros, também questionados sobre a mesma questão recusaram-se a responder… por oportunismo, consciência pesada ou vergonha, mas o que é ainda mais revelador da absurda mentalidade dos ex-políticos, é que apenas uma das respostas foi no sentido de aceitação.
Estes homens pequenos, que subiram a patamares profissionais através da política e servem uma promiscuidade política/empresarial que nos tem custado fortunas, revelam-nos assim toda uma vergonhosa, mas muito nítida “fotografia” de uma das razões e de grande impacto, que nos levou ao actual drama social, político e económico.
José J. Lima Monteiro Andrade

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Finalmente uma estratégia de regime

Chegamos a uma situação de quase ruína…expressa em regressão económica, em eliminação de direitos e rendimentos, em limitações inaceitáveis de soberania, porque o actual regime foi incapaz de se consolidar através de uma estratégia política autónoma.
Ao longo destes 36 anos, a politica desprezou a indispensabilidade de encarar as potencialidades de Portugal no mundo moderno e globalizado. Restringimos as nossas preocupações ao nível da distribuição de rendimentos e das regalias sociais, sem cuidar de as preservar no futuro através do pensamento estratégico de desenvolvimento.
Acreditamos numa ilusão… que pertenceríamos a uma Europa, capaz de garantir o nosso sonho de bem-estar, o nosso novo-riquismo, as nossas necessidades alimentares e a nossa ansiedade consumista crescente.
Esta cegueira de visão estratégica foi fatal para Portugal.
Hoje já se reconhecem os gravíssimos erros cometidos na definição de aplicação dos fundos estruturais que beneficiamos com a nossa adesão à Comunidade Económica Europeia.
Uma boa parte do território nacional (interior) em desertificação ambiental, social e económica galopante, auto-estradas sem rentabilidade possível porque carecem de utentes, escolas abandonadas e novas escolas com despesas de funcionamento e conservação incompatíveis com a melhoria do serviço que as justificaram, hospitais e centros de saúde ingeríveis no aspecto financeiro e na prestação do serviço essencial.
Erramos, porque fomos incapazes de ter pensamento estratégico autónomo, assumindo esse drama de que pertencíamos já a uma outra Nação…como se fosse possível haver uma Nação sem um povo identificado com o novo projecto, homogéneo na sua identidade.
Erramos, porque não pensamos por nós, porque fomos na canção do bandido de uns quantos apátridas.
Assim não o fizeram outros povos, do mesmo projecto…por isso está aí claro, também hoje, a dominância Alemã de novo na Europa, com o suporte subserviente da França.
Acabamos, nesta vergonhosa intervenção externa, que nos vai obrigar a mudar radicalmente de vida e de políticas, sem que tenhamos sequer a possibilidade de pestanejar.
Que esta lição, nos conduza de novo a pensar por nós próprios e nos mobilize a encontrar os projectos e os desígnios que preservem a nossa capacidade de nos auto-governar.
Há sinais de que assim vai ser.
Curiosamente esses sinais não são valorizados na Comunicação Social, apenas ávida da promoção da luta partidária como forma de manter o sistema pelo entretenimento emocional do povo.
O novo ministro da economia, Álvaro Santos Pereira, passa por ser a maior decepção perante as expectativas face ao governo, na perspectiva banal dos analistas políticos da nossa praça…mas é a ele que se deve a primeira alteração substancial na estratégia macro económica, que pode indiciar a viabilidade do nosso futuro.
Trata-se da mudança de agulha nos projectos do TGV e da utilização ferroviária e portuária na sua função decisiva de fomento económico.
A União Europeia já aceitou e garantiu que os fundos previstos serão utilizados para construção de uma via ferroviária mista (pessoas e mercadorias) Sines-Caia, com bitola europeia. Uma importantíssima vitória nacional e uma derrota do centralismo Castelhano de Madrid.
Falta ainda ganhar a segunda batalha. Que a linha que segue de Madrid para França também tenha a mesma bitola…mas agora temos novos aliados para essa guerra…a Catalães e Bascos também convém esta solução.
O porto de Sines passará a ser um importantíssimo pólo de desenvolvimento nacional, por três razões essenciais.
1- Porque passará a ser um porto determinante de importações e exportações de mercadorias do Atlântico e não apenas de acesso de produtos petrolíferos, passando assim para a ser um espaço intermodal de referência nacional, peninsular e europeia.
2- Vinhos e Azeites do Alentejo, passarão a beneficiar de novos mercados (países lusófonos e emigração portuguesa) de uma nova capacidade de competição pelo benefício de terem este espaço de escoamento muito menos oneroso dos custos de transporte e colocação no mercado mundial…dado que muita da reestruturação do olival alentejano foi feita por espanhóis que laboram o produto nos lagares da Andaluzia, esta nova oportunidade de escoamento poderá também assumir o efeito de deslocação para território nacional uma boa parte dos lagares e para a vinha originar uma mais determinada reivindicação na possibilidade de alargamento da área vitícola nacional.
3- Também a nossa dependência e custo das importações sai fortemente atenuada, porquanto a nossa reserva alimentar estratégica será fortemente beneficiada uma vez que passamos a não depender quase exclusivamente do transporte terrestre através dos Pirenéus e nos garante uma outra capacidade negocial com muitos outros países, para além do continente europeu.
É claro que esta mudança radical não é salientada, nem sequer entendida como essencial no quadro do debate político nacional…a mediocridade e traição dos agentes políticos mais influentes assim o determina e a mediocridade da generalidade dos nossos comentadores ao seu serviço assim estabelece.
Pela minha parte fico obrigado a Álvaro Santos Pereira e ao facto de ter atravessado o Atlântico e ter meditado sobre o que este oceano pode e deve vir de novo a nos oferecer, se formos inteligentes e patriotas.
José J. Lima Monteiro Andrade

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A História repete-se. Será? Então haja esperança, motivação e determinação.

Em 1578, D. Sebastião animado pela sua campanha de Tanger (1574) decide dar resposta aos apelos das Cortes para travar a dominância do Império Otomano no Norte de África e assim defender as nossas Praças comerciais. Ouve muitas vozes contra a campanha de D. Sebastião.
Em 1974, o Estado Novo mantinha há mais de dez anos uma campanha militar em África, para travar a influência do Império Soviético nos territórios ultramarinos portugueses. Havia também vozes de protesto contra a determinação nacional em defender os seus interesses e contra a sua opção estratégica ocidental, no quadro da guerra fria.
D. Sebastião morre em Alcácer Quibir, morrem muitos nobres que constituíam a nata do nosso exército e ficamos depauperados com os resgates que tivemos de pagar pelos sobreviventes.
Em 1975, Portugal entrega os seus territórios ultramarinos às forças de influência soviéticas e o nosso exército sofre uma derrota política humilhante, que coloca as chefias na prateleira. Também ficamos depauperados pela necessidade de receber (mesmo sem dignidade) os nossos compatriotas retornados.
Ter participado na derrota de Alcácer Quibir foi humilhante para os que voltaram, como foi humilhante para os retornados a forma como tiveram de fugir e ser recebidos no continente.
Em 1580 com um Cardeal Rei moribundo e hesitante, estávamos sem norte, sem dinheiro e sem desígnio. O nosso Império era cobiçado.
Em 1975, o General Spínola, rotulado de traidor e hesitante, estávamos sem norte, sem dinheiro e sem desígnio. O nosso Império tinha terminado.
Cristovão de Moura foi a personalidade política que ao serviço de Filipe II, conseguiu comprar e impor um novo sonho, numa elite desorientada, através da ilusão de passarmos a pertencer ao Império dos Habsburgos.
Mario Soares, ao serviço da Internacional Socialista, consegue o mesmo, através do sonho europeu e transforma-se no político eminente do Portugal pós revolucionário em 1975.
Em 1580, passamos a pertencer ao Império europeu dos Habsburgos.
Em 1985 passamos a pertencer á Comunidade Económica Europeia.
O populismo nacionalista de António Prior do Crato foi derrotado pela intriga religiosa católica, que o conotou com os inimigos anglicanos seus apoiantes. Os seus “amigos” não o acompanharam quando desembarcou em Peniche, para cercar Lisboa, onde teria apoio de uma armada britânica comandada por Drake.
O populismo de Sá Carneiro, resistiu às tentativas maçónicas de conotação e rotulagens diversas, mas não resistiu ao assassinato.
Duas formas, muito comuns na história de Portugal de travar as popularidades e as suas dinâmicas, quando não seguem os ventos dos interesses dos dominantes europeus.
As promessas de Filipe II feitas nas Cortes de Tomar, foram sendo esquecidas nos reinados seguintes e as vantagens oferecidas aos nobres portugueses, transformaram-se em obrigações de sacrifício. A ilusão europeia de passar a pertencer a um grande e rico Império familiar, que silenciou o povo apesar da sua descrença, também passou a pesadelo através das exigências de progressivos aumentos do pagamento de impostos para a preservação da luxúria e do poder.
As promessas dos Fundos Estruturais e as ilusões de pertencermos a uma sociedade rica e de bem-estar, também começaram progressivamente a desvanecer-se, quando a União Europeia nos passou a exigir comedimento perante os nossos excessos de despesismo e desbarato dos dinheiros públicos.
Portugal europeu do início do século XV, passou a ser um contribuinte líquido do Império dos Habsburgos. Portugal europeu do início do século XXI, também passou a contribuinte líquido. Há 400 anos ainda foi preservada a nossa moeda, hoje já não temos esse instrumento de soberania política.
O aumento dos impostos, estiveram na origem da revolta do Manuelinho ou Alterações de Évora de 1637, que se expandiram por todo o país e são o rastilho que levou à Restauração de 1640. Foi o grito de “Basta” do povo, que nunca sentira vontade, nem afinidade perante uma dinâmica que o empobrecia. Os Nobres agora obrigados a servir nos exércitos dos Habsburgos e perante o evidente desmoronamento do seu Império, sentiram que havia chegada a hora de restabelecer a independência.
O actual desmesurado aumento da carga fiscal está a destruir também agora, toda uma classe média, que é o suporte da nossa sociedade. Sectores empresariais foram sacrificados pela política europeia…a Agricultura, as Pescas, a Construção Naval, o pequeno Comercio, a pequena Industria, numa dinâmica profundamente errada que partia da premissa de que pertencíamos a uma União Política, que nos forneceria todas as nossas necessidades e nos poderia dispensar desse trabalho produtivo.
A crise Europeia anuncia o desmoronamento do seu projecto Federalista.
A tomada de consciência popular sobre as consequências da perda de soberania nacional está a começar a generalizar-se …. as “Alterações”, poderão surgir quando também se começar a entender que temos mais afinidades culturais e afectivas na América do Sul, em África e até na Ásia, do que na Europa a que afinal nunca pertencemos por vontade própria.
Nunca poderemos mudar a nossa situação geográfica privilegiada de porta de entrada e saída da Europa, por isso nunca poderemos abdicar de compromissos com os seus povos e as suas Nações, mas isso não pode levar a que esqueçamos as nossas afinidades naturais, históricas e afectivas e a desperdiçar as oportunidades de riqueza que no futuro isso nos poderá proporcionar.
O domínio Filipino levou a perda de muito património ultramarino nacional…ficou porém o suficiente para preservarmos uma Nação e até para usufruir de momentos de riqueza.
A descolonização não apagou a viabilidade de uma nova forma de recuperação do nosso protagonismo em associação com os países de língua e cultura lusófona.
É que hoje o domínio administrativo sobre os territórios não é determinante para a obtenção de riqueza nacional…bem mais importante será a afinidade cultural/afectiva e a nossa capacidade de a usar.
Será que a história se vai repetir?
Viva Portugal independente e soberano.
José J. Lima Monteiro Andrade

terça-feira, 11 de outubro de 2011

O novo paradigma

Aos políticos exige-se a capacidade de encontrar soluções sustentáveis e não desculpas.
A crise tem sido a desculpa, utilizada sistematicamente pelos políticos para branquear a sua incapacidade e a sua inconsciência cívica.
A crise não é passageira, é uma realidade da economia global onde nos integraram, porventura inconscientemente.
A crise perdurará, pois a economia global é por natureza instável e os paradigmas da economia de bem-estar ou dos Estados previdência estão desadaptados a essa nova circunstância.
As ideologias do passado ainda dominam os partidos políticos, que não entendem, nem assumem esta realidade de exigência. As políticas e as empresas terão de ser flexíveis de forma a conseguirem conviver com as inevitáveis crises.
Os partidos políticos são dominados por uma corte de personalidades, que próximos do poder auferem privilégios e favorecem a corrupção, constituindo a maior força de resistência à mudança de paradigma social e político.
Os actuais partidos políticos com assento parlamentar são por estas duas razões os grandes obstáculos à mudança indispensável. As verdadeiras forças da reacção.
Os que são arautos do esquerdismo, fixam-se na defesa dos direitos adquiridos (em época do desenvolvimento ilusório) e na defesa da luta contra a precariedade, que é a antítese da flexibilidade indispensável à vivencia económica do século XXI.
Os partidos da área do poder, reféns das suas cortes interesseiras e corruptas dificilmente conseguem ultrapassar o lamentável estádio de cedência a interesses internos ou externos e inviabilizam sistematicamente o surgimento do rigor, da clarividência, do bom senso, do desígnio e projecto nacional mobilizador.
O Presidente da República surge como símbolo deste regime caduco e incapaz de assumir a sua indispensável regeneração.
Não é referência credível e não tem estatuto humano, social e cultural, que origine a respeitabilidade generalizada dos portugueses.
Eleito irregularmente por uma minoria da população, que pela via eleitoral claramente denunciou que não acredita no regime, o senhor Presidente da Republica demonstra toda a sua mediocridade na sua afirmação política, na sua nova ansiedade de intervenção com que quer marcar este seu segundo mandato.
Os seus discursos e intervenções são delirantes de generalidades e imprecisões, de incapacidade mobilizadora.
“Temos de viver de acordo com as nossas capacidades”…não sr. Presidente, o Estado não pode gastar acima das suas receitas (como se, o seu silêncio durante cinco anos não tivesse sido uma conivência dramática)…”temos de exportar mais e importar menos”…como? Senhor Presidente diga-nos como, pois a sua politica de destruição do tecido industrial, comercial, agrícola e marítimo nacional, foi determinante para esta situação de dependência externa.
Estas banalidades e generalidades são o refúgio do medíocre, que na sua arrogância desculpabilizante assume na plenitude o simbolismo de um regime incapaz de se reafirmar pela mudança. Mudança, que parcialmente nos impõem agora através do vergonhoso “resgate” a que a incompetência política nos conduziu, mas que será insuficiente se a sociedade portuguesa não se assumir num novo protagonismo de exigência.
A mentalidade dos nossos políticos e os interesses particulares da oligarquia governante chocam hoje já claramente com uma nova mentalidade que começa a surgir através da juventude herdeira da crise.
A luta de classes é agora encarada como o grande erro…as empresas terão de ser equipes homogéneas e motivadas para sobreviverem. A cultura da solidariedade nos processos produtivos e da emoção pelos resultados, terá de constituir a premissa essencial do aumento da nossa produtividade empresarial.
Direitos e obrigações terão de ser reequilibrados e passar a constituir uma nova mentalidade colectiva… o trabalho é um direito (cada vez mais um privilégio), interligado à obrigação do cumprimento rigoroso do contributo individual, para a máxima capacidade produtiva.
A geração que agora procura entrar no mercado de trabalho não quer ser ingrata para com seus progenitores, mas sente que tem melhores qualificações e que está bloqueada…a sua atitude não pode ser a de uma luta inter-geracional, mas exige uma oportunidade no país onde nasceu e que felizmente ama.
Por isso é com orgulho que finalmente vejo chegar à opinião pública uma nova mensagem protagonizada por esta juventude…. Sentimo-nos preparados para contribuir para ajudar Portugal, somos a geração mais qualificada da nossa história, sabemos que temos de trabalhar mais, com mais rigor, maior empenhamento, mais horas e até mais anos, porque só assim asseguraremos o rendimento nacional e a possibilidade de nossos progenitores terem reformas dignas, saúde pública e nossos filhos educação conveniente…dêem-nos a oportunidade de contribuir para salvar Portugal.
Gostei de ouvir esta nova postura.
O país não é o Estado, ao Estado compete a mobilização do país e essa é uma mudança essencial…é preciso libertar a sociedade civil para que o caminho do desenvolvimento aconteça.
Estes jovens merecem a resposta conveniente… a profunda reforma do Estado, do regime e do sistema.
Mudança de paradigma é o que exige a nossa juventude…um projecto nacional, pois temos matéria humana e muitas potencialidades…se deixarmos de olhar apenas para o continente e voltarmos a olhar para outros horizontes e soubermos escutar o coração dos portugueses.
José J. Lima Monteiro Andrade