domingo, 28 de novembro de 2010

A crise da zona euro e a resignação portuguesa.

Quem sabe em Portugal, quem é Herman van Rompuy?
Quantos portugueses o conhecem?
No entanto, ele é o Presidente da União Europeia…não foi eleito, foi escolhido.
No entanto, Portugal está dependente politicamente da União Europeia, é membro e subscreveu o Tratado de Lisboa.
Herman van Rompuy, é também o Presidente dos Portugueses, hierarquicamente acima do Chefe de Estado de Portugal.
Escandaloso não é? Mas é a realidade.
O Presidente da União disse:
“Estamos confrontados com a crise da nossa sobrevivência…a zona Euro e toda a União, não sobreviverão se continuarem os actuais problemas orçamentais de alguns países”
Foi então, que o Governo português se apressou a comportar-se como “bom aluno”…vieram os PECs e o Orçamento.
Mas o Presidente prossegue o discurso:
“ …temos de trabalhar todos em conjunto para permitir que a Zona Euro sobreviva…porque se a Zona Euro não sobreviver, a União também não sobreviverá.”
Mas não explica duas coisas.
Porque razão já existia União ( ou CEE) antes do Euro e porque razão o Euro se transformou em decisivo problema para a sobrevivência da União?
Ou seja, se a União se formou e consolidou sem o Euro, sem moeda única, porque que é que entrou em tão dramática crise de sobrevivência, com a adopção da moeda única?
A razão é simples e não tem nada da complexidade, com que é apresentada através dos mercados financeiros…é uma questão eminente e exclusivamente política.
A União colocou o “carro à frente dos bois”. Avançou para uma moeda única, para pressionar através dos complexos mecanismos financeiros, a estratégia de adopção do Federalismo Europeu.
Hoje já se sabe a verdade. Uma moeda única, com a manutenção do direito democrático das Nações de terem total autonomia de gestão da coisa pública e sem a transferência da soberania fiscal, não funciona.
A União está paralisada, porque os povos das Nações, que a constituem, não lhe deram legitimidade para prosseguir no caminho desejado pela Comissão, ou pela Ditadura dos Funcionários.
A questão colocada pelo Presidente da União Europeia, pode e deve ser colocada de outra maneira…é o Euro que está a por em causa a União Europeia. É a atitude anti-democratica da Comissão Europeia, de pressão sobre os Estados soberanos, que está a colocar em causa a sobrevivência da União.
O problema é delicado para o senhor Van Rompuy e para o senhor Durão Barroso…têm de salvar o Euro, para salvar a sua pele, a pele dos seus servidores e a estratégia da progressiva consolidação da Federação Europeia, feita á revelia da vontade expressa dos povos das Nações.
A salvação do Euro, dependerá da solidariedade financeira das Nações ricas da Europa e da submissão das Nações pobres e periféricas.
A Alemanha nacionalista, tem a palavra. O povo alemão só será solidário se aproveitar e se dominar.
Saída derrotada da última grande guerra e passados sessenta anos a Alemanha nacionalista, volta a ter condições de impor a sua vontade. O Euro, foi o seu instrumento precioso de dominação.
A Alemanha só aceitará salvar o Euro, impondo fortes condições de dominação aos países periféricos. Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha e Itália, terão de aceitar as imposições alemãs, o seu rigor e as suas políticas, para continuarem a usufruir, na sua ilusão.
A questão política, é assim bem mais grave. A palavra é dos povos europeus periféricos.
Aceitarem serem simples protectorados, ou prepararem uma resposta conjunta, ou individual, para este seu problema de sobrevivência enquanto Nações.
Em Portugal as actuais forças políticas do regime, apenas pensam e reagem na perspectiva da continuidade na Zona Euro e na resignação face à sua perda de soberania.
A questão é gravíssima, pois essas forças políticas do actual regime, evitam a consciencialização do povo português, para este caminho de insolvência nacional.
Felizmente que Van Rumpuy e Durão Barroso, são lideres fracos, sem consistência e audiência.
Felizmente que Sócrates é um incapaz, felizmente que Cavaco é uma simples aparência.
Porque foram eles que sem o querer, que puseram em causa a ilusão.
Ilusão com que os portugueses viveram nos últimos 20 anos, promovida e propagandeada pelo regime, que agora não sabe como a pagar.
Nossos filhos e netos, vão sofrer a maior das condenações…uma ou mais gerações que está condenada a viver pior do que a anterior…resta-lhes sair e procurar uma vida melhor.
A nós, que entendemos a condenação, resta-nos varrer e responsabilizar todos os que condenaram nossos descendentes. Ao manter uma atitude de resignação, de tolerância ou de aceitação…seremos acusados por eles e com toda a razão, de termos sido uma geração de egoístas e de castrados.
José J. Lima Monteiro Andrade

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