Perante uma situação de pré-falência, a Irlanda assumiu o pedido de ajuda financeira à União Europeia e ao FMI.
O primeiro-ministro irlandês garantiu que pedirá a sua demissão e a convocação de eleições legislativas após as negociações e a aprovação de um Orçamento para 2011.
Esta postura parece lógica. O povo irlandês irá votar, consciente das dificuldades que terá de encarar, mas escolherá quem deve gerir a coisa pública, num comprometimento nacional de encarar o drama e de defender os interesses colectivos. A Irlanda ganhará assim a confiança internacional, pois foi a escolha popular, que deu o aval ao Governo, que garantirá em nome do povo, a atitude correcta em sua defesa.
Tão diferente é a atitude portuguesa.
O Presidente da Republica assegura e preserva um Governo minoritário, cujo programa eleitoral esqueceu e rasgou. Um Governo incapaz,, que promove a desconfiança internacional, penalizando por esse facto, toda a classe média portuguesa e agravando a situação financeira.
O Presidente da Republica, não ignora este facto e sabe bem que a situação política é insustentável e penalizadora de Portugal.
Mas ele precisa dos votos para ser eleito, nas eleições presidenciais de 23 de Janeiro. Precisa dos votos do Partido do Governo, por isso o preserva e dos votos do PSD, por isso o manipula.
O Presidente da Republica coloca a sua eleição acima, do que sabe bem, ser o interesse nacional. Adia uma solução inevitável, mas nem coragem tem, de anunciar a sua decisão como protagonista futuro.
O que o Prof. Cavaco Silva está a fazer, como candidato com maior probabilidade de eleição, é pura e simplesmente passar um atestado de mediocridade ao povo português, sonegando-lhe a realidade, não informando sobre a atitude que tomará no futuro.
Não será possível, muito menos desejável, manter um governo minoritário como gestor da actual crise financeira e manter toda a reserva de credibilidade, nos credores de Portugal.
A escalada de aumento dos juros sobre os créditos nacionais não diminuirá e seremos empurrados para soluções de socorro, bem mais penalizadoras do que as negociadas previamente.
Os políticos irlandeses são sérios e respeitadores dos eleitores, os políticos portugueses não sabem o que isso é.
A democracia funciona e resolverá na Irlanda, em Portugal este simulacro de democracia, não só não funciona, como condena e bloqueia qualquer solução.
Os outros candidatos presidenciais, são meros adereços, desta Oligarquia dominada por dois partidos políticos.
Alegre, uma insignificância política, porta-voz da mensagem que mais contribuiu para a dramática situação de dependência a que chegamos. Lopes, a personagem característica da postura autónoma, do defunto PCP. Nobre, a tentativa monárquico-maçónica, de evitar uma postura de oposição ao regime republicano, canalizando votos, de descontentes ingénuos e monárquicos resignados ou dependentes do regime.
Cavaco será eleito, sem ter necessidade de ser frontal e sincero. Ele cumprirá a indispensável postura de neutralidade entre os dois partidos dominantes, pois assim alcançará a sua fácil vitória.
Os dois partidos dominantes e também o CDS, que espera vir a obter umas migalhas no futuro, garantirão a sua eleição, porque os seus militantes e amigos, sabem que com essa estratégia se manterão na esfera dos privilégios e serão convidados para a distribuição das mordomias.
Não vão ser necessárias eleições,, eles saberão entender-se.
A democracia é uma fachada e o povo é submisso.
A questão grave é que se entenderão para governar, para gerir o dia a dia, mas nunca para mudar.
A mudança ficará adiada…o Estado continuará tentacular, absorvente e despesista…a dissolução de Portugal prosseguirá, não através de qualquer doutrina política, protagonizada por Manuel Alegre ou Fernando Nobre, mas sim pela dependência dos partidos desta maioria da governação, ao sabor das dinâmicas externas.
A Portugal será retirada a sua essência…a possibilidade de ter um projecto autónomo e independente e de se afirmar no Mundo, através das suas enormes potencialidades e recursos, com um projecto nacional.
Serve à medida a “panaceia” maçónica de que somos um pobre e pequeno país.
As eleições presidenciais são uma oportunidade dos portugueses se afirmarem…responsabilizados ficam todos, os que continuarem a votar como um dever, que não seja, de confiante e convicta afirmação.
A abstenção em Portugal, passou também a ser uma originalidade…de alheamento e desinteresse, passou a assumir o sentido patriótico e um dever de consciência, para muitos portugueses.
A única opção possível e correcta de dizer…Basta, impõe-se a Mudança.
José J. Lima Monteiro Andrade
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