domingo, 28 de fevereiro de 2010

A angústia republicana e a neutralização monárquica

A neutralização dos monárquicos, na luta do fim do Regime

Todos sentem que o regime não tem já capacidade de reposta.
Todos sentem que o verdadeiro problema nacional é esta Oligarquia partidária, que esmagou o sonho de liberdade e democracia. Que criou um sistema de dominância partidária, que não permite soluções sustentáveis.
Todos sentem e querem mudar.
As próximas eleições presidenciais são assim, o momento decisivo de uma luta política para a mudança do regime republicano.
Sucedem-se as expressões dessas tentativas de mudança, começam a aparecer os protagonistas das diversas versões do caminho a seguir.
Procura-se a derradeira tentativa de regeneração da República.
A primeira e óbvia das acções destes diversos agentes da tentativa de regeneração republicana, foi naturalmente a neutralização dos monárquicos.
A Monarquia não poderá fazer parte da agenda política, desta luta intensa e derradeira, que agora se inicia.
A candidatura de Fernando Nobre, teve também esse objectivo.
Esta candidatura, tenta comprar o silêncio dos monárquicos, ao dar-lhes esta inconcebível compensação, de um monárquico ( ex-monárquico como se define), ser o verdadeiro arauto do idealismo republicano.
Tem ainda esta candidatura, o objectivo de retirar eleitorado a Manuel Alegre, mas favorece claramente a candidatura de Cavaco Silva.
Este, não quer assumir o papel de liderança da tentativa de regeneração, através do reforço dos poderes presidenciais e do caminho republicano presidencialista.
Cavaco Silva, rejeitou sempre a possibilidade que o eleitorado lhe deu, para assumir esse protagonismo, sobretudo agora, onde poderia ser o promotor de um governo de bloco central, ou de um outro governo de iniciativa presidencial, dado o descrédito público evidente do actual Primeiro-Ministro e da incapacidade deste Governo minoritário para ultrapassar a actual crise portuguesa.
Os defensores do presidencialismo, vêm assim goradas as suas expectativas em Cavaco Silva.
A verdadeira incógnita desta luta, está na postura que os dois partidos dominantes irão assumir.
Levantam-se já os defensores do bloco central. O Pacto Económico e Estabilidade, será um passo nesse sentido. De Pacto, poderá evoluir para Acordo partidário de regime.
Uma candidatura autónoma deste bloco central, poderá vir a ser a solução de preservação do actual sistema e regime.
Também poderá vir a ser uma tentativa de regeneração, se desse acordo fizer parte a revisão constitucional e o reforço dos poderes presidenciais.
O Partido Socialista tem assim de optar, entre duas opções, deixar-se afundar com Sócrates, ou ser protagonista de uma solução. São já evidentes as manifestações de mal estar dentro do PS, decorrentes desta dilema.
As eleições no PSD, serão também decisivas para a viabilização desta solução.
O mais importante que se vai jogar nestas eleições internas do principal partido da oposição, é precisamente a sua postura futura….de apoio a Cavaco Silva, ou de apoio ao acordo de regime e formação de uma solução de bloco central dominante.
Dado o “clubismo” prevalecente nestes dois partidos (PS e PSD), não parece muito viável, que a solução do PSD, venha a ocasionar uma possibilidade de acordo de regime entre estes partidos.
E se assim for, será dada mais uma oportunidade a Cavaco Silva de assumir-se como o protagonista do presidencialismo, mas dada as suas tibiezas anteriores, são poucos os que nele já acreditam.
Ficaremos então na mesmíssima situação. Com ou sem novas eleições legislativas.
Um Pacto de Estabilidade sem consistência política, nunca será cumprido…o regime continuar-se-á a afundar.
Se todos fossemos lúcidos, poderíamos ver as coisas de outra maneira.
Se um Chefe de Estado não estivesse dependente destas lutas partidárias, como seria bem mais fácil encontrar soluções de consenso partidário de governação.
É por isso, que nas Monarquias as crises políticas são facilmente ultrapassáveis, pois não existem crises de regime como esta, de tanta gravidade, que gera tanta confusão e lutas partidárias, tanto desvio das atenções e das energias, que não têm nada a ver com o indispensável acordo maioritário para a resolução da crise económica e financeira nacional.
Mas a premissa foi precisamente a neutralização da mensagem monárquica, porque para os republicanos, sempre esteve primeiro a defesa da sua doutrina e do seu regime, do que os interesses dos portugueses e de Portugal.
José J. Lima Monteiro Andrade

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Monárquicos aprisionados.

Há muitos monárquicos que estão aprisionados.
Não apenas porque muitos estão acomodados, outros resignados, muitos descrentes e confusos.
Esses estão, como a generalidade dos portugueses,já não acreditam nem no regime, nem no sistema político, não sentem, nem ouvem, nenhuma mensagem alternativa que os estimule, mobilize e lhes dê esperança.
Mas há também outros, que através da manipulação, da instrumentalização e da adesão a estratégias incoerentes, engrossam toda uma fileira de agentes políticos, cujo significado é apenas o de gerar ainda mais confusão e tem sempre como consequência derradeira, um bom contributo para a preservação do regime republicano e do actual sistema político.
Há assim, os que agora estão a ser mobilizados para aderirem a manipulações, que pretensamente querem alterações de um parágrafo de uma alínea da Constituição da Republica.
Como se isso fosse possível, através de uns escassos milhares de assinaturas, como se isso de alguma forma fosse um contributo sério, para o projecto monárquico, como se isso fosse coerente.
De que serve essa estranha ideia, de querer transformar uma Constituição da Republica, na Constituição de Portugal?
Não percebem esses arautos, de que isso seria ainda dignificar mais, o regime que afirmam querer mudar?
Substituir na Constituição da República, a noção que está expressa “ sistema republicano…”, pela outra “sistema democrático…”, seria uma enorme derrota para os monárquicos, na medida em que passariam a ser estes (monárquicos) os defensores da oficialização constitucional, de que democracia é sinónimo de regime republicano.
Pois é precisamente a antítese desta tese, que os monárquicos convictos defendem…
O regime Monárquico é aquele que melhor pode preservar a democracia politica representativa e aquele que salvaguarda as liberdades individuais.
Isso nunca poderá ser alcançado, através de mudanças pontuais e muito menos apenas de uma alínea de um artigo, pois há muitos outros preceitos estabelecidos na actual Constituição que defendem e preservam a Republica, o que de resto é absolutamente natural, uma vez que ela estabelece e regula, o regime republicano.
O Partido Popular Monárquico, ao delinear esta estratégia tem absoluta consciência do serviço que está a prestar á Republica e procura apenas através do nome que mantém, conseguir a sua sobrevivência no actual xadrês partidário, uma vez que os partidos dominantes lhe ficarão reconhecidos, pelos seus préstimos de mobilizar monárquicos incautos e o ajudarão na sua luta, contra a desejável e indispensável extinção.

Uma nova tentativa de manipulação surge agora através das candidaturas à presidência da Republica.
Lança-se a triste panaceia, de alguns destes candidatos são simpatizantes ou mesmo monárquicos convictos.
Muitos monárquicos são seduzidos para esta nova tentativa da sua manipulação.
Mesmo que se tentem encontrar justificações, através de argumentações sem consistência real, para justificar que não haverá qualquer contradição na coerência de um monárquico que se candidata a umas eleições para Presidente da República, então haverá sempre, que perguntar, qual é o seu objectivo político perante a mudança de regime.
Ou seja, Manuel Alegre e o Dr. Fernando Nobre, nos seus manifestos de candidatura, terão de se afirmar muito claramente, sobre a sua posição face ao regime político.

Perante estas duas tentativas de confundir muitos portugueses, que se afirmam como monárquicos, há que exigir também uma posição de clarificação das organizações monárquicas, nomeadamente da Causa Real e das Reais Associações.
Não podem continuar estas organizações, a manter a cabeça debaixo da areia, face a tão evidentes tentativas de confusão e de divisão entre os monárquicos.
A sua recusa e escusa sistemática, de intervenção sobre as questões políticas e sobre os graves problemas da sociedade portuguesa, têm ocasionado a descrença e o alheamento de muitos monárquicos e só tem contribuído para o surgimento de novas dinâmicas organizativas dos monárquicos que não se revêem neste inaceitável imobilismo de intervenção.
Mas agora já não se trata de mobilizar novas vontades e afirmações para uma Causa, mas sim de evitar uma divisão e uma manipulação de muitos dos seus fiéis aderentes.
Já não é apenas, pelo triste abdicar de serem os protagonistas de uma mensagem mobilizadora de que carecem todos os portugueses e de salvação nacional.
É que se não responderem e se não se afirmarem inequivocamente estarão também a ser cúmplices.
Este é o meu apelo, como monárquico e como primeiro subscritor da Petição para a realização da Convenção Monárquica 2010.
Uma afirmação esclarecedora, firme e consensualizada, da atitude e do projecto monárquico para Portugal, não pode ser mais adiada.
Unamo-nos então para libertarmos todos os monárquicos prisioneiros.
Afirmemo-nos na defesa da Liberdade para todos os portugueses.
Porque Portugal precisa de nós.
José J. Lima Monteiro Andrade

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

A derradeira tentativa de regeneração da República

A 3ª República reconhece a sua agonia.
Os partidos políticos sufocaram-na através do seu domínio.
Não há democracia sem partidos, como não pode haver democracia sem a livre participação cívica da sociedade organizada nas suas mais diversas formas de representação social e sectorial.
Mas os Partidos dominantes, tudo quiseram dominar.
Criaram a mais perigosa das mentalidades anti-democráticas…só através de nós (partidos políticos) haverá sucesso.
Só através de nós as empresas serão bem sucedidas, as autarquias serão bem geridas, as audiências televisivas serão garantidas, as falências serão evitadas, as carreiras políticas e sociais serão favorecidas, os privilégios serão alcançados.
Uma situação que foi desgastando a credibilidade dos políticos, do regime e do sistema.
Uma situação que foi desmobilizando o interesse e a vontade participativa de uma população que se sente desmotivada, angustiada e descrente.
Tenta em quase desespero a 3º Republica, salvar esta triste imagem de um regime em total falência, que leva um país com nove de séculos a um verdadeiro estado de dissolução.
Anunciam-se as candidaturas independentes dos partidos políticos, às eleições presidenciais.
Estas candidaturas tentam fazer renascer a verdadeira e genuína mensagem republicana.
É a tentativa de regeneração do idealismo republicano, em que se apresentam candidatos à Chefia do Estado, como homens livres da sociedade civil isentos de compromissos partidários.
Primeiro Manuel Alegre, que logo se viu enfeudado pelo Bloco de Esquerda e agora não terá outro remédio se não o de aspirar ao apoio do seu partido do coração, o seu partido Socialista.
Falhava desde logo a tentativa idealista de Manuel Alegre e de alguns dos seus apoiantes, o que de resto era previsível dada a sua militância partidária.
Este falhanço imediato da candidatura de Manuel Alegre, origina a abertura de espaço político para a candidatura de Fernando Nobre.
A mesma mensagem, em espaço politico/ideológico muito próximo, mas agora através de uma personalidade que dava mais garantias de independência e isenção partidária.
O monárquico Fernando Nobre, transforma-se assim no verdadeiro arauto da regeneração do idealismo republicano.
A contradição preserva-se através da ausência de convicções de uma personalidade, que aceita assim renegar a sua doutrina, pela promessa de apoios daqueles que são ou têm sido os verdadeiros sustentáculos da República.
A maçonaria, tenta assim por esta via, a regeneração do seu regime republicano parlamentarista.
O discurso de apresentação de Fernando Nobre, não deixa margens para dúvidas, onde nunca é esquecida essa palavra tão simbólica de “cidadania”.
Sabe bem a maçonaria como base de sustentação da regime parlamentar, que o momento é delicado e que a vitória de Cavaco Silva, poderá vir a ser o primeiro passo numa evolução galopante, no sentido do reforço dos poderes presidenciais e no caminho para a via republicana do presidencialismo.
Mas não sabemos ainda, se todas as pedras estão já em cima da mesa deste jogo de salvação da 3ª República.
Onde vai apostar o Partido Socialista? Este Partido Socialista dominado pelos políticos não submissos às seitas secretas e apenas aos interesses e ambições dos seus dirigentes.
O mais provável, será a opção por uma candidatura autónoma, através de uma personalidade que motive a simpatia de uma faixa do chamado centro direita, que não se reveja na perspectiva presidencialista, que representará Cavaco Silva. Fala-se já em Jaime Gama.
Fernando Nobre e o idealismo republicano, estarão condenados e Manuel Alegre ficará reduzido ao apoio do Bloco de Esquerda.
A Oligarquia partidária voltará a vencer, pois todas as regras do jogo estão viciadas.
O idealismo republicano não tem já ele próprio lugar nesta Oligarquia, em que se fixou a 3ª República.
A 3ª Republica prossegue assim o seu processo de auto-condenação e de auto-extinção.
A descrença sairá reforçada e Portugal cada vez mais fragilizado.
José J. Lima Monteiro Andrade

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A auto-estima de um povo é a única garantia de liberdade.

Não me apetece ficar calado e deixar de alertar, para com a mais grave das dependências … a dependência face à mentira pública.
Fico transtornado com estupidez, com a inconsistência dos discursos, atitudes ou propostas e com a manipulação feita através da sobranceria medíocre de alguns, tendo ou não, consciência dos seus actos.
A coerência já não é uma exigência social, pois a ansiedade de protagonismo é tão grande, que basta o pronunciamento de uma palavra, para justificar publicamente uma opção, que deveria estar consolidada em cada arauto, como uma convicção.
Assim será, se alicerçarmos esta tendência de sermos uns iletrados e como tal permissivos.
Ninguém já é coerente, com o que diz ser.
Apátridas que se dizem portugueses, capitalistas que se afirmam socialistas, republicanos que se afirmam monárquicos, servidores de interesses que se afirmam representantes do povo.
Uma sociedade onde este nível de esquecimento da exigência de coerência, está condenada à mais grave das vulnerabilidades….a mentira passa a ser a verdade.
Todos passaremos a andar à deriva e todos seremos enganados.
Portugal corre este sério risco. O risco de ultrapassar o grau mínimo de exigência para com os seus dirigentes, pelo retrocesso cultural das suas actuais elites.
A estas elites mesquinhas, nunca interessará a cultura da identidade, nem a referência dessa identidade com o seu passado, porque isso seria o grande obstáculo à sua afirmação.
Os interesses económicos e financeiros internacionais e das organizações políticas, que com eles partilham uma sinistra cumplicidade, associam-se a estas elites pequenas, produzindo uma nova moda e programando cada vez mais todas as sociedades, num determinado sentido.
Ser apátrida passou a moda.
As expressões de deturpação histórica, são um reflexo lamentável, do ponto a que chegamos, em que ser apátrida passou a moda...uma moda que nos asfixia e que não permite que sejam os portugueses a definir o seu próprio caminho e de escolher o seu próprio futuro.
Portugal não é pequeno...só o é actualmente, por que as suas elites também o são.
Mas essas elites não representam um povo de grande envergadura, com uma enorme dignidade, que tem de ser respeitada.
Esta moda, entrou em Portugal pela mão da propaganda republicana e consolida-se cada vez mais pela cedência a uma União Europeia, sem consistência política, nem identidade social, permissiva à nova doutrina da globalização.
Resistirão a toda esta tendência de uniformização de hábitos, costumes e dependências, apenas os povos, os países e as Nações, que consigam preservar uma referência de identidade. Que consigam preservar a unidade, com base na sua auto-estima e no seu orgulho próprio.
A diferenciação humana está ameaçada, a diferenciação dos países e das Nações está ameaçada… ameaçada está assim a LIBERDADE.
Governos supranacionais, estarão cada vez mais facilmente justificáveis.
A burocracia eliminará a democracia, porque a representatividade deixa de ser motivante e passará a ser empecilho. Estaremos então todos resignados.
Resistirão os povos e os países com referências de unidade, com o seu passado, onde a auto estima do povo esteja preservada.
As monarquias serão os últimos baluartes da democracia e da liberdade e provavelmente os pioneiros de uma nova era da história mundial.
José J. Lima Monteiro Andrade

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Sobre a candidatura do Dr. Fernando Nobre à Presidência da República.

Verifico com alguma surpresa, que a anunciada candidatura do Dr. Fernando Nobre suscitou algum entusiasmo entre personalidades monárquicas.
Dizem-me até alguns, que o candidato terá essa simpatia ideológica.
Como sou monárquico e prezo a minha coerência, vejo numa eleição para a Presidência da República, o principal acto de sustentação do regime.
Para os republicanos também o é, pois uma eleição presidencial, é um acto periódico do povo avalisar o regime republicano. Um referendo periódico, como defendem.
Contrariamente a algumas teses que por aí se defendem, até acho que a actual Constituição da República portuguesa e a legislação eleitoral é muito democrática, uma vez que não impõe o voto obrigatório, como acontece em algumas outras Repúblicas.
Também não perfilho dessa ideia romântica, ingénua ou outra coisa, muito divulgada entre os monárquicos republicanos, de que mudando alíneas da actual Constituição se abram quaisquer portas para a alteração do regime.
A actual Constituição da Republica, não é, nem nunca será, a Constituição de Portugal, mas sim a que regula e preserva o actual regime.
Estes equívocos, são uma forma subtil de mascarar os serviços que muitos que se afirmam monárquicos prestam ao regime republicano. Muitos deles por manifesta ingenuidade, outros por subserviência e conveniência pessoal ou partidária.
Uma candidatura presidencial é assim, desde logo, um inequívoca afirmação do candidato de legitimação e lealdade para com o regime republicano.
Não pode ter outro sentido, pois caso contrário estriamos a considerar que esse candidato não era uma pessoa de bem, consideração que não faço para com o Dr. Fernando Nobre.
Também a coerência monárquica de cada um de nós, tem de assumir uma atitude política consistente, perante o acto eleitoral para uma Presidência da República.
Uma eleição presidencial, é sempre um referendo periódico ao regime republicano.
Um Presidente da República só poderá ser empossado se a maioria do eleitorado participar nesse acto. Caso contrário nunca o Tribunal Constitucional poderia validar essa eleição.
Sendo isto tudo uma realidade, então qual é a única atitude de coerência monárquica possível?
A única em que me revejo em consciência é a abstenção a esse acto eleitoral.
Como poderíamos acreditar na coerência de d. Duarte de Bragança, se a sua atitude para com esse acto eleitoral, não fosse essa?
Quem pode acreditar na mensagem monárquica, sabendo que os defensores das virtudes de um Chefe de Estado não eleito, vão apoiar uma eleição presidencial?
A credibilidade depende da coerência…coerência no discurso e na atitude.
A candidatura do Dr. Fernando Nobre é assim uma sua afirmação republicana…que pode parecer ter o sentido útil pelo facto de ser autónoma e independente dos partidos dominantes, mas na realidade é uma afirmação de ingenuidade política e uma forma de confundir os portugueses monárquicos, que anseiam por vir a ter um Chefe de Estado livre e Independente, que só um Rei consegue ser.
É assim uma forma subtil de disfarce republicano, de uma mensagem consistente e coerente, como é a mensagem monárquica.
Também uma expressão de ingenuidade política, que só irá promover atrasos numa dinâmica afirmativa de alternativa à 3ª República.
Como contributo para o esclarecimento público de todos os monárquicos portugueses, sugiro a ponderação da frase que vem deste as Cortes de Lamego que afirmaram Portugal e o nosso primeiro Rei, D. Afonso Henriques.
(Só) O Rei é Livre e Livres somos nós.
Nos somos livres, nosso Rey he livre, nossas mãos nos libertarão.

José J. Lima Monteiro Andrade

domingo, 14 de fevereiro de 2010

A palavra ao Rei

A palavra ao Rei

O que nos faz falta
Alguém, que diga em voz alta
O que ansiamos todos ouvir.
Uma voz desgarrada,
Desta cinzenta carneirada,
Que nos leve de novo a sentir.

A sentir que somos um povo,
A sentir orgulho de novo,
Que existe ainda Portugal.
Uma voz determinada,
Que seja o símbolo afinal,
Da mudança por todos desejada.

Não pode ser uma voz qualquer,
Não basta falar, não basta escrever,
É preciso que tenha toda a credibilidade.
Só uma Voz, esse discurso pode fazer,
A Voz símbolo da nossa nacionalidade,
Da nossa vontade e do nosso querer.

Que se levante então essa voz.
Ela está latente e no meio de nós.
Ela precisa da nossa motivação,
Ela precisa de sentir em nós confiança,
Demonstremos-lhe isso sem hesitação,
Fale ao povo, D. Duarte de Bragança.

Diga o que sente,
Diga que está presente,
Afirme a sua vontade e determinação,
Dê-nos também essa confiança,
Afirme a sua indiscutível vocação,
Ser a Voz, a mensagem de esperança.

Fale em nome de seus avós,
Suscite a emoção em todos nós,
Suscite o orgulho e a paixão.
Eleve bem alto a sua voz,
Voz que será determinante, essencial,
Que fará renascer no povo a motivação,
Que fará encontrar de novo Portugal.

José J. Lima Monteiro Andrade

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Volta Portugal, encontra a solução.

Não tenho a linguagem do “politicamente correcto”, sou português e amo Portugal.
A gravidade da situação portuguesa, é que os partidos já não são apenas "agências de emprego", são também "agências de negócios", “agências da promiscuidade”, que se transformam em demasiados casos, em evidentes "mafias" onde a criminalidade é sustentada.
As ideologias, à muito que foram enterradas, porque desadaptadas, aos interesses das elites e do país.
Agora resta nesses partidos a preservação dos interesses materiais, do enriquecimento fácil e rápido, com única motivação de militância. Eles acenam a bandeira da oportunidade, quando são os grandes responsáveis pela sua limitação, a toda a restante sociedade.
Resta às empresas para sobreviverem, a promiscuidade com poder e o suborno dos políticos.
Resta aos legisladores criar mais e mais legislação, com suficiente ambiguidade, para que a justiça não funcione.
Resta aos portugueses o cumprimento de obrigações, a descrença, a resignação ou a revolta.
Criou-se toda uma teia social, de permissividade e de destruição de valores e referências, como suporte desta lamentável situação.
Apaga-se a memória colectiva…já não se ensina a História de Portugal, no evidente objectivo de dissolução.
Já não vivemos perante a suspeição….mas perante a evidência da imoralidade.
Afastam-se os Homens bons e a Qualidade humana…premeia-se a Mediocridade.
Portugal não pode continuar a suportar isto...os portugueses não merecem esta Mentira.
Quem for patriota, quem defender os princípios humanos e éticos, quem for democrata e respeitador do seu semelhante...
…terá de dizer BASTA e assumir-se com dedicação e empenho.
A situação é o regime.
O regime foi uma construção dos actuais partidos dominantes.
Uma Oligarquia, que não admite o surgimento de novas ideologias, nem de novos partidos políticos.
Uma Oligarquia que domina e controla.
Que domina o regime, a opinião pública e a expressão do livre pensamento.
Que inibe e controla a função social da família e inibe e controla a criatividade individual.
Que espartilha a visão das potencialidades de uma Nação.
Acreditar que é ainda possível, mudar, mudando os actuais partidos políticos, já não apenas ingenuidade…é compromisso republicano, é pactuar com permissividade da destruição de todos os valores, que consubstanciam a Alma de uma Nação.
.Não sou um radical…porque assumo como princípio prioritário o respeito pelo meu semelhante…mas não posso ser permissivo à destruição.
Por isso, não posso alinhar no discurso politicamente correcto, por isso não posso pactuar com os partidos, que criaram este regime, que nos levará a uma triste dissolução, de uma Nação com nove séculos de História e com uma impar Identidade cultural.
Não quero saber se é esse o caminho que hoje domina o Mundo…esse não é o caminho que eu quero e não penso que seja o melhor.
Por isso, todos aqueles que acreditam que é possível mudar este regime, através destes partidos dominantes, serão eles próprios dominados.
Talvez para eles seja benéfico, em termos materiais ou mesmo sociais, mas não estarão no mesmo barco patriótico, em que quero navegar.
Há os regeneradores do regime republicano. Mas neles eu não acredito, porque considero que o mal não está nos partidos, mas sim no regime.
Uma Republica presidencialista, não está nos meus horizontes ideológicos, pois nunca mudará a essência dos problemas que originaram a situação.
Mas esta mensagem também está a chegar, que é a mensagem da regeneração.
Haverá assim duas mensagens de mudança em confronto.
O Presidencialismo Republicano e a Monarquia.
A promiscuidade não pode chegar, nem sequer em suspeição, a qualquer ideal, ou movimento, que se assuma de mudança.
O povo português precisa dessa mensagem de esperança.
O povo português saberá bem distinguir a credibilidade e a genuinidade da mensagem.
A Monarquia é a alternativa.
A única alternativa, que pode ser de esperança e mobilizadora.
Para ser credível, ela não pode ter qualquer sintoma da actual permissividade republicana.
Já não bastam Vivas ao Rei, já não bastam bandeiras hasteadas pela calada da noite, já não bastam as fotografias nostálgicas…é preciso associar uma Mensagem de vontade politica.
É fundamental que se consensualize no Movimento monárquico, a mensagem e a estratégia.
A estratégia com as atitudes e as acções.
O inconformismo é uma premissa da atitude, da mensagem e da estratégia monárquica.
Uma mensagem credível, porque desejada e realizável.
Uma estratégia que aponte claramente o caminho da concretização do objectivo.
Uma atitude de determinação.
Protagonizada por gente convicta, consistente, persistente, empenhada e independente das dinâmicas republicanas, sejam as partidárias ou outras.
Uma mensagem credível porque aponta o herdeiro da história, como o melhor Chefe de Estado.
D. Duarte Pio de Bragança, o Restaurador.
Que sejamos nós monárquicos convictos e conscientes, a fazer-lhe chegar a motivação, para que Ele acredite em nós, e nós Nele.
Para que juntos e todos unidos, possamos alcançar o Seu desígnio e salvar Portugal.

José J. Lima Monteiro Andrade

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Mataram o sonho....sobre o 25 de Abril de 1974.

Mataram o sonho...

Cantaram-se hinos à liberdade,
Firmes promessas de igualdade,
Em que o Povo acreditou.
Encheram-se as ruas de alegria,
A única coisa que se ouvia,
Era que a ditadura acabou.

Foi um Abril de esperança,
Uma época de mudança.
E os acusados de traidores,
Que desde logo apareceram,
Em voz alta, prometeram,
Mudanças ainda maiores.

Quiseram esses novos senhores,
Impor-nos outros valores
Trazidos de uma terra fria,
Aquela era a sua oportunidade,
E em nome da liberdade,
Esqueceram o que o povo queria.

Apareceram então outros senhores,
Que falavam como salvadores,
Da vontade popular.
Prometeram dar voz ao povo,
E o que aconteceu de novo,
Foi que o povo voltou a errar.

Votou o povo em vendedores,
Que foram novos traidores,
Em que muitos acreditaram.
Património vendido e desperdiçado,
Um risco na história e no passado.
País sem rumo foi o que deixaram.

Com liberdade e pouco mais.
Começa o tempo dos ideais,
Mas pobre era a imaginação,
Todos falavam igual.
O socialismo era afinal,
Para todos a única solução.

Ficou apenas a democracia.
Mas como ideais, já não havia…
Que democracia podíamos ter?
Partidos que mais não são,
Espelhos da desmedida ambição,
oportunidade de riqueza e de poder.

É justo referir a excepção,
De generosos com ilusão,
Que não podemos esquecer.
Determinados e apaixonados,
Homens bem preparados,
Que acabaram por morrer.

Mas o que no fim ficou,
E o que mais a todos marcou,
Não foi nunca a qualidade.
Sacrificaram-se os inteligentes
Crucificaram-se os crentes.
Favoreceu-se a mediocridade.

Sem uma única boa referência,
Este país de longa existência,
Perdeu a sua identidade.
É hoje apenas uma região
Vivendo como pedinte e em ilusão,
Do país, nem sequer à saudade.

E o povo que em Abril vibrou,
Que generosamente acreditou,
Está incrédulo e desorientado.
Tem um Estado que o despreza,
Que o empurra para a pobreza,
Triste povo que está cansado.

A História o povo já não conhece
Sem uma identidade, padece,
Triste povo, que foi risonho.
De onde saiu a inteligência,
Pior ainda, a decência,
Que matou todo um sonho.

José J. Lima Monteiro Andrade

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Ainda há uma réstea de esperança

Ainda há uma esperança

A minha escolha está limitada.
Votar em partidos sem ideologia, sem projecto?
Só nestes posso votar.
Bloquearam a democracia.
Não me revejo nos seus interesses mesquinhos,
Não gosto, dos seus dirigentes, porque são pequenos,
Corruptos, incultos e incompetentes,
Neles não reconheço, valor humano ou moral.
Homens que têm medo da liberdade,
Que através do seu poder, amordaçam a informação.
Que para defender os seus interesses mesquinhos, são capazes de tudo fazer.
Não são filhos de Portugal, não são filhos de um nobre povo.
Mentem descaradamente, adulteram a nossa História.
Não são pessoas dignas, não têm respeito por ninguém,
Não amam Portugal.
A Republica é permissiva.
Nasceu do assassínio e no assassínio perdurou.
Nunca foi sufragada pelo Povo.
Foi mantida pela mentira, cedeu às modas das épocas, nunca teve um projecto nacional.
Foi luta, revoltas e instabilidade,
Foi opressão da liberdade,
Foi o logro, de uma promessa de ilusão.
Foi queda de um Império, que era apenas uma Irmandade de povos.
Povos que foram abandonados em guerras fraticidas,
Por traidores, que usurpavam as palavras nobres, como democracia e liberdade.
Republica que se devia envergonhar, mas que tira da pobreza para se propagandear.
Propaganda que é uma afronta à dignidade de um povo.
Em que para se tentar justificar um regime, se faz esquecer o dia da independência de Portugal.
O povo está triste, já não há alegria, nem sonho, apenas a resignação.
Não há ambição.
Não há políticos que ambicionem nada para Portugal, apenas nas suas carreiras.
Não há referências de patriotismo, de amor e de dignidade.
A Republica é permissiva à dissolvência de uma Nação, País, território e povo…
Com nove séculos de uma tão gloriosa História.
Pedintes numa Europa que não se afirma, nem o pode fazer, por ausência de identidade.
Prisioneiros de um projecto adiado.
Nem sequer olhamos para as nossas potencialidades.
Dependentes de empréstimos financeiros para alimentar a ilusão de um nível de vida, que não podemos ter, mas que ninguém tem coragem de reconhecer.
Caminhamos para um abismo, para uma dependência, que ninguém sabe as consequências, mas que todos já prevêem.
Republica falida, sem capacidade de regeneração.
O futuro não será voltar ao passado… mas só poderemos ter um futuro risonho e melhor, se do passado voltarmos a ter orgulho.
Se voltarmos a ter auto estima, motivação e alma.
Tanto que podemos ainda dar ao mundo, se acreditarmos que temos esse desígnio como povo.
Se voltarmos a ter projectos… olhar novamente para o nosso território, o nosso mar, a nossa cultura, os nossos irmãos espalhados por todo o mundo.
Se voltarmos a ter liberdade, exigência, arrojo e dignidade.
E se a isso nos motivarem.
Nunca conseguiremos ressuscitar, se não tivermos a referência unificadora do nosso orgulho,estimulo e motivação essencial.
Portugal precisa de voltar a ser… um povo com Alma.
O Reino de Portugal.
José J. Lima Monteiro Andrade

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

A alternativa política, a Monarquia.

A sociedade portuguesa não quer enfrentar a realidade.
O caminho que estamos a seguir não é sustentável.
Gastamos muito mais do que produzimos, quer em recursos, quer em dinheiro.
Existe um largo consenso da maioria dos pensadores políticos e dos economistas quanto a este diagnóstico.
Existe também uma forte probabilidade de consenso quanto a soluções.
O discurso político da verdade, que aponte os caminhos para as soluções com base na nossa realidade económica e social, é demasiado exigente para cada um dos portugueses e por esse facto os políticos partidários, não o fazem.
Estamos assim fixos num sonho absolutamente irrealista, que tem por base a preservação de uma mentira.
Os portugueses são assim continuamente levados a pensar, que é possível manter por mais algum tempo, privilégios de nível de vida acima das suas possibilidades actuais.
Esta ilusão desvia a atenção, do debate político, perante os graves problemas nacionais e para com as soluções que temos de encarar.
Manter esta ilusão nos portugueses, anular a análise e a informação sobre as consequências de tudo isto, é promover a inconsciência colectiva, o mais perigoso dos sindromas democráticos.
Esta questão é particularmente importante numa análise actual das alternativas que mais cedo ou mais tarde terão de vir a ser assumidas, como a revisão profunda da actual 3ª República.
Pensam os dirigentes de hoje apenas no imediato.
O Primeiro Ministro, não faz o discurso realista, porque o facilitismo lhe dá votos hoje.
O anúncio de mudanças ou de sacrifícios actuais é sempre penalizador eleitoralmente, numa sociedade onde foi induzida a ilusão do benefício generalizado sem exigência de esforço colectivo.
O Presidente da República, também é permissivo a toda esta mentira, porque o adiamento da realidade, lhe permite a expectativa de já não ser dele a responsabilidade de a encarar.
O próximo que apanhe com a batata quente. Eu já me livrei dessa e essa mentalidade, é a mais grave das leviandades republicanas.
As eleições presidenciais, são assim o grande instrumento, que permite a um Presidente da República, ser permissivo aos adiamentos e à generalização da ilusão em toda a sociedade.
Já não é apenas o facto negativo de um Presidente da República ser eleito através da proposição dos partidos políticos, que só por si conduz a um condicionamento da sua acção como Chefe de Estado.
A este grave inconveniente, associa-se mais esta limitação ao Chefe de Estado, a de ser permissivo ao adiamento é à irresponsabilidade politica dos governantes, pelo facto de saber que no futuro, já não estará em funções e que outro terá então que assumir os problemas, que quanto mais adiados, mais agravados estarão.
É precisamente esta uma das grandes vantagens dos regimes monárquicos.
O Rei não se pode ir embora e deixar a batata quente a outro.
Ele nunca poderá abdicar das suas responsabilidades presentes, como Chefe de Estado, porque não lhe é dada a possibilidade de ao fim de 5 ou dez anos, ir para casa gozar da sua reforma e das benesses de um alto responsável da Nação.
A herança real, tem precisamente este sentido de Estado.
Mesmo perante a morte do Chefe de Estado o seu filho, é sempre responsabilizado pelas atitudes do pai.
Na actual situação portuguesa será fácil demonstrar esta evidência.
Um Rei nunca poderia estar silenciado, como está o actual Chefe de Estado, sob o falso argumento do respeito pela separação de poderes.
Quer perante os graves problemas de uma Justiça que não funciona, ou de uma Educação que não forma, quer quanto à promiscuidade politica/empresarial, quanto á corrupção e quer quanto a estratégias de investimento público que só agravam a nossa situação social e económica, que em muitos casos servem objectivos evidentes de Espanha, e de fortes “lobies” e não de Portugal e dos portugueses.
Um Rei, teria necessariamente que ouvir as propostas consensualizadas pelos economistas e em consequência exercer para com a sociedade a função pedagógica de consciencialização da sociedade e de informação sobre as consequências previsíveis dos caminhos que estão a ser seguidos.
Um Rei, não governa mas reina. Porque não pode abdicar da sua função, nem adiar as suas responsabilidades presentes, pois não lhe é dada a faculdade de uma reforma e porque tem de assegurar a responsabilização futura.
Esta permissividade republicana, ao não encarar e não intervir face à realidade e aos problemas concretos, constitui o mais grave bloqueio da sociedade portuguesa actual.
O adiamento das mudanças constitucionais exigíveis, são também uma consequência.
Sem essas mudanças a democracia estará sempre submissa aos interesses partidários e nunca os deputados poderão ser responsabilizados perante os eleitores.
A democracia é cada vez mais uma farsa, sob o domínio de alguns, que dominam alguns partidos.
Os eleitores não têm alternativa, porque o que conhecem é mentira e porque as propostas que recebem são irrealistas. Não têm sequer a noção do perigo que elas representam, porque os partidos tudo dominam, também a comunicação social.
Viemos numa Oligarquia partidária.
A única alternativa democrática e moderna, é o regime monárquico.
Que também os monárquicos percebam, que estamos a falar de política, que estamos a pensar no futuro de Portugal e não em nostalgias caducas ou em privilégios inaceitáveis.
Que estes monárquicos patriotas e modernos, sintam que hoje Portugal precisa deles e se saibam organizar e apresentar a Monarquia, como a verdadeira alternativa aos portugueses.
José J. Lima Monteiro Andrade

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O discurso do Presidente e a frustração de Guerra Junqueiro

Iniciaram-se as comemorações do centenário da República, através de uma data infeliz…o 31 de Janeiro. Comemora-se uma pequena rebelião de alguns sargentos e soldados que foi imediatamente abafada e que a propaganda republicana, quer agora enaltecer como um acto significativo.
A ausência do sentido do ridículo, é um sintoma de toda da falta de convicção, com que se iniciam estas comemorações, onde vão ser gastos milhões de euros.
O Presidente da República, faz um discurso de circunstância no início destas comemorações. Enaltece o idealismo republicano, recordando o escritor e poeta republicano Guerra Junqueiro.
Recordemos então o que dizia Guerra Junqueiro no limiar da monarquia e analisemos a actualidade das suas palavras, 100 anos depois….
““Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta. […] Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provem que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro […] Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País. […] A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas; Dois partidos […] sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, […] vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar…”
Palavras actuais…que são a prova de que o idealismo republicano foi totalmente desprezado pela própria República.
Como se deveria sentir frustrado hoje…esse poeta e escritor português.
Em nome da mentira, o próprio Presidente da República, vem tentar usar os que sonharam e por isso eram idealistas, com o exclusivo propósito de tentar neutralizar todo o descontentamento da sociedade portuguesa, perante um regime que ao longo dos 100 anos, nunca conseguiu unir os portugueses e apenas lhe foi retirando essa essência que é o seu orgulho próprio.
Só novamente unificados, no orgulho pelo nosso passado, poderemos aspirar a ter novamente futuro.
Portugal está em dissolução, porque ainda há esta triste mensagem, de que um regime é mais importante do que o próprio país.
Portugal voltará a ser grande, quando os portugueses voltarem a sentir, que Portugal é a essência que nos une e que teremos de ter um regime político, capaz de preservar o nosso orgulho de sermos portugueses.
E que não mais se estabeleça a confusão, pela presunção de que os portugueses são uns ignorantes…bastará a qualquer de nós, olhar para o lado e para os países da Europa e ver que as democracias europeias estáveis, menos corruptas e mais evoluídas, também são monarquias.
José J. Lima Monteiro Andrade