O senhor Presidente da República cometeu o grave erro, de não saber interpretar o resultado das últimas eleições legislativas.
Os portugueses falaram claramente. Não deram a maioria a nenhum partido e por conseguinte a única interpretação possível desta vontade, seria o encontro de um Governo de coligação.
O Presidente sabia bem, pois é um especialista com informação privilegiada, que a situação financeira e crítica do país era muito grave e incompatível com a governação sem uma consistência de apoio maioritário.
Escolheu o caminho fácil, não tentou sequer essa perspectiva. Não cumpriu a sua obrigação de saber interpretar o bom senso nacional e pressionar os políticos e os partidos a um entendimento indispensável.
A incompetência e inconsciência do actual Governo, levaram a uma situação insustentável.
Descontrolo das contas públicas, continuidade de um despesismo que assume carácter criminoso e o recurso sistemático ao endividamento externo em condições de uma inaceitável debilidade.
Dar posse a este Governo minoritário e sem qualquer tentativa de procura de consenso partidário, sempre com a desculpabilização constitucional (incorrecta e falsa), foi um acto de irresponsabilidade, de falta de perfil de liderança, de ausência de sentido de Estado e co-responsabilização perante o descalabro governativo.
Também um atitude promotora do desprestigio do regime politico…para que serve um Presidente?
Hoje em campanha eleitoral, pergunta …”se não fosse a minha magistratura de influência o que seria de Portugal?”.
Incrível postura denunciadora de toda a sua fraqueza.
Também da sua principal característica …a falsidade…tão bem evidenciada na sua atitude recente durante a visita do Papa e na sequente postura politica.
A legitimidade presidencial é superior á legitimidade governamental e esse é o sentido da actual Republica, que tem um Presidente, que também não a entende.
Perante as exigências externas e dos nossos credores surge este Orçamento (uma pesada factura) que surpreende todos os portugueses e os obriga a pagar com enormes sacrifícios todo este desvario e irresponsabilidade política.
Faz o senhor Presidente então uma campanha tardia para o consenso partidário à volta da pesada Factura…a primeira de muitas outras que já estão emitidas e que são sonegadas do conhecimento público.
Faz esse apelo de consenso á volta do Governo minoritário que nomeou, contra a inequívoca vontade dos portugueses.
Surgem os falsos discursos do interesse nacional como forma de pressão para que a oposição apoie o pagamento desta primeira factura… dizem, que os mercados (credores) precisam do sinal de confiança.
Novo logro que é lançado.
A confiança dos mercados não dependerá da palavra de quem já deu provas de não cumprir, não dependerá da aprovação ou viabilização de um Orçamento, mas sim da sua execução, que depende exclusivamente do Governo e que não se pode exigir á oposição qualquer compromisso para o seu cumprimento.
A confiança depende do rigor da gestão da coisa pública e do apoio maioritário da população.
Insiste-se no erro e no desprezo pelo bom senso dos portugueses.
Surgem agora as mensagens perigosas.
O discurso do 1º Ministro e do Presidente da Republica são discursos muito perigosos.
“Unamo-nos num sacrifício colectivo, que é o interesse nacional.”
Assim se estabelece o clima de que só o apoio a este governo representa o interesse nacional e que, a oposição não pode exercer o seu direito e tem de assumir o compromisso com o qual não concorda, nem pode concordar…pois o compromisso é falso e não representa a vontade dos portugueses.
O regime afasta-se assim, ainda mais, do seu sentido democrático e apresenta-se aos portugueses como incapaz de enfrentar com dignidade o drama que foi criado.
O principal responsável pelo regime, pelo actual bloqueio e pela enorme despesa nacional que tudo isto representa é Cavaco Silva e esta responsabilização terá de lhe ser imputada.
As eleições presidenciais são assim a grande oportunidade de Portugal encontrar um rumo.
Não creio que haja qualquer candidato com perfil suficiente para liderar uma sociedade desorientada e sacrificada, capaz de personalizar as mudanças, que não podem ser mais adiadas.
Terão de ser os portugueses a fazer essa exigência de mudança.
Dizendo claramente isso mesmo…no actual regime não há possibilidade de mudança, nem de rumo, nem de projecto nacional.
Não o suporto mais com o meu voto…retiro-lhe a legitimidade.
José J. Lima Monteiro Andrade
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