A Refer, empresa pública altamente deficitária, toma a decisão de fazer um concurso para abastecimento da energia eléctrica das vias férreas. O resultado desse concurso é anunciado como uma vitória da gestão rigorosa que finalmente chegou. A EDP é preterida pela Iberdrola (empresa espanhola) e anuncia-se uma poupança de mais de mil milhões de euros.
A preferência pelos produtos nacionais, é um desígnio para o povo, mas dispensável para as empresas do Estado.
Ganha com esta decisão a Refer e também o Estado, pois assim terá a expectativa de não ter de entregar as verbas colossais resultantes do deficit crónico da empresa pública.
O Governo vê-se então na necessidade de compensar a EDP, por esta perda de receitas.
Nada que o aumento da tarifa das facturas da EDP, não possa colmatar. Autoriza-se esse aumento de mais de 3,5% e que inclui uma taxa para a RTP.
Ganha a EDP, assim compensada e até com mais-valia relativamente à perda do fornecimento de energia às linhas férreas, ganha a RTP que vê reforçadas as suas receitas e ganha o Estado porque vê diminuídas as verbas a fornecer à RTP.
Ganham os Gestores que já pagos com ordenados milionários e escandalosos, assim vêem a comunicação social tecer-lhes rasgados elogios, justificação indispensável para a manutenção do seu estatuto de privilégio.
Ganha o Estado porque alivia a despesa com a RTP.
Mas a questão é simples …. Quem está a pagar todo este disfarce?
A Comunicação Social aparece assim (na generalidade), como a grande responsável pela mentira que sacrifica o povo português e acentua a adulteração do sentido da governação que cada vez menos é um serviço para o bem-estar do povo e cada vez mais um serviço para o seu sacrifício e para o seu empobrecimento.
A mensagem é diabólica.
Os responsáveis são todos os portugueses porque vivem acima das suas possibilidades… contenham-se na vossa ânsia consumista, poupem, empobreçam, vivam miseravelmente, peçam caridade, vasculhem nos caixotes do lixo, emigrem … porque temos de manter os privilégios dos que estão ao vosso serviço.
O exemplo que apresentamos é apenas uma pequena parcela de toda esta mentira que nos destrói…ela reflecte uma situação concreta da promiscuidade das decisões entre o Governo e as Empresas públicas, mas o mais grave ainda está por ser denunciado… a promiscuidade com a banca e as empresas privadas.
A forma como foram negociados os contratos de garantia das chamadas parcerias público privadas são desastrosos para o povo português e um escândalo que se tenta esconder, que originará encargos insuportáveis para o Estado e novas exigências a este povo já exausto financeiramente.
A estas denúncias coloca de imediato a Comunicação Social situacionista, um chavão …. “populismo”.
Pois então, Viva o Populismo e que surjam os Populistas…pois só através da denuncia de toda a mentira, poderão ser criadas condições para o renascimento do culto colectivo da Verdade.
José J. Lima Monteiro Andrade
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário