quarta-feira, 29 de abril de 2009

Velhas Posturas com nova gente e novas Ideias com gente nova.

Tenho seguido com alguma atenção os movimentos políticos que originaram o surgimento de novos Partidos Políticos.
Obviamente que apenas me interessei por aqueles que saíam da área “socialista ou dita de esquerda”…mais Estado e mais Intervenção pública…é um exercício de “masoquismo social”, um exorcismo que não me apetece ver repetido em Portugal.
Dos outros, dois movimentos, chamaram logo a minha atenção através da mensagem que as suas siglas incluíam.
Um a mensagem da “esperança” outro a mensagem do “mérito”.
Ambos vieram a constituir-se em Partidos e vão concorrer aos próximos actos eleitorais.
A “Esperança e o Mérito”, mobilizaram o meu interesse.
Tive alguma esperança no Movimento Esperança e Democracia, porque se anunciaram como humanistas, mas infelizmente logo me desmobilizaram.
O seu fundador e líder, anunciava que após as eleições uma coligação do Partido Socialista com o novo Partido era preferível e melhor para o país, do que uma coligação com o Bloco de Esquerda.
Este novo Partido assumia-se assim como defensor do sistema que nos tem arruinado e ainda por cima, vai dar aval ao principal protagonista, do descalabro a que chegamos.
Mas as atitudes iniciais deste novo Partido ainda me desiludiram mais quando li, que a cabeça de lista para as eleições para o Parlamento Europeu, não queria discutir no âmbito da campanha eleitoral, as questões de política interna e estaria somente disponível para abordar os temas europeus.
Esta senhora, que se chama Laurinda Alves, dá assim cobertura ao incrível slogam do Partido Socialista “nós europeus” e dá-nos a nós todos um sinal evidente de incapacidade política, como se a politica europeia fosse uma coisa autónoma, distante e sem qualquer interferência ou inter-relação com as políticas nacionais.
A mensagem de “esperança” desvaneceu-se em mim.
Ao contrário o Prof. Eduardo Correia, líder do Movimento Mérito e Sociedade, mostra ser um homem de ideias e convicções inovadoras e importantes. Mostra também que acredita nas potencialidades portuguesas, no povo português e realça a nossa identidade histórica.
O seu livro Mudar Portugal é uma “pedrada no charco” ou melhor na lama.
Creio que vale a pena conhecer e meditar sobre as suas ideias e propostas.
A minha esperança está assim, apenas reduzida ao mérito.

domingo, 26 de abril de 2009

A Contradição Europeia



A economia condiciona a vida e por consequência a política. Esta é a vida moderna e quanto a isto nada há a fazer.
A economia é o mercado e uma dimensão razoável deste mercado é essencial para a existência de empresas sólidas e rentáveis. Sobre isto também não há qualquer dúvida.
Foi esta a razão essencial que nos mobilizou para a Comunidade Europeia. Não teríamos condições de sobrevivência isolados e apenas no nosso território continental, após termos abandonado ou entregue, os territórios ultramarinos.
O mercado europeu e as suas políticas foram assim a justificação do mais importante passo político da história de Portugal, a integração europeia.
Esse acto de tão elevada importância histórica não mereceu a participação democrática de todos os portugueses, através de um referendo, precisamente porque todos os políticos tinham a convicção de que esse facto era desnecessário, tal era a inevitabilidade.
A integração europeia foi assim simultaneamente uma consequência, uma necessidade e também uma oportunidade de desenvolvimento.
Mas mal chegados a essa Europa tudo começou a mudar.
Também a Europa sonhou com um mercado maior acreditando que isso levaria ao reforço das suas empresas e a novas oportunidades.
Aderiu à Organização Mundial de Mercado e ajudou a criar a dinâmica da globalização da economia mundial.
Alterou então todas as suas políticas consistentes e de inegável êxito.
A Política Agrícola Comum sofreu profundas mudanças sucessivas num caminho da sua extinção. A globalização assim o exigia.
Portugal não teve tempo de beneficiar dos estímulos dessa politica e a agricultura portuguesa sofreu feridas de morte, que levou a uma situação perfeitamente inaceitável de não termos sequer capacidade produtiva para ter uma “reserva alimentar mínima” que também é uma garantia essencial de soberania.
A própria Europa chegou ao ponto de ter apenas uma reserva alimentar que não ultrapassa os 40 dias.
Tudo isto para tentar explicar a irresponsabilidade da tomada de alguns caminhos sem a necessária ponderação e sem a mínima consciência social, porquanto a população na generalidade desconhece estes factos reais.
Os princípios da Unicidade de Mercado, da Solidariedade financeira e Social foram pura e simplesmente abandonados, apenas se mantendo alguns Fundos complementares de apoio ao desenvolvimento.
A Europa tem hoje o primeiro sério aviso sobre o elevado risco da sua politica.
A crise mundial trouxe a luz as contradições.
As políticas sociais europeias não permitiriam nunca estar numa economia globalizada em que alguns dos principais intervenientes não tinham essas políticas, nem os seus encargos. Uma empresa europeia terá sempre custos de produção mais elevados, do que aquelas mesmas empresas instaladas nas grandes potencias emergentes e também grandes beneficiárias da globalização.
A Europa acreditou que com o tempo essas potências adoptariam o seu sistema político e social e assim podiam equilibrar a concorrência. Uma ingenuidade grave, mas infelizmente muito frequente em política.
Portugal sofre estes efeitos de uma forma muito mais intensa e muito mais profunda.
Tal como aconteceu com a politica financeira do actual governo, que nos espartilhou a todos com o “objectivo do Deficit”, que agora após a legislatura está agravado, também o caminho europeu na ânsia da globalização, terá de encarar esta realidade, ou seja a dinâmica económica e empresarial europeia está abaixo do nível, anterior aos acordos do mercado mundial.
Poderá a Europa persistir nesta política, ou inverter e recuperar as suas políticas de êxito. Tudo dependerá da qualidade dos actuais políticos, sendo certo que persistir no caminho anterior é persistir numa contradição, que dificilmente poderá trazer outras consequências que não sejam graves conflitos mundiais.
Portugal dos pequenos políticos seguirá esta Europa, como um menino bem comportado, que apenas anseia o pequeno prémio pela sua atitude de bom comportamento.

Tudo poderia ser substancialmente diferente e melhor se voltassemos a acreditar na nossa identidade, nas nossas potencialidades, nas nossas qualidades humanas e também se tivessemos orgulho na nossa História.

O desfasamento do Sr. Presidente


Também as comemorações do 25 de Abril foram afectadas pela “crise”.
Foi evidente que em todo o país se vibrou compreensivelmente muito menos, com essas comemorações.
O discurso do sr. Presidente da República é também ele sintomático quanto ao afastamento enorme que separa as convicções dos políticos, daquelas que o povo tem.
O sr. Presidente apela à responsabilização partidária, ao realismo das propostas eleitorais e ao voto dos eleitores.
O presidente da República ao fazer este apelo reconhece implicitamente que tem havido irresponsabilidade política e propostas falaciosas. Nisto todos estamos de acordo com ele, o que não entendemos é o sentido do apelo.
Quem vai agora acreditar? que os mesmos intervenientes, dentro do mesmo enquadramento de obrigações e responsabilização dos mesmos políticos, só porque o sr. Presidente apelou à sua seriedade, irão ter uma conduta mais aceitável.
Será que a suspeição generalizada sobre as qualidades humanas do actual Primeiro- Ministro, fica sanada pelo apelo do Presidente da Republica?
Será que alguém acredita que o actual Primeiro-Ministro passará a ter um mínimo de sentido de Estado, a partir do apelo do Presidente da República?
O Presidente da República disse ainda que os Partidos terão que se entender, perante as dificuldades que o país atravessa nas soluções.
Pretende o Presidente desde já responsabilizar os partidos pelos entendimentos governamentais após as Legislativas. Ele sabe a elevada probabilidade da “batata quente” da instabilidade política lhe vir parar às mãos.
Este aviso do Presidente da República é revelador da sua postura futura.
Mais uma vez é aos Partidos que estará reservada em exclusivo toda a gestão da nossa incipiente e frágil democracia.
Só que a instabilidade previsível, que tanto aflige o Presidente da República, vai acontecer no momento mais baixo da convicção popular para com os Partidos e para com o sistema. Vai acontecer num momento em que muitas famílias estão já em desespero.
Cada vez mais portugueses estão descrentes quanto ao sentido de responsabilidade do seu voto.
Cada vez são menos, os que acreditam que o seu voto pode contribuir para uma mudança.
Este é o processo do actual sistema constitucional português.
Os partidos políticos entraram em descrédito progressivo, porque colocaram homens pequenos na sua liderança, porque as dinâmicas internas partidárias a isso induzem.
O sistema apenas baseado nestes partidos e sem capacidade de rejuvenescimento partidário, ocasiona a total ausência de esperança dos eleitores.
O voto, essa arma essencial da participação e da responsabilização individual, é assim totalmente desrespeitado e a democracia vai sofrendo feridas profundas que a agonizam.
Como bem disse o Presidente da República é a legitimidade democrática que fica em causa se não for travada a abstenção.
Só que a abstenção tem um outro sentido, que o Presidente da República não vê ou não quer ver.

sábado, 25 de abril de 2009

A Censura oficial



Alguns dirão que é exagero, que já não há censura em Portugal.
Infelizmente estão enganados os que ainda permanecem ingénuos.
A censura é feita com total descaramento, apenas de uma forma mais sofisticada, mais subtil e disfarçada.
Não há órgãos oficiais de censura do Estado, mas os Governos actuais são meros servidores de interesses particulares, seja dos partidos, dos seus membros ou das dinâmicas empresariais e sociais dominantes. Estas, em particular os agentes dominantes da economia, são também os dominadores da comunicação social. Como são dominantes e têm influência determinante nos políticos também são a favor do sistema que os levou ao poder e assim tudo fazem para impedir o aparecimento de ideias novas, em particular as credíveis, por serem soluções razoáveis.
Os órgãos de comunicação social e as suas redacções são quem com mais determinação, impedem a divulgação da ideia nova. Como já o afirmei, eles são os “Provedores do Sistema”, que defende a população da “invasão” de qualquer ideia “subversiva”.
O Programa da RTP, “prós e contras” de segunda-feira passada deu-nos mais uma admirável demonstração da censura descarada. Painel sobre as Eleições Europeias em que apenas foram convidados os Partidos com representação parlamentar, preterindo dois outros concorrentes pelo simples facto de serem Partidos Novos.
A distinta locutora do programa teve ainda o enorme descaramento de justificar esta ausência…disse “ os pequenos partidos terão proximamente a sua oportunidade…neste ou noutro programa da RTP”.
Esta justificação é esclarecedora de toda a incrível mentalidade dos profissionais da comunicação social portuguesa.
Há novidade política adjectiva-se imediatamente de “Pequenos”…há igualdade de oportunidades dá-se uma reposta vaga de “eventualmente terão oportunidade, numa outra ocasião”.
A censura existe e pior ainda é a sistemática propaganda do sistema, que nos entra pelas nossas casas dentro a toda a hora. São sempre os mesmos “fazedores de opinião”, os mesmos há tantos e tantos anos, que nos querem impingir essa mensagem retrógrada de que não outro sistema, que a única democracia possível é a que a nossa Constituição define e que estamos condenados a discutir apenas a política concreta das propostas governamentais, como se isso fosse verdade, como se isso fosse interessante, como se isso fosse o importante.


A minha forma de comemorar o 25 de Abril, foi a de criar este Blogue.
Porque a Internet é o único espaço de liberdade de expressão que podemos utilizar neste momento em Portugal, que se transformou numa sociedade retrógrada e reaccionária.
À actual Oligarquia partidária não interessa a ideia nova, mesmo que seja sensata, útil ou bem melhor, ela só sobrevive porque toda uma população tem de estar sintonizada dentro do mesmo enquadramento do pensamento.
Só é passível de expressão, o pensamento que é intuído como “politicamente correcto”, ou seja, apenas o pensamento que não transborde para além das baias do actual sistema político constitucional.
Os órgãos de comunicação social, são os actuais “Provedores” desta condicionante. Não deixa de ser irónico que aqueles que mais sofreram directamente a “censura” sobre a liberdade de expressão, sejam hoje em Portugal, os grandes responsáveis e agentes servidores da limitação do pensamento, fora do actual quadro oficial de expressão aceitável.
Assim de condicionados na expressão, bombardeados permanente e intensamente com a mensagem oficial, mesmo aqueles que continuaram a ter a liberdade de pensar, foram conduzidos à desmotivação e à resignação.
É neste clima já de si dramático, que uma grave crise social, económica e política, nos vem atirar para uma situação muito difícil, que originará em muitos o desespero.
Nenhuma sociedade pode ultrapassar tamanha gravidade como é a nossa actual situação, num clima de suspeição para com os principais agentes da política, descrente, desmotivada e resignada.
Por isso os discursos são repetitivos e já ninguém os ouve, por isso a abstenção eleitoral e a consequente destruição da legitimidade democrática dos eleitos.
Os actuais partidos políticos com representação parlamentar são os principais responsáveis históricos por esta dramática situação, mas também os outros agentes do poder político e da comunicação social.
Só uma rotura intelectual que origine profundas mudanças constitucionais, pode originar uma democracia mais adaptada e mais moderna.
Só uma nova mentalidade que acredite nas potencialidades nacionais e que não se limite a seguir a dinâmica politica internacional, pode originar nova esperança e motivação.
Para isso é preciso voltar a acreditar nas nossas potencialidades e voltar a dar atenção ao povo português.
Acreditar que Portugal é um país grande e com inúmeras possibilidades de afirmação no futuro e acreditar no potencial de valores humanos dos portugueses.
Portugal é efectivamente uma grande Nação, que infelizmente é conduzida por pequenos homens.
A solução é apenas e simplesmente dar a possibilidade à intervenção dos homens com qualidade e a de criar mecanismos que impossibilitem a mediocridade de aceder ao poder.
Cavaco Silva ou José Sócrates são apenas uma consequência do enorme logro em que vivemos, eles não são o problema, apenas representam com total transparência, o nível humano e político a que o actual sistema nos levou.