quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A inaceitável presunção do Senhor Presidente

Ontem o Senhor Doutor Professor Aníbal Cavaco Silva anunciou num discurso patético a sua candidatura a um segundo mandato a Presidente da Republica.
A sua presunção de que somos todos, uma cambada de parvos e ignorantes, é inconcebível.
Lá do alto do seu pedestal o homem que por ter algum conhecimento especializado, não entende que há a sabedoria de todo um povo, que ele desconhece ou despreza, porque nunca teve a formação indispensável para o exercício do cargo de Chefe de Estado.
Passados cinco anos da sua eleição está Portugal numa situação crítica de insustentabilidade e os portugueses sujeitos a um gravíssimo retrocesso do seu nível de vida e dos seus direitos cívicos e sociais.
Questionou, numa tentativa de desculpabilização perante a sua total ausência de sentido de Estado….
”Como estaríamos se não fosse a MINHA acção de influência de magistratura feita de forma discreta mas muito positiva?”
A política só pode ter como parâmetro de análise os resultados objectivos dos seus agentes e interpretes… esse resultado está à vista de todos.
Mas respondamos remetendo duas perguntas ao senhor Presidente …
“ Como estaríamos se o Sr. Presidente tivesse feito a análise correcta das ultimas eleições legislativas e não tivesse dado posse a um Governo minoritário, de incompetentes e corruptos e tivesse exercido os seus poderes para uma negociação que promovesse um governo maioritário?”
“ Como estaríamos se em lugar de tentar manter esse Governo (a tal solidariedade institucional), tivesse de acordo com os seus poderes constitucionais exigido o rigor da verdade governativa, como condição para a não dissolução da Assembleia da Republica?”.
A responsabilidade primeira desta situação que o próprio Presidente classifica como dramática é dele próprio…a não ser assim para que serve um Presidente da Republica?
É esta última questão que encerra o verdadeiro drama político nacional.
É a esta questão que os portugueses terão de responder.
Das duas uma ou continuamos bloqueados através do pensamento incorrecto de que o nosso mal são estes protagonistas medíocres, ou pelo contrario assumimos a lucidez de finalmente perceber que a mediocridade de todos estes senhores é uma consequência deste regime de dominância partidária.
O que está em causa não é o senhor Aníbal Cavaco Silva, nem os seus temores, ou a sua mentalidade, ou a sua incapacidade de sorrir, ou a sua falsidade, o que está em causa é o regime politico que de forma muito progressiva se bloqueou numa oligarquia de partidos políticos totalmente dominados pela Comissão Europeia.
O que está em causa é a nossa soberania e a própria democracia, ou seja a capacidade do povo português decidir por si próprio.

José J. Lima Monteiro Andrade

terça-feira, 26 de outubro de 2010

O conluio Governo e Gestores, no sacrifício do povo de Portugal

A Refer, empresa pública altamente deficitária, toma a decisão de fazer um concurso para abastecimento da energia eléctrica das vias férreas. O resultado desse concurso é anunciado como uma vitória da gestão rigorosa que finalmente chegou. A EDP é preterida pela Iberdrola (empresa espanhola) e anuncia-se uma poupança de mais de mil milhões de euros.
A preferência pelos produtos nacionais, é um desígnio para o povo, mas dispensável para as empresas do Estado.
Ganha com esta decisão a Refer e também o Estado, pois assim terá a expectativa de não ter de entregar as verbas colossais resultantes do deficit crónico da empresa pública.
O Governo vê-se então na necessidade de compensar a EDP, por esta perda de receitas.
Nada que o aumento da tarifa das facturas da EDP, não possa colmatar. Autoriza-se esse aumento de mais de 3,5% e que inclui uma taxa para a RTP.
Ganha a EDP, assim compensada e até com mais-valia relativamente à perda do fornecimento de energia às linhas férreas, ganha a RTP que vê reforçadas as suas receitas e ganha o Estado porque vê diminuídas as verbas a fornecer à RTP.
Ganham os Gestores que já pagos com ordenados milionários e escandalosos, assim vêem a comunicação social tecer-lhes rasgados elogios, justificação indispensável para a manutenção do seu estatuto de privilégio.
Ganha o Estado porque alivia a despesa com a RTP.
Mas a questão é simples …. Quem está a pagar todo este disfarce?
A Comunicação Social aparece assim (na generalidade), como a grande responsável pela mentira que sacrifica o povo português e acentua a adulteração do sentido da governação que cada vez menos é um serviço para o bem-estar do povo e cada vez mais um serviço para o seu sacrifício e para o seu empobrecimento.
A mensagem é diabólica.
Os responsáveis são todos os portugueses porque vivem acima das suas possibilidades… contenham-se na vossa ânsia consumista, poupem, empobreçam, vivam miseravelmente, peçam caridade, vasculhem nos caixotes do lixo, emigrem … porque temos de manter os privilégios dos que estão ao vosso serviço.
O exemplo que apresentamos é apenas uma pequena parcela de toda esta mentira que nos destrói…ela reflecte uma situação concreta da promiscuidade das decisões entre o Governo e as Empresas públicas, mas o mais grave ainda está por ser denunciado… a promiscuidade com a banca e as empresas privadas.
A forma como foram negociados os contratos de garantia das chamadas parcerias público privadas são desastrosos para o povo português e um escândalo que se tenta esconder, que originará encargos insuportáveis para o Estado e novas exigências a este povo já exausto financeiramente.
A estas denúncias coloca de imediato a Comunicação Social situacionista, um chavão …. “populismo”.
Pois então, Viva o Populismo e que surjam os Populistas…pois só através da denuncia de toda a mentira, poderão ser criadas condições para o renascimento do culto colectivo da Verdade.

José J. Lima Monteiro Andrade

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Artigo (de se lhe tirar o chapéu) de jornal russo sobre Portugal

Source: Pravda.ru

Foram tomadas medidas draconianas esta semana em Portugal, pelo Governo liberal de José Sócrates. Mais um caso de um outro governo de centro-direita pedindo ao povo Português a fazer sacrifícios, um apelo repetido vezes sem fim a esta nação trabalhadora, sofredora, historicamente deslizando cada vez mais no atoleiro da miséria.
E não é por eles serem portugueses. Vá o leitor ao Luxemburgo, que lidera todos os indicadores socioeconómicos, e vai descobrir que doze por cento da população é portuguesa, oriunda de um povo que construiu um império que se estendia por quatro continentes e que controlava o litoral desde Ceuta, na costa atlântica, tornando a costa africana até ao Cabo da Boa Esperança, a costa oriental da África, no Oceano Índico, o Mar Arábico, o Golfo da Pérsia, a costa ocidental da Índia e Sri Lanka. E foi o primeiro povo europeu a chegar ao Japão....e à Austrália.
Esta semana, o Primeiro Ministro José Sócrates lançou uma nova onda dos seus pacotes de austeridade, corte de salários e aumento do IVA, mais medidas cosméticas tomadas num clima de política de laboratório por académicos arrogantes e altivos desprovidos de qualquer contacto com o mundo real, um esteio na classe política elitista Português no Partido Social Democrata (PSD) e Partido Socialista (PS), gangorras de má gestão política que têm assolado o país desde anos 80.
O objectivo? Para reduzir o défice. Porquê?
Porque a União Europeia assim o diz. Mas é só a UE?
Não, não é. O maravilhoso sistema em que a União Europeia se deixou sugar, é aquele em que as agências de Ratings, Fitch, Moody's e Standard and Poor's, baseadas nos Estados Unidos da América (onde havia de ser?) virtual e fisicamente, controlam as políticas fiscais, económicas e sociais dos Estados-Membros da União Europeia através da atribuição das notações de crédito.
Com amigos como estes organismos e ainda Bruxelas, quem precisa de inimigos?
Sejamos honestos. A União Europeia é o resultado de um pacto forjado por uma França tremente e apavorada com a Alemanha depois das suas tropas invadiram o seu território três vezes em setenta anos, tomando Paris com facilidade, não só uma vez mas duas vezes, e por uma astuta Alemanha ansiosa para se reinventar após os anos de pesadelo de Hitler. A França tem a agricultura, a Alemanha ficou com os mercados para a sua indústria.
E Portugal? Olhem para as marcas de automóveis novos conduzidos pelos motoristas particulares para transportar exércitos de "assessores" (estes parecem ser imunes a cortes de gastos) e adivinhem de que país eles vêm? Não, eles não são Peugeot e Citroen ou Renault. Eles são os Mercedes e BMWs. Topo-de-gama, é claro.
Os sucessivos governos formados pelos dois principais partidos, PSD (Partido Social Democrata da direita) e PS (Socialista, do centro), têm sistematicamente jogado os interesses de Portugal e dos portugueses pelo esgoto abaixo, destruindo a sua agricultura (agricultores portugueses são pagos para não produzir!!) e a sua indústria (desapareceu!!) e sua pesca (arrastões espanhóis em águas lusas!!), a troco de quê?
O quê é que as contra-partidas renderam, a não ser a aniquilação total de qualquer possibilidade de criar emprego e riqueza numa base sustentável?
Aníbal Cavaco Silva, agora Presidente, mas primeiro-ministro durante uma década, entre 1985 e 1995, anos em que despejaram biliões de euros através das suas mãos a partir dos fundos estruturais e do desenvolvimento da UE, é um excelente exemplo de um dos melhores políticos de Portugal. Eleito fundamentalmente porque é considerado "sério" e "honesto" (em terra de cegos, quem vê é rei), como se isso fosse um motivo para eleger um líder (que só em Portugal, é!!) e como se a maioria dos restantes políticos (PSD/PS) fossem um bando de sanguessugas e parasitas inúteis (que são), ele é o pai do défice público em Portugal e o campeão de gastos públicos.
A sua "política de betão" foi bem idealizada mas, como sempre, mal planeada, o resultado de uma inapta, descoordenada e, às vezes inexistente no modelo governativo do departamento do Ordenamento do Território, vergado, como habitualmente, a interesses investidos que sugam o país e seu povo.
Uma grande parte dos fundos da UE foram canalizadas para a construção de pontes e auto-estradas para abrir o país a Lisboa, facilitando o transporte interno e fomentando a construção de parques industriais nas cidades do interior para atrair a grande parte da população que assentava no litoral.
O resultado concreto, foi que as pessoas agora tinham os meios para fugirem do interior e chegar ao litoral ainda mais rápido. Os parques industriais nunca ficaram repletos e as indústrias que foram criadas, em muitos casos já fecharam.
Uma grande percentagem do dinheiro dos contribuintes da UE vaporizou-se em empresas e esquemas fantasmas. Foram comprados Ferraris. Foram encomendados Lamborghini, Maserati. Foram organizadas caçadas de javalí em Espanha. Foram remodeladas casas particulares. O Governo e Aníbal Silva ficaram a observar, no seu primeiro mandato, enquanto o dinheiro foi desperdiçado. No seu segundo mandato, Aníbal Silva ficou a observar os membros do seu governo a perderem o controle e a participarem.
Então, ele tentou desesperadamente distanciar-se do seu próprio partido político.
E ele é um dos melhores?
Depois de Aníbal Silva veio o bem-intencionado e humanista, António Guterres (PS), um excelente Alto Comissário para os Refugiados e um candidato perfeito para Secretário-Geral da ONU, mas um buraco negro em termos de (má) gestão financeira. Ele foi seguido pelo excelente diplomata, mas abominável primeiro-ministro José Barroso (PSD) (agora Presidente da Comissão da EU, "Eu vou ser primeiro-ministro, só que não sei quando") que criou mais problemas com o seu discurso do que com os que resolveu, passou a batata quente para Pedro Lopes (PSD), que não tinha qualquer hipótese ou capacidade para governar e não viu a armadilha. Resultando em dois mandatos de José Sócrates, um ex-Ministro do Ambiente competente, que até formou um bom governo de maioria e tentou corajosamente corrigir erros anteriores. Mas foi rapidamente asfixiado pelos interesses instalados.
Agora, as medidas de austeridade apresentadas por este primeiro-ministro, são o resultado da sua própria inépcia para enfrentar esses interesses, no período que antecedeu a última crise mundial do capitalismo (aquela em que os líderes financeiros do mundo foram buscar três triliões de dólares (???) de um dia para o outro para salvar uma mão cheia de banqueiros irresponsáveis, enquanto nada foi produzido para pagar pensões dignas, programas de saúde ou projetos de educação).
E, assim como seus antecessores, José Sócrates, agora com minoria, demonstra falta de inteligência emocional, permitindo que os seus ministros pratiquem e implementem políticas de laboratório, que obviamente serão contra-producentes.
O Pravda.Ru entrevistou 100 funcionários, cujos salários vão ser reduzidos. Aqui estão os resultados:
Eles vão cortar o meu salário em 5%, por isso vou trabalhar menos (94%).
Eles vão cortar o meu salário em 5%, por isso vou fazer o meu melhor para me aposentar cedo, mudar de emprego ou abandonar o país (5%).
Concordo com o sacrifício (1%)
Um por cento! Quanto ao aumento dos impostos, a reação imediata será que a economia encolhe ainda mais enquanto as pessoas começam a fazer reduções simbólicas, que multiplicado pela população de Portugal, 10 milhões, afetará a criação de postos de trabalho, implicando a obrigatoriedade do Estado a intervir e evidentemente enviará a economia para uma segunda (e no caso de Portugal, contínua) recessão.
Não é preciso ser cientista de física quântica para perceber isso. O idiota e avançado mental que sonhou com esses esquemas, tem os resultados num pedaço de papel, onde eles vão ficar!!
É verdade, as medidas são um sinal claro para as agências de rating, que o Governo de Portugal está disposto a tomar medidas fortes, mas à custa, como sempre, do povo português.
Quanto ao futuro, as pesquisas de opinião providenciam uma previsão de um retorno do Governo de Portugal ao PSD, enquanto os partidos de esquerda (Bloco de Esquerda e Partido Comunista Português) não conseguem convencer o eleitorado com as suas ideias e propostas.
Só em Portugal, a classe elitista dos políticos PSD/PS seria capaz de punir o povo por se atrever a ser independente. Essa classe, enviou os interesses de Portugal para o ralo, pediu sacrifícios ao longo de décadas, não produziu nada e continuou a massacrar o povo com mais castigos.
Esses traidores estão a levar cada vez mais portugueses a questionarem se não deveriam ter sido assimilados há séculos pela Espanha.
Que convidativo, o ditado português "Quem não está bem, que se mude". Certo, bem longe de Portugal, como todos os que podem estão a fazer. Bons estudantes a jorrarem pelas fronteiras fora. Que comentário lamentável para um país maravilhoso, um povo fantástico e uma classe política abominável.

Timothy Bancroft-Hinchey
Pravda.Ru

terça-feira, 19 de outubro de 2010

A Lucidez numa análise sobre a realidade do momento político.

De Rui Ramos partilho toda esta sua análise do actual momento político que se traduz por um dramatismo inaceitável e incompreensível, no que diz respeito ao Orçamento Geral do Estado.

«Ao ver tantos antigos e prospectivos líderes do PSD em fila para ir convencer Passos Coelho a deixar Sócrates no poder, lembrei-me do mais dramático discurso que um presidente da república fez até hoje em Portugal. Foi a 30 de Setembro de 1974. Spínola veio à televisão revelar que estava iminente a bancarrota, o caos e uma ditadura comunista. E quando toda a gente esperava que o general anunciasse a exoneração do governo, o estado de sítio ou coisa assim, eis que ele participa ... a sua própria demissão. A elite suplente do PSD está na mesma. Brada que este governo não é de confiança, que perdeu o controle da despesa e que vai, com impostos, afogar a economia. Mas em vez de concluir que é urgente arranjar outro governo, que diminua o peso do Estado e crie um ambiente favorável ao investimento, ao trabalho e à poupança, ei-la a proclamar que o melhor é o PSD submeter-se - pela terceira vez num ano - à vontade de Sócrates, viabilizando, sem refilar, o orçamento nos termos do governo. Há razões para a viabilização? Há. A eleição presidencial, que impede uma transição rápida, é a melhor. Mas evitar a bancarrota? Essa já foi a história do PEC de Maio, com a bênção de Bruxelas - e eis onde chegámos. Há ainda quem preferisse aguardar por melhor ocasião para apear Sócrates. Mas quando é que, nos próximos anos, estará o país numa situação em que não seja uma “irresponsabilidade” derrubar o governo? Examinemos, porém, a perspectiva da bancarrota. Dizem-nos que significa descrédito, empobrecimento e governação estrangeira. E como estamos nós? Só o BCE nos empresta dinheiro, divergimos da Europa, e os PECs chegam de Bruxelas. Não haja ilusões: nenhuma simples exibição de “bom senso”, sem mais, fará os “mercados” esquecer que o Estado e o modo de vida em Portugal não condizem com a economia e a demografia. Essa é a questão. Para os mercados, já falimos. Só a alavancagem do país pelo BCE nos tem poupado à realidade. Mas Bruxelas exige agora, como contrapartida, um consenso orçamental. O governo, sempre hábil, viu logo a oportunidade de transformar o que deveria ter sido o seu próprio óbito, num meio de desacreditar a liderança do PSD, forçando-a a aceitar, sem discussão, a agressão fiscal de que discorda e que prometera rejeitar. É isso que está em causa. Vai Bruxelas - e, devido à alienação dos mercados, é de Bruxelas que devemos falar - punir o país se o PSD resistir? A oligarquia do regime, num curioso intervalo da habitual descontracção nacional, resolveu assumir que sim. A tensão deixou o PS e o PSD nervosos com os respectivos líderes. Não haver orçamento tem custos, mas haver, como simples imposição do governo, também. Para começar, o custo do saque fiscal que vai, mais uma vez, compensar a incapacidade governamental de conter as despesas. Depois, o custo político. Porque caso o PSD deixe passar a proposta nos termos que o governo exige (repito: nos termos que o governo exige), dificilmente voltará a ser, sob esta ou qualquer outra direcção, uma alternativa credível - sobretudo se ficar a impressão de que o drama desta semana foi afinal uma comédia. O regime arrisca-se, para segurar as mesadas do BCE, a perder a capacidade de gerar alternância. Acreditem: essas coisas também se pagam.»

Rui Ramos

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A Ditadura das Finanças entra em Portugal pela mão do Partido Socialista

Esta semana é anunciada por alguns articulistas na Comunicação Social a transformação do sistema político nacional numa ditadura de características modernas.
Portugal é mais um país sujeito à ditadura das Finanças.
Um anúncio totalmente realista.
Há três meses o nosso incrível Primeiro-Ministro, apresentava Portugal como o campeão da recuperação da crise entre os países da União, hoje a crise é a justificação para o mais violento ataque ao rendimento das famílias portuguesas.
Sócrates mudou? Não, Sócrates foi obrigado a mudar.
Assim o recomenda e pressionou a Comissão Europeia e assim o exigiu a Chanceler Alemã.
Esta ditadura das Finanças é assim uma imposição externa … o antigo Reino de Portugal, está transformado num simples protectorado Alemão.
Mas o mais grave é que com isso será obrigado ao rigor e à disciplina alemã, o que convenhamos nunca se adaptará muito à identidade do povo português.
A exigência de rigor e disciplina é agora e por enquanto, apenas nas Contas Públicas.
Impõem-nos hoje um Orçamento que não só penaliza fortemente todas as famílias portuguesas, como obriga ao virar da agulha em 180 graus da atitude política do Primeiro- Ministro e origina uma onda de pressão de situacionistas sobre do líder da oposição, que naturalmente acabará por ceder.
Que importa as promessas de Sócrates de que não aumentaria os impostos e muitas outras, que importa a palavra de Passos Coelho num compromisso publico de que não viabilizaria o aumento da carga fiscal? Nada absolutamente nada, porque quem manda em Portugal, não são os portugueses.
Os Partidos dominantes estão sujeitos totalmente à vontade externa, também o Presidente da República, incapaz de se assumir nas suas responsabilidades, abdicando dos seus poderes constitucionais, deixando o país ser governado do exterior e pelos seus agentes nacionais, que lamentavelmente são os partidos dominantes de um sistema que se afunda assim numa Ditadura das Finanças sob a batuta dos Comissários de Bruxelas.
A adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia teve um argumento de peso que a União Europeia apagou. A defesa dum regime republicano e democrático parlamentar.
Se este dramático Orçamento para 2011, resulta de uma pressão Alemã e da Comissão Europeia, o próximo Orçamento já será previamente aprovado pela União e muito provavelmente seremos obrigados ao abdicar da nossa soberania Fiscal.
O que restará então de soberania nacional?
Esta ditadura das Finanças foi o resultado de uma louca caminhada de exageros que nos conduziu a um endividamento externo, público e privado insustentável.
Agora as medidas são apenas para por na ordem as Contas Públicas e já vamos sofrer muito.
Depois virão as medidas de contenção da dívida, porque será impossível dar garantias aos mercados e também à Alemanha apenas por esta via.
Iremos sofrer muito mais.
Todos somos já fantoches….o regime é uma fantochada.
Um Presidente da Republica que nada pode ou quer fazer.
Deputados que o único poder que têm, é o de sancionar as políticas que nos são impostas.
Partidos políticos submissos e que demonstram a todo o povo português que não têm condições de assumir na atitude as suas próprias decisões, nem as soluções que propõem.
Uma ditadura das Finanças, que conseguiu impor-se mantendo na aparência todas as estruturas das democracias.
Uma nova originalidade portuguesa que resulta da indiferença dos portugueses para com a política, associada a um nível cultural dramaticamente fraco, a uma total ausência de consciência cívica e sentido de exigência colectivo, que permitiu a progressiva adulteração e subversão dos conceitos, dos valores e dos direitos.
Neste período de 36 anos, passamos do sonho mobilizador e duma participação empenhada e activa, ao total alheamento colectivo.
Passamos do sonho, ao início dum enorme e prolongado pesadelo.
A doutrinação socialista dominante deste período, veio a originar o primeiro lugar no ranking das desigualdades sociais, de direitos e liberdades individuais entre os países da União.
Veio a originar esta ditadura, que nos é apresentada através da mentira de uma crise que os outros já ultrapassaram, mas que justifica toda a irresponsabilidade e os gravíssimos comportamentos éticos de muitos aproveitadores de políticas desastrosas.
A ditadura entra pela mão do Partido Socialista e pela eventual condescendência do Partido Social Democrata.
Não será temporária como nos querem fazer crer, através da repetição de que é a crise mundial que a justifica…a verdadeira justificação é a incompetência governativa, a ausência de patriotismo, o sentido de serviço numa subserviência aos interesses particulares e estrangeiros.
Obrigam-se a sacrifícios todo um povo em nome da fuga à responsabilização política e da continuação da oferta de privilégios imorais.
Mas preserva-se toda a politica anterior … o endividamento continuará a crescer, até nos retirarem de vez o cartão de crédito, o consumo interno baixará e também as exportações…é o caminho do empobrecimento e da miséria que não preocupa minimamente os nossos mandantes internos e externos.
Esta ditadura é bem mais desumana que as anteriores … não tem rosto e apenas critérios de obediência financeira onde não têm lugar sentimentos.
Como seria ainda tempo, se os portugueses tivessem a lucidez de entenderem este facto.
Seria também muito útil que Passos Coelho tivesse perfil de líder e o PSD fizesse uma opção por Portugal.
Não creio que vá ser assim e por consequência não vejo como através do actual sistema político poderemos lutar contra esta ditadura das finanças que toma a partir da aprovação do próximo Orçamento totalmente conta do nosso destino.

José J. Lima Monteiro Andrade

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A crise temida é o resultado da suspensão da democracia, que a República nos impõe.

A crise financeira internacional tem sido o argumento falacioso com que o Primeiro-Ministro tenta justificar a sua incompetência e a sua irresponsabilidade.
Evitar uma crise política é o argumento com que o Presidente da República tenta desesperadamente salvar a pele e branquear a sua incapacidade política.
A democracia está suspensa, pois não pode haver eleições antes de Maio. Daí o argumento de Cavaco Silva.
A República através da sua Constituição criou estes momentos de suspensão do exercício da democracia, impedindo as eleições em períodos pré eleitorais para a Presidência da República.
A crise portuguesa que é genuinamente nacional, veio agora demonstrar esta incongruência do regime republicano.
Não pode haver crise porque a democracia está suspensa. Os partidos terão de ser responsáveis e aceitar (mesmo discordando frontalmente das soluções) o entendimento forçado.
O Presidente da Republica que á um ano deu posse a um Governo minoritário e assim avalisou uma solução de governação manifestamente incipiente para a grave situação que o mais alto magistrado já conhecia, vem agora através da insistência discursiva fazer apelos ao consenso nacional e há responsabilidade de todos os partidos.
Uma desastrosa demonstração pública da contradição do Presidente da Republica entre a atitude e o discurso.
A impunidade face à responsabilidade política fica assim totalmente protegida, pelo menos por mais algum tempo….o importante é salvar este regime e todos os agentes se unirão nesse objectivo.
Todos os partidos deste regime oligárquico, todos os privilegiados que partilham as benesses e mordomias de políticas injustas, sob a capa discursiva de ideologias do passado e sonhos irrealistas, se unem para tentar mobilizar os portugueses a entrar num buraco negro que eles próprios criaram.
Todos os portugueses estão assim a ser empurrados para um buraco negro, que em sucção em espiral, vai apagar o sonho da liberdade e muitos dos direitos adquiridos.
Os que tentam hoje em desespero salvar este regime obsoleto que claramente falhou no seu objectivo essencial…levar os portugueses a terem níveis de vida e vivência semelhantes aos dos outros países europeus… pretendem apenas salvar-se e não serem responsabilizados.
Portugal não tem a tradição de revoluções populares, a ultima e excepção, foi já quase há dois séculos a que chamaram de Maria da Fonte. Portugal tem a tradição de revoluções não anunciadas ou previsíveis, que acontecem em consequência do apodrecimento dos regimes vigentes.
Critica-se o estádio de indiferença do povo …pois foi sempre essa generalizada indiferença que sustentou as revoluções.
Tudo sempre acontece pela arrogância elites políticas, incapazes de compreenderem a sabedoria popular e este simples facto histórico…Portugal é uma Nação antiga onde estão enraizados valores e identidades, que a Republica nunca quis aceitar, sequer compreender.
José J. Lima Monteiro Andrade

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Comemoração do centenário. De que se orgulham os republicanos?

Uma comemoração pública só tem sentido, quando enaltece um acto ou uma época, que orgulha e honra uma população.
Olhando para o acto da Revolução de 1910 e para os cem anos da República, pergunto…de que se honram e orgulham os republicanos?
A génese da República foi o Regicídio, o assassínio frio e ignóbil, do Rei D. Carlos I e de seu filho primogénito o Príncipe herdeiro D. Luís Filipe.
A prática do assassínio político que permitiu a sua instituição, consolidou-se como uma prática republicana, que esteve sempre presente quando foi necessário eliminar os políticos mais carismáticos e populares, ou seja, aqueles que poderiam originar verdadeiras mudanças.
Sidónio Pais foi a primeira vítima. O seu assassinato marca definitivamente a 1ª República e condiciona radicalmente a sua evolução.
A 2ª República, repete a prática com o assassinato de Umberto Delgado.
A 3ª República mantém a prática com Camarate e a morte de Sá Carneiro, que a propaganda republicana, rapidamente quis fazer acreditar que se tratou de um acidente.
As datas das mortes destes líderes populares, destes agentes da mudança ansiada, não irão ser recordadas durante as comemorações do centenário, porque não são dignificantes para o regime, apesar de representarem uma prática de actuação que foi uma constante e de serem momentos determinantes da história dos últimos cem anos.
Mas que outros factos se passaram, que possam honrar e estimular o orgulho dos portugueses?
Não será certamente, o abate em Praça Pública dos opositores ao regime durante a 1ª Republica, nem a sua instabilidade política, que originou a miséria da população.
Tão pouco a nossa participação na 1ª Guerra Mundial, em que os soldados portugueses foram carne para canhão ou sujeitos a tarefas, que os outros aliados não queriam executar.
Também não deve ser das prisões do Tarrafal, de Peniche ou de Caxias, onde a 2ª República encerrava os mais destemidos opositores.
Talvez seja da neutralidade que nos livrou de participar na 2ª Guerra Mundial, mas que teve consequências dramáticas no nosso isolamento económico e originou toda uma enorme onda de emigração.
Mas não creio, que seja pela inglória Guerra Colonial, pela entrega das Províncias, pela destruição do Império.
Não é certamente motivo de orgulho para qualquer português a “descolonização exemplar”, que levou ao abandono de muitas centenas de milhares de portugueses e do seu património, que originou guerras civis em Angola, Moçambique, Guiné e Timor.
Tentará a propaganda republicana encontrar nos últimos anos uma razão que orgulhe os portugueses.
As comemorações do centenário da República só têm como finalidade serem uma tentativa desesperada de salvação da agonia que sofre a 3ª República.
O sonho de liberdade e de democracia que o 25 de Abril transmitiu aos portugueses, está hoje desfeito por uma Oligarquia partidária, que se apoderou do regime e que o bloqueou ao ponto de mais de 70% do eleitorado português, já não se rever neste regime.
A corrupção e a suspeição a todos os níveis da sociedade portuguesa, desde a política ao desporto, são um sinal inequívoco desta agonia.
O Estado democrático de direito, não passa de uma mentira da propaganda, porque a Justiça não funciona, porque há privilégios dos políticos perante a Lei, porque o Estado persegue as empresas e os cidadãos numa ânsia de receita pública e não paga as suas dívidas como pessoa de bem.
Um regime que obriga, que pressiona, que exige, de todos nós, mas que é incapaz de dar resposta adequada, às mais elementares necessidades como a saúde e a educação.
Este Estado Republicano que assume o privilégio de todos termos para com ele uma obrigação permanente, que se arroga em substituto da função educadora das famílias, mas que não respeita, nem acarinha os portugueses nos momentos de crise, acentuando a sua frieza de atitudes e a mentira, na sua tentativa de auto justificação formal.
As comemorações do centenário da República não poderão ser nada que possa enaltecer ou fomentar o nosso orgulho como portugueses, simplesmente actos formais.
O orgulho é essencial para a preservação e progresso de qualquer Nação, a República não tem, nem motivos nem capacidade, para estimular os portugueses.
A própria personalidade do actual Chefe de Estado, é representativa da agonia da republicana. Sem cultura e carisma suficiente para o cargo, ele nem sequer sabe sorrir … um tecnocrata que considera todos os portugueses como um número, que integra uma complicada equação Keyneziana, que na sua presunção só ele sabe resolver.
Só com um novo e forte estímulo, será possível fazer ressuscitar o orgulho português.
Os últimos cem anos da nossa história, não nos transmitem essa motivação.
Só outra herança, que pode dar esse contributo decisivo, é relembrar e assumir, que somos os herdeiros, do mais heróico e glorioso Reino da História Mundial.

José J. Lima Monteiro Andrade