domingo, 28 de novembro de 2010

A crise da zona euro e a resignação portuguesa.

Quem sabe em Portugal, quem é Herman van Rompuy?
Quantos portugueses o conhecem?
No entanto, ele é o Presidente da União Europeia…não foi eleito, foi escolhido.
No entanto, Portugal está dependente politicamente da União Europeia, é membro e subscreveu o Tratado de Lisboa.
Herman van Rompuy, é também o Presidente dos Portugueses, hierarquicamente acima do Chefe de Estado de Portugal.
Escandaloso não é? Mas é a realidade.
O Presidente da União disse:
“Estamos confrontados com a crise da nossa sobrevivência…a zona Euro e toda a União, não sobreviverão se continuarem os actuais problemas orçamentais de alguns países”
Foi então, que o Governo português se apressou a comportar-se como “bom aluno”…vieram os PECs e o Orçamento.
Mas o Presidente prossegue o discurso:
“ …temos de trabalhar todos em conjunto para permitir que a Zona Euro sobreviva…porque se a Zona Euro não sobreviver, a União também não sobreviverá.”
Mas não explica duas coisas.
Porque razão já existia União ( ou CEE) antes do Euro e porque razão o Euro se transformou em decisivo problema para a sobrevivência da União?
Ou seja, se a União se formou e consolidou sem o Euro, sem moeda única, porque que é que entrou em tão dramática crise de sobrevivência, com a adopção da moeda única?
A razão é simples e não tem nada da complexidade, com que é apresentada através dos mercados financeiros…é uma questão eminente e exclusivamente política.
A União colocou o “carro à frente dos bois”. Avançou para uma moeda única, para pressionar através dos complexos mecanismos financeiros, a estratégia de adopção do Federalismo Europeu.
Hoje já se sabe a verdade. Uma moeda única, com a manutenção do direito democrático das Nações de terem total autonomia de gestão da coisa pública e sem a transferência da soberania fiscal, não funciona.
A União está paralisada, porque os povos das Nações, que a constituem, não lhe deram legitimidade para prosseguir no caminho desejado pela Comissão, ou pela Ditadura dos Funcionários.
A questão colocada pelo Presidente da União Europeia, pode e deve ser colocada de outra maneira…é o Euro que está a por em causa a União Europeia. É a atitude anti-democratica da Comissão Europeia, de pressão sobre os Estados soberanos, que está a colocar em causa a sobrevivência da União.
O problema é delicado para o senhor Van Rompuy e para o senhor Durão Barroso…têm de salvar o Euro, para salvar a sua pele, a pele dos seus servidores e a estratégia da progressiva consolidação da Federação Europeia, feita á revelia da vontade expressa dos povos das Nações.
A salvação do Euro, dependerá da solidariedade financeira das Nações ricas da Europa e da submissão das Nações pobres e periféricas.
A Alemanha nacionalista, tem a palavra. O povo alemão só será solidário se aproveitar e se dominar.
Saída derrotada da última grande guerra e passados sessenta anos a Alemanha nacionalista, volta a ter condições de impor a sua vontade. O Euro, foi o seu instrumento precioso de dominação.
A Alemanha só aceitará salvar o Euro, impondo fortes condições de dominação aos países periféricos. Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha e Itália, terão de aceitar as imposições alemãs, o seu rigor e as suas políticas, para continuarem a usufruir, na sua ilusão.
A questão política, é assim bem mais grave. A palavra é dos povos europeus periféricos.
Aceitarem serem simples protectorados, ou prepararem uma resposta conjunta, ou individual, para este seu problema de sobrevivência enquanto Nações.
Em Portugal as actuais forças políticas do regime, apenas pensam e reagem na perspectiva da continuidade na Zona Euro e na resignação face à sua perda de soberania.
A questão é gravíssima, pois essas forças políticas do actual regime, evitam a consciencialização do povo português, para este caminho de insolvência nacional.
Felizmente que Van Rumpuy e Durão Barroso, são lideres fracos, sem consistência e audiência.
Felizmente que Sócrates é um incapaz, felizmente que Cavaco é uma simples aparência.
Porque foram eles que sem o querer, que puseram em causa a ilusão.
Ilusão com que os portugueses viveram nos últimos 20 anos, promovida e propagandeada pelo regime, que agora não sabe como a pagar.
Nossos filhos e netos, vão sofrer a maior das condenações…uma ou mais gerações que está condenada a viver pior do que a anterior…resta-lhes sair e procurar uma vida melhor.
A nós, que entendemos a condenação, resta-nos varrer e responsabilizar todos os que condenaram nossos descendentes. Ao manter uma atitude de resignação, de tolerância ou de aceitação…seremos acusados por eles e com toda a razão, de termos sido uma geração de egoístas e de castrados.
José J. Lima Monteiro Andrade

sábado, 27 de novembro de 2010

O dilema português … ir ao fundo com os actuais protagonistas da política ou a ruptura salvadora.

A aprovação do Orçamento não virá corrigir nada, pois só por si não dará confiança aos nossos credores.
Essa confiança depende exclusivamente da execução orçamental, ou seja da capacidade de um Governo corrigir de forma sustentável a diminuição da deficit, com a simultânea revitalização do desenvolvimento económico e por conseguinte na demonstração inequívoca que teremos condições para suportar os juros e pagar a dívida soberana.
A primeira duvida que os credores põem, é sobre o actual Governo. Um Governo minoritário com provas dadas de despesismo e com um projecto de desenvolvimento económico ultrapassado, porque baseado na construção civil de projectos públicos, ou seja em bens não transaccionáveis.
Impossível nestas circunstâncias políticas dar confiança aos nossos credores actuais ou futuros.
Temos um Presidente da Republica, professor de economia, portanto perfeitamente consciente desta situação bloqueadora.
Então e como candidato a novo mandato, porque razão continua a suportar este Governo e a não explicitar, como seria a sua obrigação, qual a solução politica que preconiza, para resolver este impasse que nos afunda?
O senhor Presidente aconselha a moderação nas palavras e no debate político, porque não sabe o que dizer.
Não sabe, não quer ou não pode.
Não creio que não saiba, não creio que não possa, apenas está dominado pelas circunstâncias eleitorais da sua conveniência, uma vez que precisa dos votos do partido do Governo. Votos que não irão para o seu adversário directo, por reconhecimento pela seu suporte e simpatia.
O senhor Presidente da Republica é assim o principal protagonista, do impasse político que nos penaliza a todos e que com elevada probabilidade nos está a conduzir, para uma solução de radicalismo político por inevitabilidade.
A União Europeia impedirá uma situação radical de natureza política e por conseguinte apoiará sempre um pequeno país como Portugal em serias dificuldades.
Ilusão, ainda mais grave, do que todas as ilusões que nos conduziram a esta situação dramática.
A União é um conjunto de Estados soberanos e os seus povos nunca legitimaram uma Federação Europeia, capaz de integrar mecanismos de uniformização das políticas financeiras, em que a harmonia fiscal, é um dos pilares. Perder a soberania fiscal, é impensável para a generalidade dos países da União.
O que acontecerá, neste caminho é a nossa total dependência política perante as dominâncias políticas da União.
Ou seja, perderemos a nossa soberania, mas os outros membros da União, preservarão a sua.
As soluções nacionais, não podem continuar neste caminho da ilusão permanente.
Porém existe um bloqueio político do regime actual, que é impeditivo do extermínio da ilusão.
Bastará analisar as propostas dos diversos partidos com representação parlamentar actual, para logo verificarmos a impossibilidade de mudança.
A ideologia defensora de um Estado, motor da economia e dominante em toda a sociedade, é maioritária…este é o verdadeiro drama.
É largamente maioritária, seja por ideologia, seja por interesse partidário de estar na esfera do poder, para poder regalar as suas militâncias.
O regime, asfixiou-se nesta condição de ser totalmente refém, das militâncias partidárias e da distribuição escandalosa dos recursos públicos, nesse desiderato.
Uma autêntica fobia fiscal, preencheu a mente da classe política, que já não tem vergonha de destruir o Estado Social, para preservar privilégios de usufruto, de influência e dominação.
Há muito que ultrapassamos o limite razoável, que impede a motivação individual e empresarial para a produção e para a produtividade.
O empobrecimento de uma larga faixa da população portuguesa é já um drama visível e lamentável, o desemprego oficial atingiu parâmetros alarmantes, o desemprego sustentado artificialmente pelo Estado e Autarquias, não tem condições de sustentabilidade, a diferenciação salarial na Administração Publica e Intervenções Estatais é escandalosa.
O principal responsável, clama ao silêncio nacional e caminha gloriosamente, para a sua reeleição.
Presta assim o seu enorme serviço à continuidade de toda esta insustentável situação.
Aos portugueses resta …ou a resignação votando nas eleições presidenciais e dando a sua validação ao regime que os empobrece … ou a única atitude que lhes resta…Não votar nas eleições presidenciais, dizendo inequivocamente “Basta”…vocês não merecem a nossa confiança e nós não merecemos ter um regime que nos condena a nós, aos nossos filhos e netos.
A abstenção maioritária nas próximas eleições presidenciais, só poderá ter este significado político. A partir de então, que volte o sentido da exigência como uma premissa essencial de qualquer democracia.
José J. Lima Monteiro Andrade

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Resolver a crise financeira, sem resolver a crise política….Impossível.

Perante uma situação de pré-falência, a Irlanda assumiu o pedido de ajuda financeira à União Europeia e ao FMI.
O primeiro-ministro irlandês garantiu que pedirá a sua demissão e a convocação de eleições legislativas após as negociações e a aprovação de um Orçamento para 2011.
Esta postura parece lógica. O povo irlandês irá votar, consciente das dificuldades que terá de encarar, mas escolherá quem deve gerir a coisa pública, num comprometimento nacional de encarar o drama e de defender os interesses colectivos. A Irlanda ganhará assim a confiança internacional, pois foi a escolha popular, que deu o aval ao Governo, que garantirá em nome do povo, a atitude correcta em sua defesa.
Tão diferente é a atitude portuguesa.
O Presidente da Republica assegura e preserva um Governo minoritário, cujo programa eleitoral esqueceu e rasgou. Um Governo incapaz,, que promove a desconfiança internacional, penalizando por esse facto, toda a classe média portuguesa e agravando a situação financeira.
O Presidente da Republica, não ignora este facto e sabe bem que a situação política é insustentável e penalizadora de Portugal.
Mas ele precisa dos votos para ser eleito, nas eleições presidenciais de 23 de Janeiro. Precisa dos votos do Partido do Governo, por isso o preserva e dos votos do PSD, por isso o manipula.
O Presidente da Republica coloca a sua eleição acima, do que sabe bem, ser o interesse nacional. Adia uma solução inevitável, mas nem coragem tem, de anunciar a sua decisão como protagonista futuro.
O que o Prof. Cavaco Silva está a fazer, como candidato com maior probabilidade de eleição, é pura e simplesmente passar um atestado de mediocridade ao povo português, sonegando-lhe a realidade, não informando sobre a atitude que tomará no futuro.
Não será possível, muito menos desejável, manter um governo minoritário como gestor da actual crise financeira e manter toda a reserva de credibilidade, nos credores de Portugal.
A escalada de aumento dos juros sobre os créditos nacionais não diminuirá e seremos empurrados para soluções de socorro, bem mais penalizadoras do que as negociadas previamente.
Os políticos irlandeses são sérios e respeitadores dos eleitores, os políticos portugueses não sabem o que isso é.
A democracia funciona e resolverá na Irlanda, em Portugal este simulacro de democracia, não só não funciona, como condena e bloqueia qualquer solução.
Os outros candidatos presidenciais, são meros adereços, desta Oligarquia dominada por dois partidos políticos.
Alegre, uma insignificância política, porta-voz da mensagem que mais contribuiu para a dramática situação de dependência a que chegamos. Lopes, a personagem característica da postura autónoma, do defunto PCP. Nobre, a tentativa monárquico-maçónica, de evitar uma postura de oposição ao regime republicano, canalizando votos, de descontentes ingénuos e monárquicos resignados ou dependentes do regime.
Cavaco será eleito, sem ter necessidade de ser frontal e sincero. Ele cumprirá a indispensável postura de neutralidade entre os dois partidos dominantes, pois assim alcançará a sua fácil vitória.
Os dois partidos dominantes e também o CDS, que espera vir a obter umas migalhas no futuro, garantirão a sua eleição, porque os seus militantes e amigos, sabem que com essa estratégia se manterão na esfera dos privilégios e serão convidados para a distribuição das mordomias.
Não vão ser necessárias eleições,, eles saberão entender-se.
A democracia é uma fachada e o povo é submisso.
A questão grave é que se entenderão para governar, para gerir o dia a dia, mas nunca para mudar.
A mudança ficará adiada…o Estado continuará tentacular, absorvente e despesista…a dissolução de Portugal prosseguirá, não através de qualquer doutrina política, protagonizada por Manuel Alegre ou Fernando Nobre, mas sim pela dependência dos partidos desta maioria da governação, ao sabor das dinâmicas externas.
A Portugal será retirada a sua essência…a possibilidade de ter um projecto autónomo e independente e de se afirmar no Mundo, através das suas enormes potencialidades e recursos, com um projecto nacional.
Serve à medida a “panaceia” maçónica de que somos um pobre e pequeno país.
As eleições presidenciais são uma oportunidade dos portugueses se afirmarem…responsabilizados ficam todos, os que continuarem a votar como um dever, que não seja, de confiante e convicta afirmação.
A abstenção em Portugal, passou também a ser uma originalidade…de alheamento e desinteresse, passou a assumir o sentido patriótico e um dever de consciência, para muitos portugueses.
A única opção possível e correcta de dizer…Basta, impõe-se a Mudança.

José J. Lima Monteiro Andrade

domingo, 21 de novembro de 2010

Uma conversa interessante, num país sem rumo.

Relato-vos uma conversa que mantive com um casal de sexagenários, donos de um pequeno e simples café de uma aldeia do interior de Portugal.
Entrei naquele humilde espaço para beber um café. Ia de viagem, mas não com pressa. Não estava ninguém naquele pequeno café de Pavia….Atendeu-me uma simpática senhora com uma aparência muito humilde e um sotaque muito típico. Perguntei quanto custava a bebida e respondeu-me com um estampado sorriso…são apenas 45 cêntimos.
Comentei de imediato, a raridade de um tal preço pedido por um café. Foi nesse momento que surgiu por detrás do balcão, vindo de uma porta interior, um senhor que logo se antecipou e disse…pois é uma raridade este preço, mas olhe que mesmo aqui na terra já paga a 65 cêntimos e em Mora há lugares onde tem de pagar 95.
Uma diferença para o dobro por um café? No interior de Portugal !!!
E aqui na nossa casa, ainda oferecemos um café com “cheirinho”. Temos de fazer pela vida, pois não está fácil, nem para nós, nem para ninguém, avançou a senhora.
Pois isto está a ficar complicado, retorqui, colocando o dinheiro trocado em cima do balcão.
Muito difícil, voltou o dono do café…para nós, ainda vá que não vá, mas para a rapaziada nova, está a tornar-se impossível. Olhe, nós fomos construindo a nossa casinha, ao longo dos anos com as poupanças e muito trabalho. Agora temos a nossa comodidade e ainda este pequeno negócio, que dá para ir vivendo com muita dificuldade…mas os meus filhos estão desgraçados. Compraram tudo a credito…carro, casa, electrodomésticos, eu sei lá…agora é que é o delas para pagar. Durante muito tempo ainda os consegui ir ajudando, até vendi uma pequena fazenda que tinha herdado de meu pai, mas agora já não consigo e eles…tenho três filhos cada vez são mais escravos dos bancos que lhes emprestaram o dinheiro.
Há que mudar um pouco de vida, acrescentei…procurar poupar mais e consumir um pouco menos.
Logo me replicou o dono do café. Ainda acreditam, que tudo isto é uma fase passageira, resultado da crise, como dizem, não têm a nossa experiencia, viveram sempre na facilidade e confiantes de que tudo se resolverá a seu contento. Não querem fazer sacrifícios, não estão habituados a isso, vivem para gastar todo o dinheiro que têm e que não têm. O meu filho mais novo, acaba este ano o curso de engenheiro electrotécnico, já afirmou que vai para fora, talvez esse, que sempre foi bom aluno seja o único que esteja certo. Nós cá nos vamos aguentando, porque a nossa vida foi sempre de trabalho e sacrifício, mas eles, coitados…
Não se calou e disse-me…olhe, tive cinco irmãos e três irmãs…todos nos criamos, todos temos um ofício, um negócio e casa própria. Meu pai era um pequeno agricultor, que de semana trabalhava à tarefa para outros proprietários. Criou-nos com gosto e fez muitos sacrifícios para nos criar, minha mãe uma moira de trabalho e energia. Quantas vezes pergunto a meus filhos, vossos avós criaram oito filhos, quem hoje em dia tem condições e coragem para tal?
Quantos dos meus clientes envelhecidos e reformados, que aqui se sentam a conversar, bebendo o seu “cheirinho no café”, apenas um, depois da sua parca ceia, porque não dá para mais, estão a viver abandonados pelos filhos que criaram? Não falam com rancor deles, mas sim com a tristeza, de um amor desprezado.
Saí daquele pequeno café angustiado.
Da minha cabeça não saia a noticia que lera logo de manhã, que se referia ao aumento do número de casos de abandonos de doentes nos hospitais, pelas suas famílias.
Nossos filhos abandonam seus filhos nos “jardins de infância”, e esses filhos, irão abandona-los num lar…que país? Que sociedade estamos a criar?
A sabedoria está isolada da sociedade e a juventude não tem a possibilidade de a conhecer e aproveitar.
Dependentes, estamos a consolidar uma sociedade de dependentes, sem capacidade de pensar, de contrapor, de exigir.
Não era assim quando era novo, agradeço a meus avós e a meus pais, os testemunhos que me passaram. Fui um privilegiado.
Também no preço do café, que se praticava, que me permitia estar sentado a conversar com amigos, sempre que queria e em qualquer lugar deste país.
José J. Lima Monteiro Andrade.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Pela nossa Liberdade, esta é a nossa oportunidade.

A adulteração dos valores e princípios naturais são a verdadeira fonte das dependências.
Os sistemas democráticos actuais, caminham inexoravelmente para o retrocesso dos tempos históricos da servidão e escravatura.
Porque não respeitam o ser humano como essência de toda a decisão política, porque seguem o caminho da ditadura do relativismo.
O respeito pela liberdade de cada indivíduo e o respeito pelo equilíbrio que a nossa liberdade não pode afectar a do próximo, é a única linha de equilíbrio possível para a realização do ser humano em sociedade.
Quando e sempre, que se estabelece uma linha de conduta política ou de regras de governação, que afecta este equilíbrio, estaremos a permitir a subjugação, a dependência e a escancarar a porta da prepotência.
Em Portugal não existe nenhuma força política, nenhum partido que defenda e lute por esta evidente verdade.
A defesa da liberdade foi completamente adulterada.
Prevaleceram e dominam, as doutrinas que defendem a subjugação do Homem Livre ao interesse colectivo.
O que é o interesse colectivo?
Defendo eu, que é a expressão colectiva da liberdade de pensamento de cada um, pelo respeito integral pela liberdade de todos os outros, que comigo partilham uma afinidade de raízes e sentimentos, ou seja a afinidade patriótica.
Defendem os dominadores actuais da sociedade portuguesa, que o interesse colectivo é a expressão do voto nas urnas…que democracia é a liberdade.
Falácia total, que nos domina e nos encaminha para a escravatura.
Colocam o voto, como um dogma, antes do conceito primário da liberdade individual…a mentira travestida de verdade…a mais perigosa das mentiras.
Como se não houvessem regras que impedem a livre escolha…como se não houvesse a manipulação permanente da opinião…como se todas as correntes de opinião tivessem as mesmas condições de igualdade de acesso às eleições e aos meios de divulgação…como se não houvessem regras impeditivas de expressão e de candidatura…como se não houvesse favorecimentos financeiros e de toda a natureza para os partidos e as ideias dominantes…como se não estivéssemos todos limitados e dependentes.
No tempo da escravatura, um senhor teve a ideia de dar a liberdade de escolher o Capataz, pelo voto, a seus escravos…o Capataz foi eleito pela livre escolha dos escravos…mas o Capataz eleito, obteve de imediato, promessas de vantagens e o seu regime ainda foi mais severo para com todos os outros.
Assim se consolidou o regime da escravatura.
A questão nunca pode ser a da liberdade de votar, mas sim a do que é o sentido de liberdade individual de cada um.
Uma votação, uma democracia, tanto pode ser um instrumento essencial de reforço da motivação colectiva e do respeito pela nossa condição de humanos, como um instrumento muito útil e cada vez mais moderno para o caminho da escravatura.
O regime português, a 3ª Republica, fechou-se numa Oligarquia partidária, dominada pelas ideias perigosas do Socialismo democrático, que defendem a subjugação da liberdade individual ao aparente interesse colectivo (ditado por eles próprios e pelos seus instrumentos de manipulação) e impedem por inúmeros meios que criaram e que transformaram em Leis, que a sociedade livre possa ter outras opções e surjam novas propostas e novos projectos colectivos.
Impedem-nos de votar no que queremos, de acordo como que pensamos…apenas nos deixam optar pelo mal menor…queixam-se entretanto que já não há a expressão da vontade colectiva…como poderá haver?
Este regime viola a nossa consciência…retira-nos a consciência colectiva como povo…adultera a democracia.
Os escravos que foram enganados pela introdução do voto na escolha do capataz…só vieram a alcançar a sua condição humana e a sua liberdade através da revolta e da demonstração colectiva da sua razão.
Hoje em Portugal, só alcançaremos de novo a liberdade…se não pactuarmos com este regime e com isso demonstrarmos a nossa razão.
O voto nas eleições presidenciais tem o significado próprio de avalisar o regime pela escolha do seu Presidente.
Está na hora de nos revoltarmos e de assumir a nossa revolta…não pactuando, nem avalisando as próximas eleições presidenciais…Não Votando.
Dessa atitude dependerá a nossa liberdade futura.
Muitas panaceias irão ser lançadas para evitar esta atitude, que se for maioritária destruirá os alicerces frágeis e fictícios deste regime… a Abstenção é a única arma política que nos resta para voltarmos a aspirar pela Liberdade e pela condição de pertencermos a um povo soberano, independente e orgulhoso.
José J. Lima Monteiro Andrade

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

DEBILITADOS como estamos, nunca nos salvaremos.

Portugal está muito debilitado…sobretudo em pensamento.
Não temos tempo para pensar, não paramos para pensar…repetimos e estamos sujeitos.
Não conversamos uns com os outros…contamos histórias e assumimos como nossos, pensamentos de terceiros.
Defendemos ideias de terceiros…importadas, porque apenas queremos protagonismo.
Vaidosos da nossa própria debilidade.
Vulneráveis porque não ouvimos, perdemos o hábito de escutar e entender.
Os velhos são passado, são caretas…não absorvemos a sabedoria.
Somos facilmente manipulados… permanentemente.
Já não há ideologias do passado, tão pouco ideias novas.
Lemos e não entendemos…repetimos à letra o conhecimento.
Não interpretamos, não questionamos.
Ouvimos e repetimos.
Será assim? Será só assim?
Não, lá longe, no interior, há uma reserva de pensamento.
São os citadinos que perderam o tempo e o hábito de pensar.
Os cidadãos… a maioria.
Lá longe, mesmo dentro da cidade, mas longe porque isolados.
Há uma reserva de pensamento.
Iletrados, incultos, mas seres pensantes, que cultivam as relações e a conversa.
Rurais ou rústicos, como lhes queiram chamar, mas com valores enraizados …nas conversas, nas atitudes.
Uma minoria que se auto-preserva pelo sentimento…a paixão pela sua raiz, pela sua terra.
Alimentam-se da sua afinidade minoritária…são solidários e generosos.
Acreditam na sua terra, têm orgulho na sua origem e no seu passado.
Conhecem a sua História e honram-na.
São o exemplo que carecemos…preferem a conversa à televisão.
São críticos quanto aos costumes importados e confiantes em si próprios.
Olhemos para o exemplo e cuidemos de ouvir esta nossa reserva.
Disso dependerá a nossa salvação…a sabedoria está tão próxima de nós.
Porque teimamos em a rejeitar
Sejamos humildes, pois o nosso conhecimento pode ser apenas ignorância.
Aproveitemos o conhecimento enriquecido pela nossa reserva de sabedoria.
Talvez assim, possamos salvar Portugal.
José J. Lima Monteiro Andrade

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Ou se respeitam os princípios e o povo ou será o fim do regime.

Uma democracia que aceite a legitimação de uma eleição por sufrágio universal e directo, em que a afluência às urnas (votos expressos) seja menor que 50% do eleitorado, como é a eleição presidencial, está a aceitar que qualquer ditadura é legítima.
A legitimidade democrática não é flexível…a sua regra é simples e muito objectiva… uma eleição só terá legitimidade, se for uma expressa e inequívoca expressão da vontade da maioria.
Numa democracia, a Lei terá de ter sempre a sustentação da legitimidade democrática. Nunca, em qualquer circunstância, se justificará que uma Lei adultere este princípio essencial.
A nossa actual legislação eleitoral, não assenta neste princípio essencial de uma democracia, pois permite a ratificação de um acto eleitoral em que a afluência às urnas seja inferior à maioria do eleitorado português.
Um deficit democrático, grave e muito perigoso.
Sendo esta circunstância particularmente visível na eleição do Chefe de Estado, poderemos afirmar que é esta Republica e a Constituição da Republica Portuguesa, que está enferma de um deficit democrático inaceitável e perigoso.
Perigoso porque representa uma inaceitável permissividade a toda e qualquer ditadura.
A regra da sujeição à vontade da maioria, não pode nunca ser violada. Violá-la em 0,1% é o mesmo que violá-la em 40%.
Já foi violada no actual quadro constitucional e nas eleições presidenciais de 2001. Jorge Sampaio foi eleito com apenas 49,7% dos votos expressos do eleitorado português.
A partir desse momento o actual regime deixou de ser uma democracia…ficou ferido o princípio essencial e identificador da legitimidade democrática.
Todas as suas decisões e todas as Leis que promulgou, estão assim feridas de legitimidade e o regime afundou-se irremediavelmente.
A degradação da credibilidade do regime é evidente numa análise da afluência às urnas do eleitorado português desde os tempos de entusiasmo democrático de Abril de 74, até aos dias de hoje.
Essa credibilidade é a base essencial de sustentação da legitimidade de qualquer regime.
Os portugueses podem não ser cultos, mas têm bom senso, intuição e sabedoria e não poderão nunca ser menosprezados, muito menos desrespeitados.
A situação que aconteceu em nas eleições presidenciais de 2001, tem toda uma elevada probabilidade de voltar a acontecer nas próximas eleições presidenciais do início de 2011.
É provável a candidatura de Cavaco Silva, mas com uma afluência às urnas inferior a 50% e por conseguinte ferido de toda a legitimidade para tomar posse como Presidente da Republica.
Ao acontecer de novo esta situação, os portugueses não poderão voltar a ser ignorados perante a expressão do seu desencanto face ao regime.
A sua abstenção nas próximas eleições presidenciais, não pode voltar a ser “rotulada” pelos agentes e servidores dos interesses instalados, como de irresponsável, pois a sua atitude é o sinal inequívoco do seu desprezo por um regime, uma resposta ao desprezo que o regime tem pela sua vontade e pelo sentido da sua sabedoria.
Ao voltar a aceitar-se uma eleição não sufragada pela maioria dos portugueses, então sim, entraremos num processo de ruptura total pelos valores e princípios, que abrirá a porta a uma nova ditadura.
Mas que nunca venham responsabilizar o povo por essa situação.
Os historiadores desta triste época da nossa Pátria, apontarão o erro como cíclico…tal como na 1ª Republica se desprezaram os princípios, também agora se insiste no mesmo erro.
Abdicar do princípio da legitimidade democrática, é abrir hoje a porta escancarada a uma ditadura.
Irei abster-me nas eleições presidenciais de Janeiro de 2011, apelarei a todos os portugueses para que o façam, pois esta denúncia do regime, é essencial para promover a sua mudança ou o seu descalabro final.

José J. Lima Monteiro Andrade

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O erro de Cavaco Silva é o suporte do drama nacional.

O senhor Presidente da República cometeu o grave erro, de não saber interpretar o resultado das últimas eleições legislativas.
Os portugueses falaram claramente. Não deram a maioria a nenhum partido e por conseguinte a única interpretação possível desta vontade, seria o encontro de um Governo de coligação.
O Presidente sabia bem, pois é um especialista com informação privilegiada, que a situação financeira e crítica do país era muito grave e incompatível com a governação sem uma consistência de apoio maioritário.
Escolheu o caminho fácil, não tentou sequer essa perspectiva. Não cumpriu a sua obrigação de saber interpretar o bom senso nacional e pressionar os políticos e os partidos a um entendimento indispensável.
A incompetência e inconsciência do actual Governo, levaram a uma situação insustentável.
Descontrolo das contas públicas, continuidade de um despesismo que assume carácter criminoso e o recurso sistemático ao endividamento externo em condições de uma inaceitável debilidade.
Dar posse a este Governo minoritário e sem qualquer tentativa de procura de consenso partidário, sempre com a desculpabilização constitucional (incorrecta e falsa), foi um acto de irresponsabilidade, de falta de perfil de liderança, de ausência de sentido de Estado e co-responsabilização perante o descalabro governativo.
Também um atitude promotora do desprestigio do regime politico…para que serve um Presidente?
Hoje em campanha eleitoral, pergunta …”se não fosse a minha magistratura de influência o que seria de Portugal?”.
Incrível postura denunciadora de toda a sua fraqueza.
Também da sua principal característica …a falsidade…tão bem evidenciada na sua atitude recente durante a visita do Papa e na sequente postura politica.
A legitimidade presidencial é superior á legitimidade governamental e esse é o sentido da actual Republica, que tem um Presidente, que também não a entende.
Perante as exigências externas e dos nossos credores surge este Orçamento (uma pesada factura) que surpreende todos os portugueses e os obriga a pagar com enormes sacrifícios todo este desvario e irresponsabilidade política.
Faz o senhor Presidente então uma campanha tardia para o consenso partidário à volta da pesada Factura…a primeira de muitas outras que já estão emitidas e que são sonegadas do conhecimento público.
Faz esse apelo de consenso á volta do Governo minoritário que nomeou, contra a inequívoca vontade dos portugueses.
Surgem os falsos discursos do interesse nacional como forma de pressão para que a oposição apoie o pagamento desta primeira factura… dizem, que os mercados (credores) precisam do sinal de confiança.
Novo logro que é lançado.
A confiança dos mercados não dependerá da palavra de quem já deu provas de não cumprir, não dependerá da aprovação ou viabilização de um Orçamento, mas sim da sua execução, que depende exclusivamente do Governo e que não se pode exigir á oposição qualquer compromisso para o seu cumprimento.
A confiança depende do rigor da gestão da coisa pública e do apoio maioritário da população.
Insiste-se no erro e no desprezo pelo bom senso dos portugueses.
Surgem agora as mensagens perigosas.
O discurso do 1º Ministro e do Presidente da Republica são discursos muito perigosos.
“Unamo-nos num sacrifício colectivo, que é o interesse nacional.”
Assim se estabelece o clima de que só o apoio a este governo representa o interesse nacional e que, a oposição não pode exercer o seu direito e tem de assumir o compromisso com o qual não concorda, nem pode concordar…pois o compromisso é falso e não representa a vontade dos portugueses.
O regime afasta-se assim, ainda mais, do seu sentido democrático e apresenta-se aos portugueses como incapaz de enfrentar com dignidade o drama que foi criado.
O principal responsável pelo regime, pelo actual bloqueio e pela enorme despesa nacional que tudo isto representa é Cavaco Silva e esta responsabilização terá de lhe ser imputada.
As eleições presidenciais são assim a grande oportunidade de Portugal encontrar um rumo.
Não creio que haja qualquer candidato com perfil suficiente para liderar uma sociedade desorientada e sacrificada, capaz de personalizar as mudanças, que não podem ser mais adiadas.
Terão de ser os portugueses a fazer essa exigência de mudança.
Dizendo claramente isso mesmo…no actual regime não há possibilidade de mudança, nem de rumo, nem de projecto nacional.
Não o suporto mais com o meu voto…retiro-lhe a legitimidade.

José J. Lima Monteiro Andrade

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Da agonia à esperança.

Iremos para o fundo, numa terrível agonia colectiva.
Iremos ao fundo, se não encontrarmos a Referência que nos una.
Iremos ao fundo, se a Referência usar como arma, o silêncio.
Iremos ao fundo, se as nossas raízes fraquejarem.
Iremos ao fundo, se cedermos na condição humana.
Se olharmos apenas para nós próprios…
Para a satisfação imediata das ansiedades, que nos induzem.
Iremos ao fundo colectivamente, porque somos individualistas.
Porque somos oportunistas e desprezamos o passado e o reconhecimento…
Desprezamos a memória e a sabedoria…os sinais evidentes de desesperança.
Iremos ao fundo, pela indiferença à dor e à pobreza.
Iremos ao fundo porque não unimos a resignação, à revolta.
Porque não assumimos a herança, porque somos complexados.
Iremos ao fundo, porque acreditamos na mentira e desprezamos a realidade.
Porque temos medo da verdade e porque não amamos.
Porque abdicamos dos sentimentos, para satisfazer a vivencia dos momentos.
Porque somos egoístas e não amamos nossos filhos, como nossos pais nos amaram.
Porque já não nos interessa o amanhã, apenas o presente.
Iremos ao fundo porque desprezamos os valores da esperança…
A qualidade e o mérito…a honestidade, a sinceridade e a solidariedade.
Iremos ao fundo, porque não nos reconhecemos numa identidade.
Iremos ao fundo porque apagamos a memória colectiva…
Voltar a sentir essa identidade unificadora é a única salvação.
Amar essa identidade e ter orgulho nela …
Transmitir aos filhos os sentimentos.
Recuperar o sentido do esforço necessário, para tudo na vida…
Ter coragem e formar corajosos …
Com coragem de lutar pelos sentimentos e pelas raízes.
Lutar pela nossa Liberdade perdida…pois já ninguém sabe o que é a Liberdade.
Ser Livre é assumir em todos os nossos actos a plenitude de todo o nosso pensamento.
Ser livre em português, é sentir o prazer e o orgulho, de o continuar a ser.
Iremos ao fundo, porque perdemos o sentido de Portugal.
Que se apague o silêncio da Herança e se restitua a esperança ao povo português.

José J. Lima Monteiro Andrade