A crise financeira internacional tem sido o argumento falacioso com que o Primeiro-Ministro tenta justificar a sua incompetência e a sua irresponsabilidade.
Evitar uma crise política é o argumento com que o Presidente da República tenta desesperadamente salvar a pele e branquear a sua incapacidade política.
A democracia está suspensa, pois não pode haver eleições antes de Maio. Daí o argumento de Cavaco Silva.
A República através da sua Constituição criou estes momentos de suspensão do exercício da democracia, impedindo as eleições em períodos pré eleitorais para a Presidência da República.
A crise portuguesa que é genuinamente nacional, veio agora demonstrar esta incongruência do regime republicano.
Não pode haver crise porque a democracia está suspensa. Os partidos terão de ser responsáveis e aceitar (mesmo discordando frontalmente das soluções) o entendimento forçado.
O Presidente da Republica que á um ano deu posse a um Governo minoritário e assim avalisou uma solução de governação manifestamente incipiente para a grave situação que o mais alto magistrado já conhecia, vem agora através da insistência discursiva fazer apelos ao consenso nacional e há responsabilidade de todos os partidos.
Uma desastrosa demonstração pública da contradição do Presidente da Republica entre a atitude e o discurso.
A impunidade face à responsabilidade política fica assim totalmente protegida, pelo menos por mais algum tempo….o importante é salvar este regime e todos os agentes se unirão nesse objectivo.
Todos os partidos deste regime oligárquico, todos os privilegiados que partilham as benesses e mordomias de políticas injustas, sob a capa discursiva de ideologias do passado e sonhos irrealistas, se unem para tentar mobilizar os portugueses a entrar num buraco negro que eles próprios criaram.
Todos os portugueses estão assim a ser empurrados para um buraco negro, que em sucção em espiral, vai apagar o sonho da liberdade e muitos dos direitos adquiridos.
Os que tentam hoje em desespero salvar este regime obsoleto que claramente falhou no seu objectivo essencial…levar os portugueses a terem níveis de vida e vivência semelhantes aos dos outros países europeus… pretendem apenas salvar-se e não serem responsabilizados.
Portugal não tem a tradição de revoluções populares, a ultima e excepção, foi já quase há dois séculos a que chamaram de Maria da Fonte. Portugal tem a tradição de revoluções não anunciadas ou previsíveis, que acontecem em consequência do apodrecimento dos regimes vigentes.
Critica-se o estádio de indiferença do povo …pois foi sempre essa generalizada indiferença que sustentou as revoluções.
Tudo sempre acontece pela arrogância elites políticas, incapazes de compreenderem a sabedoria popular e este simples facto histórico…Portugal é uma Nação antiga onde estão enraizados valores e identidades, que a Republica nunca quis aceitar, sequer compreender.
José J. Lima Monteiro Andrade
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