A neutralização dos monárquicos, na luta do fim do Regime
Todos sentem que o regime não tem já capacidade de reposta.
Todos sentem que o verdadeiro problema nacional é esta Oligarquia partidária, que esmagou o sonho de liberdade e democracia. Que criou um sistema de dominância partidária, que não permite soluções sustentáveis.
Todos sentem e querem mudar.
As próximas eleições presidenciais são assim, o momento decisivo de uma luta política para a mudança do regime republicano.
Sucedem-se as expressões dessas tentativas de mudança, começam a aparecer os protagonistas das diversas versões do caminho a seguir.
Procura-se a derradeira tentativa de regeneração da República.
A primeira e óbvia das acções destes diversos agentes da tentativa de regeneração republicana, foi naturalmente a neutralização dos monárquicos.
A Monarquia não poderá fazer parte da agenda política, desta luta intensa e derradeira, que agora se inicia.
A candidatura de Fernando Nobre, teve também esse objectivo.
Esta candidatura, tenta comprar o silêncio dos monárquicos, ao dar-lhes esta inconcebível compensação, de um monárquico ( ex-monárquico como se define), ser o verdadeiro arauto do idealismo republicano.
Tem ainda esta candidatura, o objectivo de retirar eleitorado a Manuel Alegre, mas favorece claramente a candidatura de Cavaco Silva.
Este, não quer assumir o papel de liderança da tentativa de regeneração, através do reforço dos poderes presidenciais e do caminho republicano presidencialista.
Cavaco Silva, rejeitou sempre a possibilidade que o eleitorado lhe deu, para assumir esse protagonismo, sobretudo agora, onde poderia ser o promotor de um governo de bloco central, ou de um outro governo de iniciativa presidencial, dado o descrédito público evidente do actual Primeiro-Ministro e da incapacidade deste Governo minoritário para ultrapassar a actual crise portuguesa.
Os defensores do presidencialismo, vêm assim goradas as suas expectativas em Cavaco Silva.
A verdadeira incógnita desta luta, está na postura que os dois partidos dominantes irão assumir.
Levantam-se já os defensores do bloco central. O Pacto Económico e Estabilidade, será um passo nesse sentido. De Pacto, poderá evoluir para Acordo partidário de regime.
Uma candidatura autónoma deste bloco central, poderá vir a ser a solução de preservação do actual sistema e regime.
Também poderá vir a ser uma tentativa de regeneração, se desse acordo fizer parte a revisão constitucional e o reforço dos poderes presidenciais.
O Partido Socialista tem assim de optar, entre duas opções, deixar-se afundar com Sócrates, ou ser protagonista de uma solução. São já evidentes as manifestações de mal estar dentro do PS, decorrentes desta dilema.
As eleições no PSD, serão também decisivas para a viabilização desta solução.
O mais importante que se vai jogar nestas eleições internas do principal partido da oposição, é precisamente a sua postura futura….de apoio a Cavaco Silva, ou de apoio ao acordo de regime e formação de uma solução de bloco central dominante.
Dado o “clubismo” prevalecente nestes dois partidos (PS e PSD), não parece muito viável, que a solução do PSD, venha a ocasionar uma possibilidade de acordo de regime entre estes partidos.
E se assim for, será dada mais uma oportunidade a Cavaco Silva de assumir-se como o protagonista do presidencialismo, mas dada as suas tibiezas anteriores, são poucos os que nele já acreditam.
Ficaremos então na mesmíssima situação. Com ou sem novas eleições legislativas.
Um Pacto de Estabilidade sem consistência política, nunca será cumprido…o regime continuar-se-á a afundar.
Se todos fossemos lúcidos, poderíamos ver as coisas de outra maneira.
Se um Chefe de Estado não estivesse dependente destas lutas partidárias, como seria bem mais fácil encontrar soluções de consenso partidário de governação.
É por isso, que nas Monarquias as crises políticas são facilmente ultrapassáveis, pois não existem crises de regime como esta, de tanta gravidade, que gera tanta confusão e lutas partidárias, tanto desvio das atenções e das energias, que não têm nada a ver com o indispensável acordo maioritário para a resolução da crise económica e financeira nacional.
Mas a premissa foi precisamente a neutralização da mensagem monárquica, porque para os republicanos, sempre esteve primeiro a defesa da sua doutrina e do seu regime, do que os interesses dos portugueses e de Portugal.
José J. Lima Monteiro Andrade
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Li com muita atenção o que escreveu. Não há nada contra nem nada a acrescentar ao que escreveu sobre o PR e o governo. Quanto a Fernando Nobre há ainda muito a dizer, sobretudo por ele se dizer agora ex-monárquico. Que jogos de bastidores estão por detrás desta candidatura além do ódio de Mário Soares por Manuel Alegre? Não acha que abriu as portas de sua casa a certas pessoas que se tentaram aproveitar de si e do valor que tem dentro dos monárquicos?
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