quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

A derradeira tentativa de regeneração da República

A 3ª República reconhece a sua agonia.
Os partidos políticos sufocaram-na através do seu domínio.
Não há democracia sem partidos, como não pode haver democracia sem a livre participação cívica da sociedade organizada nas suas mais diversas formas de representação social e sectorial.
Mas os Partidos dominantes, tudo quiseram dominar.
Criaram a mais perigosa das mentalidades anti-democráticas…só através de nós (partidos políticos) haverá sucesso.
Só através de nós as empresas serão bem sucedidas, as autarquias serão bem geridas, as audiências televisivas serão garantidas, as falências serão evitadas, as carreiras políticas e sociais serão favorecidas, os privilégios serão alcançados.
Uma situação que foi desgastando a credibilidade dos políticos, do regime e do sistema.
Uma situação que foi desmobilizando o interesse e a vontade participativa de uma população que se sente desmotivada, angustiada e descrente.
Tenta em quase desespero a 3º Republica, salvar esta triste imagem de um regime em total falência, que leva um país com nove de séculos a um verdadeiro estado de dissolução.
Anunciam-se as candidaturas independentes dos partidos políticos, às eleições presidenciais.
Estas candidaturas tentam fazer renascer a verdadeira e genuína mensagem republicana.
É a tentativa de regeneração do idealismo republicano, em que se apresentam candidatos à Chefia do Estado, como homens livres da sociedade civil isentos de compromissos partidários.
Primeiro Manuel Alegre, que logo se viu enfeudado pelo Bloco de Esquerda e agora não terá outro remédio se não o de aspirar ao apoio do seu partido do coração, o seu partido Socialista.
Falhava desde logo a tentativa idealista de Manuel Alegre e de alguns dos seus apoiantes, o que de resto era previsível dada a sua militância partidária.
Este falhanço imediato da candidatura de Manuel Alegre, origina a abertura de espaço político para a candidatura de Fernando Nobre.
A mesma mensagem, em espaço politico/ideológico muito próximo, mas agora através de uma personalidade que dava mais garantias de independência e isenção partidária.
O monárquico Fernando Nobre, transforma-se assim no verdadeiro arauto da regeneração do idealismo republicano.
A contradição preserva-se através da ausência de convicções de uma personalidade, que aceita assim renegar a sua doutrina, pela promessa de apoios daqueles que são ou têm sido os verdadeiros sustentáculos da República.
A maçonaria, tenta assim por esta via, a regeneração do seu regime republicano parlamentarista.
O discurso de apresentação de Fernando Nobre, não deixa margens para dúvidas, onde nunca é esquecida essa palavra tão simbólica de “cidadania”.
Sabe bem a maçonaria como base de sustentação da regime parlamentar, que o momento é delicado e que a vitória de Cavaco Silva, poderá vir a ser o primeiro passo numa evolução galopante, no sentido do reforço dos poderes presidenciais e no caminho para a via republicana do presidencialismo.
Mas não sabemos ainda, se todas as pedras estão já em cima da mesa deste jogo de salvação da 3ª República.
Onde vai apostar o Partido Socialista? Este Partido Socialista dominado pelos políticos não submissos às seitas secretas e apenas aos interesses e ambições dos seus dirigentes.
O mais provável, será a opção por uma candidatura autónoma, através de uma personalidade que motive a simpatia de uma faixa do chamado centro direita, que não se reveja na perspectiva presidencialista, que representará Cavaco Silva. Fala-se já em Jaime Gama.
Fernando Nobre e o idealismo republicano, estarão condenados e Manuel Alegre ficará reduzido ao apoio do Bloco de Esquerda.
A Oligarquia partidária voltará a vencer, pois todas as regras do jogo estão viciadas.
O idealismo republicano não tem já ele próprio lugar nesta Oligarquia, em que se fixou a 3ª República.
A 3ª Republica prossegue assim o seu processo de auto-condenação e de auto-extinção.
A descrença sairá reforçada e Portugal cada vez mais fragilizado.
José J. Lima Monteiro Andrade

1 comentário:

  1. É por isso que nos deveremos mobilizar para a Convenção Monárquica 2010 http://www.peticao.com.pt/convencao-monarquica
    a afirmação de todos os portugueses numa mensagem de esperança nacional.

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