A sociedade portuguesa não quer enfrentar a realidade.
O caminho que estamos a seguir não é sustentável.
Gastamos muito mais do que produzimos, quer em recursos, quer em dinheiro.
Existe um largo consenso da maioria dos pensadores políticos e dos economistas quanto a este diagnóstico.
Existe também uma forte probabilidade de consenso quanto a soluções.
O discurso político da verdade, que aponte os caminhos para as soluções com base na nossa realidade económica e social, é demasiado exigente para cada um dos portugueses e por esse facto os políticos partidários, não o fazem.
Estamos assim fixos num sonho absolutamente irrealista, que tem por base a preservação de uma mentira.
Os portugueses são assim continuamente levados a pensar, que é possível manter por mais algum tempo, privilégios de nível de vida acima das suas possibilidades actuais.
Esta ilusão desvia a atenção, do debate político, perante os graves problemas nacionais e para com as soluções que temos de encarar.
Manter esta ilusão nos portugueses, anular a análise e a informação sobre as consequências de tudo isto, é promover a inconsciência colectiva, o mais perigoso dos sindromas democráticos.
Esta questão é particularmente importante numa análise actual das alternativas que mais cedo ou mais tarde terão de vir a ser assumidas, como a revisão profunda da actual 3ª República.
Pensam os dirigentes de hoje apenas no imediato.
O Primeiro Ministro, não faz o discurso realista, porque o facilitismo lhe dá votos hoje.
O anúncio de mudanças ou de sacrifícios actuais é sempre penalizador eleitoralmente, numa sociedade onde foi induzida a ilusão do benefício generalizado sem exigência de esforço colectivo.
O Presidente da República, também é permissivo a toda esta mentira, porque o adiamento da realidade, lhe permite a expectativa de já não ser dele a responsabilidade de a encarar.
O próximo que apanhe com a batata quente. Eu já me livrei dessa e essa mentalidade, é a mais grave das leviandades republicanas.
As eleições presidenciais, são assim o grande instrumento, que permite a um Presidente da República, ser permissivo aos adiamentos e à generalização da ilusão em toda a sociedade.
Já não é apenas o facto negativo de um Presidente da República ser eleito através da proposição dos partidos políticos, que só por si conduz a um condicionamento da sua acção como Chefe de Estado.
A este grave inconveniente, associa-se mais esta limitação ao Chefe de Estado, a de ser permissivo ao adiamento é à irresponsabilidade politica dos governantes, pelo facto de saber que no futuro, já não estará em funções e que outro terá então que assumir os problemas, que quanto mais adiados, mais agravados estarão.
É precisamente esta uma das grandes vantagens dos regimes monárquicos.
O Rei não se pode ir embora e deixar a batata quente a outro.
Ele nunca poderá abdicar das suas responsabilidades presentes, como Chefe de Estado, porque não lhe é dada a possibilidade de ao fim de 5 ou dez anos, ir para casa gozar da sua reforma e das benesses de um alto responsável da Nação.
A herança real, tem precisamente este sentido de Estado.
Mesmo perante a morte do Chefe de Estado o seu filho, é sempre responsabilizado pelas atitudes do pai.
Na actual situação portuguesa será fácil demonstrar esta evidência.
Um Rei nunca poderia estar silenciado, como está o actual Chefe de Estado, sob o falso argumento do respeito pela separação de poderes.
Quer perante os graves problemas de uma Justiça que não funciona, ou de uma Educação que não forma, quer quanto à promiscuidade politica/empresarial, quanto á corrupção e quer quanto a estratégias de investimento público que só agravam a nossa situação social e económica, que em muitos casos servem objectivos evidentes de Espanha, e de fortes “lobies” e não de Portugal e dos portugueses.
Um Rei, teria necessariamente que ouvir as propostas consensualizadas pelos economistas e em consequência exercer para com a sociedade a função pedagógica de consciencialização da sociedade e de informação sobre as consequências previsíveis dos caminhos que estão a ser seguidos.
Um Rei, não governa mas reina. Porque não pode abdicar da sua função, nem adiar as suas responsabilidades presentes, pois não lhe é dada a faculdade de uma reforma e porque tem de assegurar a responsabilização futura.
Esta permissividade republicana, ao não encarar e não intervir face à realidade e aos problemas concretos, constitui o mais grave bloqueio da sociedade portuguesa actual.
O adiamento das mudanças constitucionais exigíveis, são também uma consequência.
Sem essas mudanças a democracia estará sempre submissa aos interesses partidários e nunca os deputados poderão ser responsabilizados perante os eleitores.
A democracia é cada vez mais uma farsa, sob o domínio de alguns, que dominam alguns partidos.
Os eleitores não têm alternativa, porque o que conhecem é mentira e porque as propostas que recebem são irrealistas. Não têm sequer a noção do perigo que elas representam, porque os partidos tudo dominam, também a comunicação social.
Viemos numa Oligarquia partidária.
A única alternativa democrática e moderna, é o regime monárquico.
Que também os monárquicos percebam, que estamos a falar de política, que estamos a pensar no futuro de Portugal e não em nostalgias caducas ou em privilégios inaceitáveis.
Que estes monárquicos patriotas e modernos, sintam que hoje Portugal precisa deles e se saibam organizar e apresentar a Monarquia, como a verdadeira alternativa aos portugueses.
José J. Lima Monteiro Andrade
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
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