Verifico com alguma surpresa, que a anunciada candidatura do Dr. Fernando Nobre suscitou algum entusiasmo entre personalidades monárquicas.
Dizem-me até alguns, que o candidato terá essa simpatia ideológica.
Como sou monárquico e prezo a minha coerência, vejo numa eleição para a Presidência da República, o principal acto de sustentação do regime.
Para os republicanos também o é, pois uma eleição presidencial, é um acto periódico do povo avalisar o regime republicano. Um referendo periódico, como defendem.
Contrariamente a algumas teses que por aí se defendem, até acho que a actual Constituição da República portuguesa e a legislação eleitoral é muito democrática, uma vez que não impõe o voto obrigatório, como acontece em algumas outras Repúblicas.
Também não perfilho dessa ideia romântica, ingénua ou outra coisa, muito divulgada entre os monárquicos republicanos, de que mudando alíneas da actual Constituição se abram quaisquer portas para a alteração do regime.
A actual Constituição da Republica, não é, nem nunca será, a Constituição de Portugal, mas sim a que regula e preserva o actual regime.
Estes equívocos, são uma forma subtil de mascarar os serviços que muitos que se afirmam monárquicos prestam ao regime republicano. Muitos deles por manifesta ingenuidade, outros por subserviência e conveniência pessoal ou partidária.
Uma candidatura presidencial é assim, desde logo, um inequívoca afirmação do candidato de legitimação e lealdade para com o regime republicano.
Não pode ter outro sentido, pois caso contrário estriamos a considerar que esse candidato não era uma pessoa de bem, consideração que não faço para com o Dr. Fernando Nobre.
Também a coerência monárquica de cada um de nós, tem de assumir uma atitude política consistente, perante o acto eleitoral para uma Presidência da República.
Uma eleição presidencial, é sempre um referendo periódico ao regime republicano.
Um Presidente da República só poderá ser empossado se a maioria do eleitorado participar nesse acto. Caso contrário nunca o Tribunal Constitucional poderia validar essa eleição.
Sendo isto tudo uma realidade, então qual é a única atitude de coerência monárquica possível?
A única em que me revejo em consciência é a abstenção a esse acto eleitoral.
Como poderíamos acreditar na coerência de d. Duarte de Bragança, se a sua atitude para com esse acto eleitoral, não fosse essa?
Quem pode acreditar na mensagem monárquica, sabendo que os defensores das virtudes de um Chefe de Estado não eleito, vão apoiar uma eleição presidencial?
A credibilidade depende da coerência…coerência no discurso e na atitude.
A candidatura do Dr. Fernando Nobre é assim uma sua afirmação republicana…que pode parecer ter o sentido útil pelo facto de ser autónoma e independente dos partidos dominantes, mas na realidade é uma afirmação de ingenuidade política e uma forma de confundir os portugueses monárquicos, que anseiam por vir a ter um Chefe de Estado livre e Independente, que só um Rei consegue ser.
É assim uma forma subtil de disfarce republicano, de uma mensagem consistente e coerente, como é a mensagem monárquica.
Também uma expressão de ingenuidade política, que só irá promover atrasos numa dinâmica afirmativa de alternativa à 3ª República.
Como contributo para o esclarecimento público de todos os monárquicos portugueses, sugiro a ponderação da frase que vem deste as Cortes de Lamego que afirmaram Portugal e o nosso primeiro Rei, D. Afonso Henriques.
(Só) O Rei é Livre e Livres somos nós.
Nos somos livres, nosso Rey he livre, nossas mãos nos libertarão.
José J. Lima Monteiro Andrade
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Será que se pode depreender que quem tem simpatias monárquicas se deve abster até que Portugal volte a ser uma Monarquia, ficando nós portanto, a "ver a banda passar" sem tentar ter alguma influência no desenrolar dos acontecimentos, mesmo que estes aconteçam em regime republicano ? Assim poderá passar uma vida sem nunca votar !...
ResponderEliminarNão vou votar em alguém como o Dr. Fernando Nobre que há tempos disse que estudou na Bélgica e que tinha medo de voltar a Portugal, porque o "ditador abjecto" causava-lhe pavor. Hoje, pelos vistos, dá-se bem nesta ditadura "democrática" e corrupta. Além disso, não nos devemos dispersar.
ResponderEliminarJosé Andrade,
ResponderEliminarReservo-me ao direito de não comentar esta "noticia" até amanhã e depois da declaração ao País que irá fazer o Dr. Nobre.
Aguardemos serenamente....!
Lamento muito sériamente todos os comentários de anónimos (que deveriam ter o destino único: caixote do lixo). Não perceber que um monárquico votar na presidência da república é uma incoerência de convicções e torna-o numa marafona da república. Pobre Portugal !
O anónimo chama-se Manuel António. Não era minha intenção aparecer como tal. Foi uma questão de aselhice técnica que provávelmente vai continuar. De qualquer maneira o que é que isso acrescenta ? Ser Anónimo ou Manuel António fará alguma diferença ? O que interessa aqui é que alguém pensa de determinada maneira e como tal se expressa, independentemente se se chama Antunes ou Francisco. Ainda sobre o assunto em questão devo concluir que em sua opinião, os monárquicos devem continuar a "ver a banda passar"...interessante...vou reflectir sobre isso...sinceramente...
ResponderEliminarPenso que qualquer das atitudes, votar ou não votar, são defensáveis e qualquer delas reune argumentos válidos. NÃO devemos ser assim tão extremistas. Eu sou Monárquico, fiel a S.A.R. D. Duarte e só na altura decidirei da atitude a tomar. ás vezes há que escolher o mal menor.
ResponderEliminarLuís Valério
Caro José Andrade
ResponderEliminarÁs vezes estou de acordo consigo. E neste momento é o caso. Parabens pelo seu brilhante texto com o qual me identifico totalmente.
"Os monárquicos devem continuar a "ver a banda passar"...interessante...". Não sei onde desencantou tal conclusão. Há muitas formas de luta.
ResponderEliminarNunca considerei os republicanos ingénuos e capazes de ceder o Poder de forma democrática. No caso português, também o não conquistaram dessa forma.
O anónimo chama-se Manuel António. Agradeço-lhe o obséquio de ter alterado a identidade. Diferença faz e de que maneira, porque prefiro trocar opiniões e/ou discutir com um Homem do que com uma "coisa anónima". Questão de feitio.
Se vai reflectir sobre o imobilismo sugeria que o fizesse, antes, sobre uma mais alargada e diversa formas de luta. Verá que encontrará.
Estou numa destas e não naquela que intuio.
Para mim, enquanto monárquico seguro de convicções, é indiferente o nome e as caracteristicas de quem se candidata á presidência da república.Monárquico, marxista, laico,socialista,católico,maçon,rico,pobre,nacionalista,internacionalista,traidor,patriota,parte de qualquer quadrante do espectro politico nacional ou mesmo republicano. São detalhes, apenas.É um facto que o candidato ser monárquico diminui o número de eventuais combatentes pela restauração da Monarquia, em uma unidade, apenas.Que é um contra senso e uma incoerência, farão o favor de não negar. Dentro das actuais circunstâncias constitucionais, perfilho a "desobediência civil" sob a forma da abstenção pela não presença no acto eleitoral, isto é NÃO VOTAR.
ResponderEliminarSe uma maioria absoluta de 50,1 % do Povo português, numa estratégia global, permeditada e concertada, não votasse....criar-se-ía um facto politico de enorme importância que impossibilitaria moral e éticamente e a consumação de todo o processo de eleição do presidente da república. Ficaria, então, em causa a própria república. Ou não ficaria? Ou, não será esta uma forma de luta possivel, democrática e á medida da actual constituição?. Pura e simplesmente não se avalizava a referenda periódica republicana e colocar-se-íam graves problemas á oligarquia partidária dominante. Por mim, repito que o facto do Dr.Nobre, assumidamente monárquico,ser candidato á presidencia da republica não altera a estratégia que deve ser assumida pelos monárquicos, enquanto Homens livres e convictos dos seus ideais á procura das melhores soluções para Portugal.
Luis Valério, concerteza q respeito a sua opinião. O problema é que o chamado "mal menor" têm dado um péssimo resultado !
ResponderEliminarInfelizmente para nós, e sobretudo p as gerações vindouras, não nos podemos "dar ao luxo" de apostar em "mal menor".
Não há "nenhum mal menor" q seja válido... já viu o q fizeram com o nosso Portugal?
Por acaso, acho o Dr. Fernando Nobre uma pessoa fantástica. Defendo assim a sua candidatura a qualquer cargo relacionado com a Assembleia da República. Lamento muitíssimo que o seu nome surja associado à única instituição em que não acredito. Sou monárquica. Por convicção e por raízes. Deixo aqui uma opinião pessoal, apenas isso.
ResponderEliminarAna Afonso Rodrigues
Argumentos e contra-argumentos. Para mim, que sou monárquico intimamente e manifestadamente, sem a mínima dúvida tenho um problema e esse é o do futuro Rei. Portugal precisa de renascer, isso é certo, e só a Monarquia poderá voltar a dar degnidade ao Povo soberano. Povo soberano é a consciência básica para a reconstrução da Monarquia, do Reino. Ora Portugal anda feito em sapo há muito tempo e dar-lhe um beijo para que se transforme em Rei é necessário, mas por favor, que não se limite a ânsia Monarquica a duarte de Bragança, decerto que há outrae fácilmente melhores esperanças. O Imperador do Brasil? Sim...talvez?
ResponderEliminarDesculpem-me as gralhas :
ResponderEliminarDuarte em vez de duarte
&
em vez de : decerto que há outrae fácilmente melhores esperanças.
seria decerto que haverá outras possibilidades.