terça-feira, 5 de maio de 2009

A Suspeição


Deveria ser pelo comportamento eticamente correcto dos políticos, que se construiria o clima de confiança indispensável no momento de crise que atravessamos.
A ética é essencial para a respeitabilidade dos Políticos, dos Partidos, dos Governos, dos Estados.
O comportamento ético de todos os intervenientes na política, na Administração Pública e na Governação, tem de ser irrepreensível de forma a não criar qualquer suspeição ao cidadão, a quem o Estado exige um comportamento eticamente correcto.
A não ser assim e a generalizar-se a suspeição sobre os comportamentos dos governantes, dos partidos e da administração pública, é o sistema político que perde a sua legitimidade. É a forma de organização política do Estado que é posta em causa na sua legitimidade.
Sobre o actual Primeiro-Ministro têm sido lançadas suspeições gravíssimas.
Se outras notícias do passado sobre comportamentos de outros políticos, já transmitiam aos portugueses um elevado grau de suspeição sobre o comportamento ético dos políticos portugueses, estas notícias sobre o Primeiro-Ministro reforçam a generalização da convicção do baixo valor moral e humano dos nossos principais responsáveis e corroi gravemente a forma de organização do Estado.
O Primeiro-Ministro chama-lhe “campanhas negras da oposição”.
Não assume essa elementar necessidade, que lhe impunha a sua posição pública de demonstrar a todos os portugueses a sua inocência.
Não ele não foi constituído arguido em nenhum processo judicial e por isso não tem que demonstrar nada. Por assim pensar e porque assim pensar também todo o Partido Socialista, que o elege em sequência com 96% dos votos do Congresso, assumem a postura mais desastrosa na defesa dos valores que dizem defender, em especial a própria Democracia.
Ataca na generalidade e faz-se de vítima, como se isso bastasse para provar aos portugueses a sua conduta ética irrepreensível.
O PS e o Primeiro-Ministro não têm respeito pela população portuguesa e pelo Estado português, pois entendem desnecessário, por não ser arguido em processo judicial, eliminar cabalmente toda a suspeição, que sobre eles é lançada.
Não é o ser humano, o cidadão José Sócrates, que está em causa, mas sim o Primeiro-Ministro do Governo português que tem obrigações de ter comportamentos éticos e morais irrepreensíveis e quando está sujeito a denuncias falsas, só tem uma conduta possível, a de imediato provar a sua inocência.
Mas o PS e o actual Primeiro-Ministro acreditam que é pelo voto eleitoral que tudo se resolverá.
Através da influência do Governo nos media, da publicidade e da demagogia, acreditam que esse voto lhes será favorável e poderão assim, safar-se de todas as acusações.
Mentalidade perversa a desta classe política.
Estão porém profundamente enganados, pois se isso acontecer, será o fracasso total do actual sistema constitucional.
A suspeição já atingiu um tal nível, que a procura da verdade não terminará.
Cada vez haverá mais notícias, mais denuncias, mais suspeição.
A credibilidade do sistema pode então entrar em rotura e haverá quem seja responsabilizado pela história.

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