quinta-feira, 7 de maio de 2009

A Carreira Política



A carreira política e a profissionalização dos políticos é apenas uma das três formas possíveis, para encarar a participação política.
Uma segunda forma, é aquela que nunca pondo em causa uma outra carreira profissional, é assumida de forma permanente ou temporária, como um serviço para com a Comunidade ou para com o País.
Há ainda uma outra, tipicamente portuguesa.
Aquela em que os políticos são de carreira e profissionalizados, mas que por saberem que isso não é lá muito prestigiante, inventam carreiras profissionais que têm o cuidado de propagandear.
Esta ultima, é de longe a que trás mais vantagens aos políticos. Ela permite sempre usar os argumentos das inequívocas vantagens da segunda forma e por outro lado aceitar com naturalidade as ofertas de lugares e empregos como compensação do seu esforço político.
Foi assim absolutamente natural que esta última formula se generalizasse ao ponto de ser a fórmula oficial do sistema político português.
Só que as vantagens que esta formula tem para os políticos, não significa vantagens para a democracia e sobretudo para o País. Há aqui uma contradição de interesses e o lamentável é que prevalecem os interesses dos políticos face aos interesses da democracia e do país.
A opção pela carreira política é extremamente aliciante em Portugal.
Não há nenhuma outra carreira tão aliciante e tão motivadora.
Não há nenhuma outra carreira profissional, que dê tantas garantias de rápida ascensão social, profissional e financeira.
As carreiras políticas são assim precoces e começam nas Juventudes partidárias. Os mais hábeis na gestão dos compromissos ou dos não compromissos, os mais servis com o poder e com quem está nesse momento no poder, os mais atrevidos, os mais bem falantes, estão desde logo garantidos. Mas também os outros que se mostrem sempre fiéis á bandeira, se não tiverem a veleidade de pensar por si próprios, também terão acesso à distribuição de benesses.
A própria habilitação académica fica facilitada, pois há sempre o Professor influente que é da mesma cor.
Talvez não sejam estes os melhores critérios de uma selecção para a qualidade necessária á função política.
Deste facto decorre a baixíssima qualidade dos nossos políticos. Também, muitas outras circunstâncias negativas, porque se promovem defeitos humanos, não se exigem valores essenciais e afastam-se todos aqueles que tendo esses valores, nomeadamente a das convicções não conseguem pactuar com os critérios de valorização das carreiras no interior dos partidos.
José Sócrates e a generalidade dos actuais ministros são apenas uma consequência.
Uma consequência muito má e de muito pouco nível.

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