A maioria dos portugueses não valoriza os valores éticos e morais no cumprimento do serviço público.
A maioria dos portugueses não condena a corrupção, nem a mentira dos políticos.
São as sondagens e os inquéritos à opinião pública que de demonstra esta verdade, como é este triste espectáculo de suspeição generalizada sobre a classe política, ainda as últimas eleições autárquicas onde arguidos e até condenados, ganham eleições por maioria.
Este é um sintoma de uma doença muito grave da sociedade portuguesa.
Baseava-se a doutrina republicana no conceito da “Virtude”.
Conceito adulterado, conceito amordaçado, desprezado, assassinado.
As referências para a participação política e para o exercício da função pública são assim desastrosas.
O Presidente da República, tenta numa entrevista muito recente, distinguir o seu apoio ao Primeiro-Ministro, do seu apoio à personagem, que exerce esse cargo.
Não se quer comprometer com a personagem, certamente porque não lhe reconhece ou não lhe convém reconhecer, as qualidades humanas exigíveis. Mas aceita, que se mantenha como principal referência nacional o principal agente de transmissão do vírus da “ falta de decência” no exercício da função pública.
Condena assim o Presidente da República, toda a sociedade, a esta dramática situação de fomento da ausência de valores éticos.
Condena o princípio da “Virtude”, que justifica o seu cargo.
Diz o povo ….“Diz-me com quem andas e digo-te quem és”
Fechou-se a participação política aos Homens de qualidade e de valores. Estes, não estão para se sujeitar à apreciação popular, de serem corruptos e oportunistas.
Condena-se uma sociedade a ser governada, pelos que não têm valores e escrúpulos.
Uma nova forma de segregação na participação cívica e política.
Uma democracia asfixiada e neutralizada, pela mediocridade.
Foge a qualidade humana da política, foge a qualidade humana do país. Fogem as empresas e desesperam os empresários, fecham as portas, os que não conseguem ou não querem entrar num jogo sujo da promiscuidade.
A Justiça é arrastada e neutralizada. Um país sem uma Justiça célere e independente, não tem qualquer hipótese de futuro.
A ansiedade do controlo da sociedade, criou uma teia legal de tal forma confusa e até contraditória, que neutraliza a Justiça. A corrupção banalizada pelos políticos, origina toda uma rede de promiscuidade e nada é conclusivo, não há condenações.
Não acreditam os investidores estrangeiros, nem os portugueses nesta sociedade, gerida pela ausência de valores.
O desemprego é uma consequência e um sinal já demasiado visível, desta nossa grave doença social.
O Estado suporta hoje, o que será impossível de manter, os rendimentos de mais de seis milhões de portugueses.
Não há formação nas escolas públicas, onde se legaliza a incapacidade de reprovação e se fomenta a “não aprendizagem”.
O problema nacional não é, nem económico, nem financeiro, nem social.
O problema é de um regime, que por não ser capaz de cumprir o seu princípio da virtude dos políticos, se fixou na ausência de valores e na mediocridade dos seus protagonistas.
Este regime matou o princípio monárquico da “Honra” e está-nos de novo a conduzir-nos para o princípio do “Medo”, que caracteriza os despotismos.
Continuam os servidores públicos, nas tomadas de posse a fazer formalmente o seu juramento…
” Declaro pela minha Honra, que cumprirei solenemente as funções que irei desempenhar”
Como a “Honra”, já não é referência essencial da sociedade, o juramento é um mero formalismo, que já ninguém exige, a começar pelo próprio Presidente da República.
A verdadeira mudança, que Portugal exige, não é possível já através dos partidos políticos, nem através de mais ou menos poderes constitucionais a atribuir ao Presidente da República.
Precisamos de associar o princípio da “Honra” ao princípio da “Virtude”.
José J. Lima Monteiro Andrade
sexta-feira, 12 de março de 2010
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