segunda-feira, 8 de junho de 2009

Resultados eleitorais


Os níveis de abstenção em Portugal continuam a ser superiores aos da restante União Europeia. O desinteresse, a descrença, o distanciamento, face à politica e/ou face ao projecto europeu, é aqui um problema ainda mais grave, do que nos restantes países.
O voto em branco e o voto nulo aumentou quase para o dobro. Este é sem duvida um voto de protesto, contra o sistema e os partidos dominantes e já representa mais de 5% de todos os votos expressos, o que é francamente significativo.
Os novos partidos não conseguiram resultados animadores, pois não conseguiram demonstrar qualquer diferença significativa, relativamente aos partidos instalados e por conseguinte não criaram qualquer dinâmica mobilizadora .
O mais representativo destas eleições foi a dissonância dos resultados com o que anteriormente era anunciado pelas sondagens.

Os eleitores portugueses deram uma boa lição de afirmação e de carácter ao afirmarem pelo voto que não estão disponíveis para serem influenciados pelas sondagens.
Disseram com clareza que a democracia, não comporta a possibilidade de decidir sentidos de voto, através de sondagens que antecedem os actos eleitorais.
Mas esta dissonância foi tão evidente e tão nítida, que levantou finalmente uma questão essencial, que é um valor ético essencial da democracia.
As sondagens não só são falíveis, como não podem ser usadas como mais um instrumento de desvirtuamento da democracia.
Foi esta a mensagem clara, expressa nos resultados eleitorais, que os portugueses ontem deram.

Não houve significativas vitórias partidárias, mas apenas uma derrota.
O que era um dado assente nos comentários de todos os fazedores oficiais da informação, foi completamente posto em causa pelos eleitores portugueses. Ou seja, estas eleições alteraram por completo, aquele estranho discurso de todos, que afirmavam que o único desiderato possível para o futuro próximo, era apenas de retirar a maioria absoluta ao PS e a Sócrates.
O que se provou agora, foi que Sócrates vai ter muitas dificuldades de ganhar as próximas eleições legislativas, o que se provou agora, é que para além de todo o descontentamento, há também alternativa a curto prazo ao actual governo.
O partido socialista vai ter de reconhecer, que a propaganda, as habilidades e os controlos, não são suficientes para iludir o eleitorado português.
Ou reconhece isto, ou intensifica o caminho que tem seguido e ainda se afundará mais. O caminho até ás eleições legislativas vai ser penoso para Sócrates, que hoje já demonstrava publicamente, um grande deficit na sua natural arrogância.
O partido socialista está em dificuldades, também pelo facto do resultado obtido pelo PSD, ter criado uma dinâmica de vitória.
Essa vitória também é uma vitória pessoal da sua actual presidente, que assim viu muito reforçada a sua capacidade de liderança e a sua credibilidade. O PSD, vai agora unir-se à volta dessa liderança que muitos dos seus barões apenas consideravam provisória.
Mas a grande vitória do PSD, foi a demonstração inequívoca de Paulo Rangel, é um politico fiável e credível, ou seja que o partido tem garantida uma sequencia de liderança, o que atenua em muito a questão da idade avançada da actual Presidente, que era a insinuação mais destruidora da liderança de Manuela Ferreira Leite.

Os portugueses souberam responder com sabedoria ao actual momento político.
Na minha modesta opinião, os políticos é que continuam a não saber responder a este povo sabedor.
Nem sequer os políticos novos, dos novos partidos perceberam, que esta era uma oportunidade doirada para a sua afirmação.
Não aproveitaram o momento certo para a afirmação de uma mensagem nova de mudança, mas preferiram fazer o discurso europeu generalista e consonante com os demais, que eliminou qualquer expressão de identificação da sua diferença.
Também eles foram derrotados, talvez por inexperiência, mas em politica… “o que parece é”.

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