sexta-feira, 5 de junho de 2009

Campanha decepcionante

Os partidos políticos dominantes, o PS e o PSD, lançaram dois temas europeus como dogmas.
O PS, quis fazer passar a ideia que a defesa do Tratado de Lisboa, era uma questão de interesse nacional, até patriótica, pois o nome da nossa capital ficaria a marcar todo o futuro da União Europeia. Fizeram-se até insinuações que isso era de decisiva importância para Portugal, para o nosso prestígio e para a nossa capacidade negocial.
O PSD, lançou o tema do apoio a Durão Barroso para um novo mandato como Presidente da Comissão Europeia, insinuando que isso seria decisivo para a capacidade de influenciar os destinos da União e a salvaguarda dos interesses nacionais.

O Tratado de Lisboa, e tenho pena que tenha sido realizado na nossa capital, será uma nódoa no caminho da construção europeia, porque foi instrumento de uma forma habilidosa para não respeitar os princípios anteriormente acordados, de não avançar com a constituição europeia enquanto algum dos seus países membros a tivessem rejeitado.
O Tratado de Lisboa, ao incluir a constituição europeia, desrespeita vontades expressas democraticamente por alguns povos (Irlanda, Holanda e França).
A Constituição ao contrário do que o PS, nos quer impingir é um caminho de ainda mais distanciamento das decisões dos eleitores e de um nítido decréscimo de influencia, de poder decisório de Portugal enquanto membro da União.

O que o PS, nos quis impingir é uma falsidade.
Com o Tratado de Lisboa iremos perder uma boa parte do actual poder decisório e negocial em nome de uma operacionalidade, que originará progressivas perdas de soberania.
O tema de Durão Barroso ainda é mais ridiculamente contraditório. O actual Presidente da Comissão europeia era o nosso Primeiro Ministro e tinha um contrato eleitoral com os portugueses. Não cumpriu esse contrato e esse compromisso, porque teve de aproveitar uma oportunidade para a sua carreira politica. Não foram os interesses nacionais que o fizeram abandonar esse compromisso e provocar uma crise politica nacional que acabou por ter como consequência, esta maioria absoluta do PS e esta tristeza de governo. Durão Barroso traiu o país e o seu próprio partido. Como acreditar nele, enquanto defensor dos interesses nacionais?

O curioso é que no final da campanha já sabemos que nestes dois temas, que geraram acesa discussão entre os candidatos do PS e do PSD, afinal há acordo entre os dois partidos e que esse acordo e sintonia sempre existiu.
Os dois defendem o Tratado de Lisboa, os dois apoiam a candidatura de Durão Barroso.
Nada disto tem a ver com os interesses nacionais, mas sim com os compromissos de filiação nos grandes grupos europeus. A linguagem e os temas lançados durante esta campanha foram simplesmente formas de branqueamento para com a análise seria das questões politicas importantes e também de justificação para suas as elevadas despesas de campanha pagas pelo erário público.

O mais preocupante é que nestas eleições apareceram novos partidos, que podiam ter aproveitado para deixar uma mensagem de esperança e de mudança, que não souberam ou não quiseram transmitir.
Pois quer o partido da Esperança, quer o partido da Mudança, caíram que nem uns patinhos neste enredo e acabaram também eles por se posicionar tal qual, como os partidos dominantes, sem qualquer reticência.
Não se afirmaram na diferença e como consequência, nem sequer foram ouvidos.
Afinal… que Esperança podemos ter, que expectativa de Mudança?

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