sexta-feira, 19 de junho de 2009

Presunção Inacreditável


Interrogo-me como é possível que políticos que têm demonstrações públicas de total falta de respeito pelos mais elementares valores éticos, terem a presunção de admitir que o eleitorado português não os penaliza.
Ontem, Elisa Ferreira anunciou a sua candidatura à Câmara Municipal do Porto e teve a desfaçatez de anunciar, que se ganhar essas eleições abdicará dos “privilégios”, que obteve com a sua eleição para o Parlamento Europeu.

A questão é muito mais grave, do que a já por muitos apontada falta de respeito pelo eleitorado que já a elegeu para uma representação na premissa de cumpriria o seu mandato. A declaração pública de que obteve “privilégios de natureza material e outros” pelo facto de ter sido eleita para um cargo político é desde logo denunciadora de uma irresponsabilidade incrível, na medida que acentua a imagem negativa que todos temos dos políticos e das razões porque lá estão.
Mas para além disso a candidata do Porto assume que isso é um acto louvável de dedicação pelo Porto, ou seja ela insinua que por estar disponível para abdicar de privilégios, dá maior garantia do que os outros, que não têm esses privilégios, de mais dedicação e empenhamento.
A presunção da candidata paralisou completamente a sua inteligência, que envergonhou certamente muitos socialistas.
Mas tudo isto é natural, quando pessoas sem suficiente preparação cultural, sem consistência humana, sem mundo e de verticalidade duvidosa, são catapultadas para funções ou lugares, para os quais não têm a mínima das preparações.
É um exemplo inequívoco de como a mediocridade humana, chega hoje facilmente a lugares importantes da política nacional.

O problema é assim um problema estrutural, porque Elisa Ferreira só teve a possibilidade de dizer tamanhos disparates, porque está integrada num partido político que a apoia.
É toda uma elite, que não tem suficiente categoria humana, para ter as pretensões a que se arrogam.
Certamente que o eleitorado do Porto não irá eleger uma personalidade destas, mas então ela manterá os seus “privilégios” e continuará a ser-lhe dada audiência nos órgãos de comunicação social, porque faz parte da elite dominante.

A tolerância característica dos portugueses, tem inúmeras vantagens, mas tem também este grave inconveniente, de ser uma sociedade de grande permissividade à incompetência e à pobreza de espírito.
Porém, uma elite consistente e bem preparada, reconhecida nos valores humanos por toda a sociedade, é essencial para a preservação de um Estado e também para a qualidade de vida dos cidadãos.

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