quinta-feira, 4 de junho de 2009

Análise conclusiva da Campanha Eleitoral

A Europa vai adoptar o Tratado de Lisboa e uma Constituição que foi rejeitada por muitos, em que outros, como os portugueses, não tiveram sequer oportunidade de intervir.
O poder decisório dos grandes países europeus vai reforçar-se, os pequenos países perdem capacidade de intervenção e soberania. O Parlamento europeu vê reforçados os seus poderes e o distanciamento do processo legislativo para com os povos, acentua-se.

Não foi nada disto que se discutiu na campanha eleitoral.
Ela foi exclusivamente um combate interno de afirmação dos partidos políticos nacionais.
O que está em causa para os partidos políticos portugueses é a luta pelo poder em Portugal.
Assim para os representantes políticos actuais, o futuro da Europa é uma inevitabilidade que já está decidida, pelos outros a que temos de nos sujeitar.
Esta é verdadeira dimensão dos nossos actuais políticos e dos nossos partidos dominantes.
Também eles estão resignados a uma Europa construída na base de interesses diferentes dos nossos, de princípios dissonantes dos valores democráticos, que irá limitar a nossa influência e soberania.
Os partidos dominantes portugueses estão resignados, como já conseguiram a resignação duma parte substancial dos portugueses, que não se revêem neles.
Numa perspectiva histórica tudo isto representa uma lamentável consequência, da falta de qualidade dos nossos políticos e de uma lamentável ausência de afirmação nacional, que nada tem a ver com o nosso grandioso passado como país.

Os políticos portugueses, numa demonstração inequívoca da sua pequenez de estatura politica, seguem as dinâmicas induzidas pela sua ambição pessoal e pelos seus interesses imediatos.
Durão Barroso, o actual Presidente da Comissão Europeia foi tema de campanha. Mesmo aqueles que condenaram a sua atitude, só comparável aquela que tiveram muitos nobres que foram comprados por Filipe II em 1580, optam por defender a sua recandidatura ao cargo, com o argumento de manter alguma capacidade de influência nacional.
Todos reconhecem a verdadeira realidade do caminho que a Europa vai prosseguir e as graves consequências que ele vai trazer para Portugal. Mas não lhes interessa tomar posição e agarram-se a simbolismos absolutamente irrealistas.
Eles estão apenas a reforçar o alheamento popular para com o Projecto Europeu.
Este fenómeno não é exclusivamente português, o que levanta uma gravíssima questão, pois cada vez será mais evidente o afastamento dos povos relativamente ao processo de evolução da União, que assim vai abdicando do principio essencial que a consolidava, que era a sua construção com base na inequívoca vontade dos seus povos.

Os políticos nacionais, estes provincianos sem consistência surgidos no pós revolução, nem sequer apreciam outros fenómenos sociais que são protagonizados por um cada vez maior numero de portugueses, pois apenas olham no sentido que mais os interessa pessoalmente, ou seja para a Europa, que lhes abre as portas para suas carreiras.

Um terço dos portugueses vive e trabalha fora de Portugal.
É surpreendentemente crescente o fenómeno migratório para os países de língua portuguesa, especialmente para Angola.
Todos eles fazem parte da Nação.
Eles representam indiscutivelmente uma nova oportunidade nacional.
Ou os esquecemos e permitimos que se afastem e se enraízem noutros lugares ou lhes damos a indispensável atenção e importância.
Eles estão a transmitir uma importantíssima mensagem politica com a sua opção migratória e essa mensagem irá assumir uma progressiva pressão social que terá mais cedo ou mais tarde ter consequências políticas surpreendentes.
A lição politica dos nossos novos emigrantes, não está a ser entendida e está até a ser ignorada, porque os nossos políticos estão a olhar apenas para o seu próprio umbigo.
Mas Portugal não é este pequeno país, dos actuais políticos e dos actuais partidos dominantes. Portugal é uma grande Nação, constituída por todos os portugueses, que através da sua identidade como povo antigo e sabedor, saberá resistir às fraquezas temporais e encontrar os caminhos, como sempre o sobe fazer ao longo da sua história.
A questão que se levanta e que os políticos actuais querem esconder é uma questão simples mas decisiva para o nosso futuro.
Ser cidadãos portugueses, integrados na União e presentes em todo o mundo, ou passar a ser cidadãos europeus?
A resposta sem subterfúgios a esta questão, deveria ser respondida por todos os candidatos ao Parlamento Europeu.
Não será assim e a politica continuará o seu caminho de ciência obtusa e obscura, afastando dela, um cada vez maior número de cidadãos.

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