quarta-feira, 3 de junho de 2009

Publicidade, condicionante e espartilho...

A publicidade assume um papel determinante nas nossas escolhas.
Ela dirige a nossa vida, até o nosso conhecimento, a nossa cultura.
Mudamos os nossos hábitos alimentares, os nossos hábitos de vida, até os nossos gostos e interesses, tudo induzido pela publicidade.
Não se promovem negócios e produtos sem uma correspondente campanha publicitária. O investimento publicitário é essencial no sucesso das actividades comerciais, na produção e nos serviços.
O retorno do investimento publicitário é a principal medida do sucesso empresarial.
Tal como nos produtos e nos serviços o consumo da cultura, é também condicionado pela publicidade. Lemos os livros, vemos os filmes e os espectáculos, mais publicitados, vamos ao museu, á região e à cidade que teve uma boa campanha de promoção.
A publicidade tem também outras consequências. A da ansiedade consumista, que é uma doença moderna, que gera o desperdício. A do desprezo por noções de qualidade de vida e de consumo, tais como determinados hábitos e valores que se perdem, produtos de qualidade e tradicionais que se deixam de vender e promove o endividamento, porque a poupança desaparece como bom princípio da organização das famílias.
Também na política é assim.
Sem necessidade de rigor quanto ao retorno do investimento publicitário, os resultados eleitorais têm uma relação directa com as despesas de promoção de cada partido nas campanhas eleitorais.
A publicidade, é também determinante na receptividade da mensagem politica e condicionante das opções de voto dos eleitores.
Isto levanta questões muito importantes sobre as quais é preciso reflectir.
Em que medida é o investimento publicitário responsável pelas escolhas eleitorais ?
Ou seja em que medida um mero instrumento financeiro, é responsável pela escolha de uma proposta politica, de uma ideia ou de um governo?
Ainda mais, qual é o peso deste mero instrumento financeiro, como instrumento de desvio perante a análise íntima de cada um, face às propostas políticas?
Avançando ainda um pouco mais, poderíamos ponderar até que ponto este instrumento financeiro, se sobrepõe às ideologias ou às propostas politicas.
Estas são um conjunto de questões, que a ciência politica deveria estar a analisar e a dar respostas.
A verdade é que uma mensagem politica, tal como um produto ou um serviço, não se consegue impor, nem sequer ser conhecida, se não tiver na sua divulgação uma consistente campanha publicitária.
Por isso os partidos novos têm grandes dificuldades de singrar, se não tiverem ou meios financeiros para a publicidade ou o apoio da comunicação social nacional.
Logo estamos num impasse democrático de enorme gravidade.
A ideia nova, a proposta diferente, só pode ter audiência se por detrás dela estiver os meios financeiros suficientes para uma grande campanha publicitária. Estes meios financeiros não estão disponíveis na sociedade civil e por consequência só podem ser obtidos por contrato, ou seja através de compromissos que irão condicionar toda a independência.
A democracia perde assim toda a sua capacidade de rejuvenescimento.
A actual campanha eleitoral é nesta perspectiva um exemplo importante para reflexão.
Os novos partidos e os partidos pequenos, aproveitam as eleições para o Parlamento Europeu para tentarem a sua implantação e a divulgação das suas mensagens.
Para eles é o momento privilegiado de actuação.
Mas com o decorrer da campanha temos dificuldades de os ver e dos ouvir, fora dos espaços dos tempos de antena, que já ninguém tem pachorra para ver.
Os partidos que recebem do erário púbico avultadas verbas impõem-se nas suas campanhas publicitárias de tal forma que abafam todos aqueles que não auferem desse benefício.
A ideia nova, ou nova proposta, nem sequer tem condições para ser ouvida.
Os órgãos de comunicação social também os omitem. Desprezam-nos até.
Seria interessante que a ciência politica, também desse resposta a esta questão tão evidente e lamentável.
Tal com a nossa Maçã Bravo do Esmolfe, deixou de ter mercado e não se impõe…pois apesar de todo o seu magnífico sabor não foi capaz de se comparar com aquela outra do supermercado, que beneficiou das campanhas publicitárias, também a ideia nova e a nova proposta não foi analisada, nem ponderada.
O problema é que esta ideia nova e nova proposta, poderia ser melhor para todos nós, poderia ser mais motivadora e mais mobilizadora para se ir votar.

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