Há muito tempo que o senhor Presidente da Republica deveria saber, que era inevitável o resgate da divida publica nacional e o pedido formal de intervenção do FMI.
Se não o sabia é porque afinal é um fraco economista ou uma personalidade mal informada sobre as finanças públicas, o que manifestamente não pode ser verdade.
O sr. Presidente foi agindo na sua ténue magistratura de influência, preservando um governo irresponsável, que não lhe ligou peva e por consequência essa sua influência foi nula.
As manobras dilatórias do governo, expressas em PEC’s e mais PEC’s, acabaram por originar a natural atitude conjunta das forças partidárias de oposição, pois a farsa já era demasiado evidente.
A Banca deu o mote aos partidos…”não temos condições para suportar mais a divida do Estado”.
O sr. Presidente da Republica, foi incapaz de estar à altura dos acontecimentos e de exigir dos partidos uma atitude responsável, perante a evidente situação de colapso das nossas finanças.
Num momento de pedido de intervenção, que exigiria uma negociação forte e unitária, o sr. Presidente decidiu, convocar eleições e manter em funções de gestão o governo , principal responsável pela nossa falência.
Uma decisão desastrosa, tendo em atenção que era uma evidente forma de viabilizar a desresponsabilização do governo e de promover um clima de intensificação da luta partidária.
O Sr. Presidente não teve coragem para colocar os interesses nacionais e preferiu lavar “as mãos”, tentando dar a entender que competiria aos partidos a solução da grave crise nacional…como se isso fosse possível num clima de campanha eleitoral…como se isso fosse o desejável perante a necessidade de criar uma forte e maioritária frente de negociação.
Nada impediria que a exigência que faz para o futuro, de uma maioria parlamentar governativa tivesse sido feita sem dissolver o Parlamento e se o tivesse feito então estaríamos agora bem esclarecidos de quais os partidos e quais os dirigentes partidários tinham sentido de Estado.
Se nenhum quisesse assumir essa possibilidade, também nada impediria o sr. Presidente de nomear um Governo de unidade nacional, que obviamente teria de fazer passar o seu programa na Assembleia da Republica e se não passasse, ficaríamos a conhecer as razões dos partidos políticos, o que pelo menos seria um enorme contributo para a transparência democrática.
Patético é assim agora este apelo do Sr. Presidente, pois teve como responsabilidade política criar essa exigência de unidade e abdicou dela.
É hoje humilhante verificar a nossa submissão à Troika….toda esta lamentável romaria de chapéu na mão dos nossos políticos e dos nossos dirigentes da chamada sociedade civil.
Uma vergonha colectiva, de fraqueza e de submissão, em que chegamos ao cúmulo do ridículo,de ouvir o Presidente de uma Confederação Socio-profissional afirmar após uma reunião com a Troika…” viemos «PEDIR » que se mantivessem os fundos estruturais para o desenvolvimento da agricultura”.
Como poderíamos ter alguma capacidade negocial, neste clima político criado pela atitude do senhor Presidente da Republica? Como poderíamos ter a tal unidade nacional indispensável ? Como poderíamos ter a responsabilização política?
As eleições vão ser uma farsa…uma lamentável farsa, porque nenhuma partido politico do arco governativo poderá com verdade apresentar um programa de governação, que não nos seja o imposto pela Trioka e ainda por cima sem ter sido convenientemente negociado como resultante desta decisão lamentável de convocar eleições neste momento decisivo.
A incompetência do sr. Presidente da República, que não sei se é resultante da sua incapacidade política ou do seu carácter, acabou por ser, a mais irresponsável atitude política, que conseguiu até esta notável contradição, de diluir a própria irresponsabilidade de José Socrates e aí estão as sondagens a evidencia-lo.
José J. Lima Monteiro Andrade
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