Atiramos a toalha ao chão, porque não fomos capazes de atempadamente emendar o erro e o vício de viver apenas de acordo com os nossos rendimentos e possibilidades.
Esta irracionalidade manteve-se ao longo de mais de uma década e agudizou-se com a irresponsabilidade de um Governo, que negou a verdade e promoveu a inconsciência colectiva.
Uma dupla irracionalidade.
Os nossos credores, a quem pedíamos dinheiro para manter estas irracionalidades, naturalmente que perderam a confiança e exigiram progressivas garantias e mais elevados juros pois os riscos do seus negócios eram cada vez maiores.
A culpa é dos credores, do mercado, onde precisávamos de nos manter, para manter a irracionalidade.
Uma tripla irracionalidade.
A situação passou a insustentável, mesmo com as sucessivas avalanches de PECs e de austeridade avulsa, os mercados não confiavam, as suas exigências prosseguiam e chegamos a um momento de evidente constatação da insolvência da nossa divida soberana.
As irracionalidades governativas, originavam assim a única saída…a inevitável intervenção externa.
Mas nem isto, foi reconhecido atempadamente pelo governo irresponsável…adiou-se, protelou-se em nome da mentira e da sonegação ao povo da realidade. Deu o Governo preferência a uma estratégia de sucessivos pedidos de sacrifício, preservando a mentira de que seriam suficientes.
Escondeu-se a realidade da situação financeira do Estado, para preservar o povo sereno e iludido.
A quadrupla irracionalidade.
Esta estratégia de irracionalidade foi protagonizada por um partido, que não tinha suporte maioritário parlamentar, nem popular, mas que ia tentando compromissos falsos e ténues que lhe iam garantindo a gestão pública ruinosa.
Chegou um momento em que o maior partido da oposição não teria mais condições de suportar tais compromissos, sob pena de esvaziamento total da sua função. Finalmente disse não.
O 1º Ministro pediu a demissão e acusou a oposição de irresponsabilidade, pelo não definitivo à gestão ruinosa e enganosa.
A quíntupla irracionalidade.
O senhor Presidente da Republica, entende convocar eleições e manter o governo em gestão num momento de evidente desconfiança internacional sobre a nossa governação e de eminência de uma negociação de salvação nacional.
Manter nas em negociações vitais para o nosso futuro esta desconfiança, debilidade e insegurança, foi um acto de irresponsabilidade do mais alto magistrado, que abdicou num momento chave, da sua função e das suas responsabilidades, lavando as mãos, num acto lamentável, de negação de sentido de Estado.
Sêxtupla irracionalidade.
É pedida a chamada “ajuda externa” (que designação tão enganosa!!!) , que mais não é do que uma penhora, em que o direito de soberania é entregue a organizações internacionais de natureza financeira.
Hipotecamos uma Nação, como se fosse uma empresa e vamos alegremente escolher, em eleições, quem é o mandatário deste vexame.
A democracia que foi sendo asfixiada ao longo dos anos de desvario nacional, que foi dominada e anulada pelos interesses partidários, fica assim também penhorada.
O direito natural de escolha, foi substituído pelo vexame democrático, de ser “oferecido” aos portugueses a oportunidade de avalisarem, as políticas e as opções determinadas por instituições financeiras internacionais.
A irracionalidade nacional, foi assim um objectivo alcançado.
José J. Lima Monteiro Andrade
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