domingo, 27 de setembro de 2009

O que disse o eleitorado? ...NÃO



A análise que faço do resultado das eleições legislativas, destoa profundamente do politicamente correcto, que os analistas oficiais e os representantes partidários vendem , como síntese do sentido do eleitorado português.
O que leio como mensagem dos portugueses, parece-me claro e inequívoco, onde predomina a palavra Não.
Uma grande abstenção, onde é dominante o estado de espírito de cerca de 40% do eleitorado… NÃO acreditamos em qualquer solução, NÃO é esta a via que poderá levar a uma mudança que nos motive, NÃO são estes partidos que nos convencem, NÃO é neste quadro partidário que está a solução, Não vale a pena, porque já não acreditamos nos políticos.
São três milhões de portugueses, que expressam este tipo de sentimento, pois desconto meio milhão que não votou por impedimento.
Dos que votaram também pode ser fácil perceber que o NÃO esteve presente como síntese do resultado eleitoral.
O NÂO claro e inequívoco ao Governo, que sendo uma condescendência para com a sua política, é indiscutivelmente um NÃO à sua forma de governação e até á sua composição. Perdeu por isso mesmo, a maioria absoluta, que parecia a forma mais lógica e segura que teoricamente nos permitiria a segurança e a estabilidade, para ultrapassar a crise económica e social, que atravessamos.
O NÃO, a uma liderança forte mas imprevisível que foi apresentada pelo PSD. Simultaneamente o NÃO há sintonia Presidente da República e futuro Governo.
O NÃO há bipolarização do espectro político e ao domínio dos partidos dominantes do quadro parlamentar e da governação do passado. Dando assim força aos partidos que se apresentaram nas eleições dando mais garantias de não viram a ser muletas da acção governativa, ou seja para com aqueles que tiveram mais firmeza na afirmação ideológica e nas suas convicções.
Um NÃO ainda, a toda esta persistente, mas ultrapassada, classificação entre esquerda e direita, que é asfixiante e uma mentira. Pois foi evidente, que toda a campanha do Bloco de Esquerda, o partido que mais reforçou a sua votação, foi baseada na acusação da politica do PS como de direita e não faz qualquer sentido, a partir de agora, continuar a classifica-lo como um partido, que integra a esquerda.
Este NÃO à linguagem partidária, é também uma exigência de clarificação ou de libertação face às siglas e conceitos socialistas ou sociais democratas, que por estarem manifestamente ultrapassados pelas circunstâncias e pelo estádio de evolução do mundo, já não conseguem induzir ao engano o eleitorado português.
Um NÃO rotundo e sonante ao Presidente da República, pela sua inaceitável atitude de não explicar ao país como era seu dever e obrigação, todo o grave embróglio da suspeição das escutas.
Este NÃO, ficou bem visível com a descolagem que permitiu ao PS, desde que esta questão foi acentuada na campanha eleitoral e eliminou o empate técnico que até então se verificava, passando a favorecer o partido do Governo.
Este NÃO é particularmente significativo, pois evidência a exigência de esclarecimento dos portugueses, para com o Presidente da República, beneficiando quem ficou pelo seu silencio, numa posição de suspeição não clarificada.
Este NÃO é o mais grave, porquanto é uma advertência dos portugueses, para com o mais alto responsável do Regime e simultaneamente uma exigência de esclarecimento.

Sem comentários:

Enviar um comentário