terça-feira, 11 de outubro de 2011

O novo paradigma

Aos políticos exige-se a capacidade de encontrar soluções sustentáveis e não desculpas.
A crise tem sido a desculpa, utilizada sistematicamente pelos políticos para branquear a sua incapacidade e a sua inconsciência cívica.
A crise não é passageira, é uma realidade da economia global onde nos integraram, porventura inconscientemente.
A crise perdurará, pois a economia global é por natureza instável e os paradigmas da economia de bem-estar ou dos Estados previdência estão desadaptados a essa nova circunstância.
As ideologias do passado ainda dominam os partidos políticos, que não entendem, nem assumem esta realidade de exigência. As políticas e as empresas terão de ser flexíveis de forma a conseguirem conviver com as inevitáveis crises.
Os partidos políticos são dominados por uma corte de personalidades, que próximos do poder auferem privilégios e favorecem a corrupção, constituindo a maior força de resistência à mudança de paradigma social e político.
Os actuais partidos políticos com assento parlamentar são por estas duas razões os grandes obstáculos à mudança indispensável. As verdadeiras forças da reacção.
Os que são arautos do esquerdismo, fixam-se na defesa dos direitos adquiridos (em época do desenvolvimento ilusório) e na defesa da luta contra a precariedade, que é a antítese da flexibilidade indispensável à vivencia económica do século XXI.
Os partidos da área do poder, reféns das suas cortes interesseiras e corruptas dificilmente conseguem ultrapassar o lamentável estádio de cedência a interesses internos ou externos e inviabilizam sistematicamente o surgimento do rigor, da clarividência, do bom senso, do desígnio e projecto nacional mobilizador.
O Presidente da República surge como símbolo deste regime caduco e incapaz de assumir a sua indispensável regeneração.
Não é referência credível e não tem estatuto humano, social e cultural, que origine a respeitabilidade generalizada dos portugueses.
Eleito irregularmente por uma minoria da população, que pela via eleitoral claramente denunciou que não acredita no regime, o senhor Presidente da Republica demonstra toda a sua mediocridade na sua afirmação política, na sua nova ansiedade de intervenção com que quer marcar este seu segundo mandato.
Os seus discursos e intervenções são delirantes de generalidades e imprecisões, de incapacidade mobilizadora.
“Temos de viver de acordo com as nossas capacidades”…não sr. Presidente, o Estado não pode gastar acima das suas receitas (como se, o seu silêncio durante cinco anos não tivesse sido uma conivência dramática)…”temos de exportar mais e importar menos”…como? Senhor Presidente diga-nos como, pois a sua politica de destruição do tecido industrial, comercial, agrícola e marítimo nacional, foi determinante para esta situação de dependência externa.
Estas banalidades e generalidades são o refúgio do medíocre, que na sua arrogância desculpabilizante assume na plenitude o simbolismo de um regime incapaz de se reafirmar pela mudança. Mudança, que parcialmente nos impõem agora através do vergonhoso “resgate” a que a incompetência política nos conduziu, mas que será insuficiente se a sociedade portuguesa não se assumir num novo protagonismo de exigência.
A mentalidade dos nossos políticos e os interesses particulares da oligarquia governante chocam hoje já claramente com uma nova mentalidade que começa a surgir através da juventude herdeira da crise.
A luta de classes é agora encarada como o grande erro…as empresas terão de ser equipes homogéneas e motivadas para sobreviverem. A cultura da solidariedade nos processos produtivos e da emoção pelos resultados, terá de constituir a premissa essencial do aumento da nossa produtividade empresarial.
Direitos e obrigações terão de ser reequilibrados e passar a constituir uma nova mentalidade colectiva… o trabalho é um direito (cada vez mais um privilégio), interligado à obrigação do cumprimento rigoroso do contributo individual, para a máxima capacidade produtiva.
A geração que agora procura entrar no mercado de trabalho não quer ser ingrata para com seus progenitores, mas sente que tem melhores qualificações e que está bloqueada…a sua atitude não pode ser a de uma luta inter-geracional, mas exige uma oportunidade no país onde nasceu e que felizmente ama.
Por isso é com orgulho que finalmente vejo chegar à opinião pública uma nova mensagem protagonizada por esta juventude…. Sentimo-nos preparados para contribuir para ajudar Portugal, somos a geração mais qualificada da nossa história, sabemos que temos de trabalhar mais, com mais rigor, maior empenhamento, mais horas e até mais anos, porque só assim asseguraremos o rendimento nacional e a possibilidade de nossos progenitores terem reformas dignas, saúde pública e nossos filhos educação conveniente…dêem-nos a oportunidade de contribuir para salvar Portugal.
Gostei de ouvir esta nova postura.
O país não é o Estado, ao Estado compete a mobilização do país e essa é uma mudança essencial…é preciso libertar a sociedade civil para que o caminho do desenvolvimento aconteça.
Estes jovens merecem a resposta conveniente… a profunda reforma do Estado, do regime e do sistema.
Mudança de paradigma é o que exige a nossa juventude…um projecto nacional, pois temos matéria humana e muitas potencialidades…se deixarmos de olhar apenas para o continente e voltarmos a olhar para outros horizontes e soubermos escutar o coração dos portugueses.
José J. Lima Monteiro Andrade

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