segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Meditação sobre o comportamento actual dos portugueses

Se na educação de nossos filhos não lhes incutirmos as prioridades do dever, do respeito, do cumprimento das responsabilidades, do esforço para vencer, da sua valorização pessoal, da honestidade, da sinceridade, da verdade e formos permissivos à indolência, à satisfação de caprichos, aos benefícios sem esforço, que expectativa poderemos ter para o seu futuro?
Não terá sido esta a mensagem generalizada e banalizada que foi transmitida à sociedade portuguesa nos últimos 36 anos?
Como querer agora que haja sentido das responsabilidades e da exigência?
Como alterar o benefício sem esforço?
Como mobilizar a vontade para o mérito e rigor?
Como exigir a mudança indispensável através do esforço colectivo?
Como readquirir o sentido da responsabilidade individual e colectiva, do dever e das obrigações para com a sociedade e para com a Pátria?
Muitos dos benefícios adquiridos mostram-se hoje incomportáveis…vivemos acima das nossas possibilidades…vivemos na ilusão do impossível.
O povo português conhece bem esta realidade. O corte das benesses vai ser progressivo…há que aproveitar enquanto dura.
Esta é a realidade que induz a esta inércia colectiva perante o descalabro da governação.
Para manter esta postura preferem a maioria dos portugueses não conhecer a realidade e sobretudo não ouvir a mensagem dura do futuro que lhes está reservado ou para seus filhos ou netos.
Os governos e a comunicação social favorece este estado de alma porque convém.
É a mensagem do povo de brandos costumes e a crónica alienação futebolística e novelística.
Egoísmo colectivo, porque para manter este nível de benefícios cada vez comprometemos mais o futuro das gerações seguintes.
Tapam-se os ouvidos, fecham-se os olhos…apenas os que atingem mais rapidamente os níveis da miséria e da fome ou a ansiedade do desemprego passam a estar alarmados.
A maioria ainda está no estádio anterior. Formatada para ser dócil e obediente, sem formação para assumir a luta e o sentido da exigência.
Um povo anestesiado e indiferente ao drama que iremos começar a viver.
Não há uma elite de referência e com suficiente influência capaz de promover a reacção.
As elites são fracas e também elas foram formatadas no mesmo ambiente.
Outros beneficiam escandalosamente deste sistema indiferentes aos dramas humanos, sem qualquer rasgo de sentimento patriótico, muitos deles usando a falsidade do discurso da igualdade.
Será alarmismo?
Não, um país que se distingue de todos os demais, por há mais de uma década, se manter em estagnação económica e que se afirma no caminho da decadência dos valores e da perda de soberania, está claramente a condenar a sua existência e o bem-estar dos seus filhos.
Mudar só será possível, por uma radical mudança de atitude de muitos de nós, dos mais conscientes e dos mais patriotas.
Não será possível uma mudança de rumo que salvaguarde o nosso futuro como povo livre e independente, sem uma mudança de regime e de sistema.
Este será o desafio dos conscientes e patriotas.
Deles exige-se uma atitude determinada.
Que apareçam, que se juntem e que se afirmem.
José J. Lima Monteiro Andrade

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