sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Comentário ao "Palhaço" escrito por Mario Crespo no JN.

PALHAÇO
de Mario Crespo
O palhaço compra empresas de alta tecnologia em Puerto Rico por milhões, vende-as em Marrocos por uma caixa de robalos e fica com o troco.
E diz que não fez nada.
O palhaço compra acções não cotadas e num ano consegue que rendam 147,5 por cento. E acha bem.
O palhaço escuta as conversas dos outros e diz que está a ser escutado. O palhaço é um mentiroso.
O palhaço quer sempre maiorias. Absolutas. O palhaço é absoluto. O palhaço é quem nos faz abster. Ou votar em branco. Ou escrever no boletim de voto que não gostamos de palhaços. O palhaço coloca notícias nos jornais. O palhaço torna-nos descrentes.
Um palhaço é igual a outro palhaço. E a outro.. E são iguais entre si.
O palhaço mete medo. Porque está em todo o lado. E ataca sempre que pode. E ataca sempre que o mandam. Sempre às escondidas. Seja a dar pontapés nas costas de agricultores de milho transgénico seja a desviar as atenções para os ruídos de fundo. Seja a instaurar processos. Seja a arquivar processos.
Porque o palhaço é só ruído de fundo. Pagam-lhe para ser isso com fundos públicos.
E ele vende-se por isso. Por qualquer preço. O palhaço é cobarde. É um cobarde impiedoso. É sempre desalmado quando espuma ofensas ou quando tapa a cara e ataca agricultores. Depois diz que não fez nada. Ou pede desculpa.
O palhaço não tem vergonha. O palhaço está em comissões que tiram conclusões. Depois diz que não concluiu. E esconde-se atrás dos outros vociferando insultos.
O palhaço porta-se como um labrego no Parlamento, como um boçal nos conselhos de administração e é grosseiro nas entrevistas.
O palhaço está nas escolas a ensinar palhaçadas.. E nos tribunais. Também. O palhaço não tem género. Por isso, para ele, o género não conta. Tem o género que o mandam ter. Ou que lhe convém.
Por isso pode casar com qualquer género. E fingir que tem género. Ou que não o tem.
O palhaço faz mal orçamentos. E depois rectifica-os. E diz que não dá dinheiro para desvarios. E depois dá. Porque o mandaram dar. E o palhaço cumpre. E o palhaço nacionaliza bancos e fica com o dinheiro dos depositantes. Mas deixa depositantes na rua. Sem dinheiro. A fazerem figura de palhaços pobres. O palhaço rouba. Dinheiro público.
E quando se vê que roubou, quer que se diga que não roubou. Quer que se finja que não se viu nada.
Depois diz que quem viu o insulta. Porque viu o que não devia ver.
O palhaço é ruído de fundo que há-de acabar como todo o mal.
Mas antes ainda vai viabilizar orçamentos e centros comerciais em cima de reservas da natureza, ocupar bancos e construir comboios que ninguém quer. Vai destruir estádios que construiu e que afinal ninguém queria. E vai fazer muito barulho com as suas pandeiretas digitais saracoteando-se em palhaçadas por comissões parlamentares, comarcas, ordens, jornais, gabinetes e presidências, conselhos e igrejas, escolas e asilos, roubando e violando porque acha que o pode fazer. Porque acha que é regimental e normal agredir violar e roubar.
E com isto o palhaço tem vindo a crescer e a ocupar espaço e a perder cada vez mais vergonha. O palhaço é inimputável. Porque não lhe tem acontecido nada desde que conseguiu uma passagem administrativa ou aprendeu o inglês dos técnicos e se tornou político. Este é o país do palhaço.
Nós é que estamos a mais. E continuaremos a mais enquanto o deixarmos cá estar. A escolha é simples.
Ou nós, ou o palhaço.

Comentário :
José Andrade :
Caro amigo Mário Crespo, o que nos acaba de relatar é toda uma descrição minuciosa da actuação do Palhaço.
Obrigado por isso pelo detalhe com que descreveu a cena da sua apresentação do Circo. Porém a sua conclusão é em meu entender profundamente errada.
Diz…ou nós ou o Palhaço.
Vejamos então.
O Palhaço cuja actuação descreve é apenas os Palhaço pobre.
Quem o introduziu em cena foi o Palhaço rico.
Quem fomentou as “palhaçadas”, que muito realisticamente descreve foi o Palhaço rico.
Foi este que deu os motes e que introduziu o guião, que leva o Palhaço pobre a actuar para a plateia do Circo.
A Plateia ri e aplaude.
O circo em sessões contínuas, está sempre a abarrotar. Todos querem ver o Palhaço rico a apresentar e induzir o Palhaço pobre a actuar. Todos continuam a rir e a aplaudir o espectáculo,
O Palhaço rico não faz rir, nem sabe sorrir, mas é ele que promove a actuação do Palhaço pobre.
No final da actuação, Palhaço rico e Palhaço pobre, tocam em conjunto, cada um com seu instrumento, a mesma música, para gáudio da assistência.
A sua conclusão, é assim um enorme equívoco.
Pode-se substituir este Palhaço, que o Palhaço rico encontrará um substituto. Talvez não tão cómico, mas terá sempre de seguir o guião do Palhaço rico.
Pode-se substituir o Palhaço Rico, mas este Circo não dispensará estas cenas, destes Palhaços e a plateia até gosta disto…
Ri e aplaude, porque não paga o bilhete para ir ao Circo.
Porque o Circo anuncia por todo o lado, numa campanha muito sonora, que é divertido e é de graça.
Não…não é, ou nós ou Palhaço pobre.
Nem sequer é a substituição do Palhaço rico.
É, ou nós ou este Circo.

Sem comentários:

Enviar um comentário