terça-feira, 15 de dezembro de 2009

A afronta a Portugal. A vitória espanhola.



A Construção da Linha Férrea de mercadorias Sines – Madrid

Continua este Governo a insistir nas grandes obras públicas como modelo de desenvolvimento da economia nacional e do problema do desemprego galopante.
Uma mentira gravíssima, que não só não é sustentável, na opinião da quase generalidade dos nossos economistas, como é ainda mais grave, porque se preferem obras públicas que não respondem às actuais carências da sociedade portuguesa.
Pior, algumas destas, são absolutamente contrárias aos nossos interesses e são uma cedência inadmissível da nossa soberania e comprometem o nosso futuro.
O projecto de construção de uma nova linha férrea Sines – Madrid, em bitola ibérica, é uma incrível cedência aos interesses exclusivos espanhóis e uma limitação absurda do futuro desenvolvimento económico português.
Só tem paralelismo histórico, com a invasão do exército espanhol comandado pelo Duque de Alba em 1580, na defesa dos interesses de pretensão de Filipe II, à coroa portuguesa.
Foi então o Rei aclamado pelo povo, em Santarém e em Lisboa, quase sem exército, que num acto do mais heróico patriotismo, enfrentou esse enorme exército invasor, na batalha de Alcântara.
D. António, Prior do Crato, foi derrotado, mas nunca desistiu da sua luta por Portugal. A sua vida é toda uma página brilhante da nossa história, de acções e atitudes heróicas, na defesa de Portugal.
Nem todos os nobres portugueses o seguiram e apoiaram. Muitos preferiram as benesses e as regalias que Filipe ofereceu. Outros preferiram a acomodação, acreditando nas promessas e nas mentiras.
Portugal perdeu então a sua independência.
A mentira das promessas, gerou a miséria e começou também a afectar os privilégios da nobreza.
Durou 60 anos até a reacção portuguesa conseguir impor-se.
Seguiram-se muitos anos de guerra, até restabelecermos a nossa soberania.
Percebemos então que teríamos outros caminhos, para encontrar riqueza e do Brasil veio o ouro que nos salvou
Esse ouro, voltou a paralisar-nos, pois esquecemos que tínhamos muito mais potencialidades para explorar.
Madrid vai ter finalmente o seu porto Atlântico.
Mas o problema moderno não é esse.
É que esse porto de Madrid, não vai servir os interesses portugueses e vai bloquear, toda uma estratégia nacional de desenvolvimento.
É um verdadeiro travão ao nosso desenvolvimento futuro.
Essa linha férrea vai ser construída com a bitola ibérica, mais larga que a europeia.
Por esse facto, todas as mercadorias portuguesas só poderão chegar até Madrid e para seguirem para a Europa têm de ser transferidas, o que torna o custo de transporte ferroviário muito mais caro.
O Transporte de mercadorias rodoviário, vai ser muito penalizado, pelos acordos ambientais.
No futuro, o transporte de mercadorias rodoviário vai ficar progressivamente mais caro do que o transporte ferroviário.
O que acontecerá, é que qualquer produto de exportação nacional, vai ser muito penalizado pelo custo do seu transporte.
Nenhuma empresa produtiva estrangeira, escolherá no futuro, Portugal para se instalar.
As empresas portuguesas exportadoras, que ainda subsistem, ficam condenadas.
O único mercado a que podem continuar a exportar, é o mercado espanhol.
Os argumentos em defesa desta incrível obra, são também uma enorme falácia.
O desenvolvimento do pólo de Sines e da cidade de Évora, através dos serviços.
Não é isso que está em causa, o que está em causa é que nenhum país pode sobreviver sem actividades produtivas e somente com serviços.
O novo Duque de Alba vai invadir-nos… A nova linha Sines - Madrid é o seu exército.
Esta obra é desnecessária, pois bastaria recuperar a actual linha férrea e adapta-la á bitola europeia. Seria muito mais barato e não seria bloqueador para Portugal.
Assumimos a derrota antecipada, porque não existe nenhum D. António Prior do Crato.
Não ficará entre nós por isso, nenhum gérmen de reacção.
Quantos anos de miséria iremos ser obrigados a passar, até percebermos que somos um país e que tem potencialidades e outros caminhos a prosseguir?
Todos estamos acomodados, perante esta miserável mentira política.
Esta invasão espanhola, esta cedência da nossa soberania futura, merecia a sublevação nacional.
Ela é inconcebível e já não por não ser apenas economicamente insustentável, mas por o ser também politicamente.
Portugal não merece governantes destes.
Portugal precisa urgentemente duma afirmação inequívoca dos portugueses, na defesa da sua dignidade e do seu futuro.
José J. Lima Monteiro Andrade

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